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OS FILHOS DE NINHURSAG-KI


como as fontes de poder tiveram origem

Mito que fala do nascimento dos grandes deuses e deusas, bem como dos guardiões das trevas, aqueles que ensinam através dos desafios mais difíceis. .

Ki, a Grande Montanha Cósmica, mal teve tempo para chorar pela falta de seu amado Anu, o deus do Firmamento, pois algo de extrema importância estava para acontecer:

"Breve, muito em breve, eu sei, a hora tão esperada, o momento sagrado do nascimento terá lugar," pensava sem cessar a grande deusa, "darei então à luz aos bebês divinos, os grandes deuses e deusas, filhos e filhas meus e de Anu, frutos do nosso grande amor. Ah, Anu, de onde estiveres, meu amor, zela por mim e por aqueles e aquelas que irão crescer sem por perto te ter!’

Para dar as boas-vindas aos pequenos deuses e deusas que iam nascer, Ki precisava de um lugar seguro, firme e puro à sua volta. Ela então voltou-se para Enlil, o jovem deus do Ar, seu primogênito e de Anu::

- Eu preciso de uma cabana para o nascimento de teus irmãos e irmãs, Enlil, uma montanha sagrada, o monte da Casa, onde àqueles e àquelas que farão a ligação entre os poderes do céu e da terra darei à luz. A estes bebês sagrados, teus irmãos e frutos de um grande profundo amor, chamarei Anunaki, pois todos terão, sem exceção, a essência minha e de Anu. Que este lugar sagrado seja por todos chamado de Duranki, a casa da base da terra e do céu, a câmara da criação do mundo, lugar dos mais puros pensamentos, integridade e discernimento. Enlil prontamente juntou com suas mãos todas as pedras que pôde encontrar. Ki cimentou-as numa forma firme, forte e segura, e dentro dela se refugiou. Lá dentro, no silêncio da terra, sem qualquer trabalho ou dor (1), nasceram os bebês de Anu e Ki. Ao vê-los, movendo-se no seu colo sagrado, um sentimento de maravilha e indizível alegria encheram a Terra Mãe:

- Eu dei à luz aos poderes que darão forma aos mundos, eu dei ã luz aos Guardiões e Guardiãs que protegerão a Terra! Eu dei à luz àqueles que darão alma a tudo o que existir em todos os mundos! Que este dia seja para sempre lembrado! Pois do meu útero sagrado, da Montanha da Criação, os Anunaki, os primeiros deuses e deusas, os heróis e heroínas da ordem e da civilização de mim nasceram para a guiar àqueles que depois deles virão!

Anu contemplou o grande mistério que teve lugar, e das Esferas Superiores, a voz do deus do Firmamento fez-se ouvir forte e serena em todos os mundos:

- Ki, adorado Corpo da Minha Alma, irmã sem igual, desejo do meu coração e esposa tão amada, muitos nomes ser-te-ão dados. Mas para mim, serás sempre Ninhursag, a grande deusa da Montanha Sagrada, minha mais cara Ninmah, a rainha por todos exaltada como melhor amiga e companheira pelos espaços onde vagueio. Serás tambem lembrada como Nintur, a deusa do Monte da Casa, a Cabana da Criação, e ninguém jamais poderá se comparar a ti, enquanto eu viver! Urash, senhora que faz tudo viver, Aruru, que teus nomes (2) sagrados sejam em mil canções e poemas exaltados! Senhora da Montanha Sagrada, sentido da aurora da minha vida, corpo da minha alma, minha é a voz, mas é a ti que canto por toda a criação! Grande rainha, fonte de toda magia e encanto, para sempre amada minha!

Pois foi assim então que os grandes deuses e deusas da Terra Entre os Rios passaram a existir. E foi assim também que os Filhos e Filhas da União Sagrada do Céu e da Terra, Anu e Ki, começaram a povoar os mundos e crescer em Diversidade, manifestando as belezas e poderes que a tudo conferem significado, essência e qualidade, assim revelando os tesouros da Terra e a grandeza das Alturas.

A maior parte dos filhos de Anu e Ninhursag-Ki eram lindos e perfeitos, a imagem do grande amor que os tinha gerado. Entretanto, uma dor e angústia maiores havia deixado sua marca em alguns dos bebês sagrados. Estes bebês marcados foram aqueles feridos no útero da grande Terra Mãe no momento terrível de perda e agonia que marcou a separação dela e de Anu. Tais bebês cresceram no sagrado ventre de Ninhursag-Ki marcados pela dor e perda, trazendo portanto bênçãos ambivalentes consigo e para o mundo. A experiência que tiveram de união e alegria foi-lhes breve demais, pois o que os alimentou e fez crescer foi a dor, a saudade de Ki por Anu. Dentro da Grande Mãe, eles sentiram Dor e Repressão, o contrário do que deve ser a Vida bem Vivida.

- Filhos da minha dor, Guardiões das Trevas, os Terríveis e Ferozes Professores de todas as Existência, assim é que serão conhecidos estes nossos filhos, declarou Ninhursag-Ki a Anu, ao ver os pequenos feios e disformes saírem aos prantos e gritos de dentro de si. Deles serão as Energias Sem Controle, eternamente lutando contra o Equilíbrio onde quer que forem.

De seu posto de sentinela, onde Enlil zelava pela Terra Mãe, fiel ao seu juramento de mantê-la sempre segura e protegida, o jovem deus do Ar ficou chocado com o que viu: irmãos irmãs deformados e feios, deixando a segurança e proteção da câmara sagrada da criação. De imediato, Enlil correu para Ninhursag-Ki.

- Mãe, está tudo bem contigo?

Os olhos de Ninhursag-Ki refletiam infinita tristeza.

- Estou imensamente triste, mas bem, Enlil.

- Mãe, o que está acontecendo? O que aflige meus novos irmãos e irmãs? São eles na verdade meus irmãos também?

Ninhursag soltou um profundo suspiro:

- Sim, Enlil, estes são também teus irmãos e irmãs, mas deixe-os seguir seu próprio destino. Indiretamente, foste tu, Enlil, quem causou o sofrimento destes probrezinhos ao me separar de teu pai para sempre. Portanto, eu te ordeno neste momento: deixe os guardiões das trevas em paz. Deles vai ser uma outra jornada. Infinitamente mais dura, eu receio.

A face de Enlil ficou sombria:

- Se fui eu quem indiretamente causou dano a estes irmãos e irmãs, cabe a mim procurar entendê-los e integrá-los a nós, então. Ah, mãe, este é um mundo novo, não podemos fazer tudo sozinhos! Como eu quero a companhia de irmãos e irmãs para povoar este mundo e fazer tudo crescer!

Porque Palavras da Criação estavam-se formando na mente curiosa de Enlil e elas estavam ganhando vida em cada pequeno deus e deusa que saíam para fora da câmara de nascimento do universo.

"Não importa como, vou tentar cativar os pequenos e pequenos deuses e deusas estranhos", pensou Enlil. " Mas como gostaria de entendê-los primeiro! "

A mente brilhante e lógica de Enlil não sabia aceitar o desconhecido, o bizarro, e esta era a essência dos guardiões das trevas.

Entretanto, Enlil jamais conseguiu realizar o seu intento. O mais velho, feroz e o maior dos guardiões das trevas, chamado Kur, afastou-se o mais que pôde da Montanha da Criação, de Ninhursag-Ki e de Enlil.

" Preciso dar o fora daqui", pensou Kur, " pessoas, laços, só causam dor eventualmente, mais dia, menos dia".

Kur olhou ao redor e viu que apesar de diferente, ele não era o único. Havia outros, não muitos, tão marcados quanto ele.

Ninhursag-Ki sentiu o recuo de Kur, e de imediato moveu-se na direção do filho tão marcado e sofrido, apesar dele deliberadamente tentar evitá-la e a Enlil.

- Kur, meu filho, não importam as diferenças exteriores que possam existir entre você, seus irmãos e os pequenos deuses e deusas da luz. Todos vocês vieram de mim, e eu amo a todos os meus filhos igualmente. A todos sempre irei receber no meu seio, a todos vou procurar entender. Filho da minha dor pela perda de uma grande paixão, faz como eu. Te refaz, e transforma o resto da tua vida uma nova aventura. Deixa o que foi para trás, abraça o presente para criar o futuro agora!

Por um momento muito intenso, mãe e filho fitaram-se nos olhos.

" Não nos deixe, " era a súplica silenciosa de Ninhursag-Ki, mas ela sabia, no fundo, que Kur já havia decidido partir. Tudo nele dizia não à ordem recém criada, à Terra que se abria aos caminhos da evolução. Portanto, quando a Grande Deusa falou, sua resposta foi ao mesmo tempo um brado de amor e renúncia:

- Filho da minha saudade, eu te aceito como és, e jamais te renegarei por outro na aparência mais perfeito. O mesmo sinto e farei pelos teus irmãos menos afortunados. Mas se mesmo assim todos vocês quiserem partir, deixando a segurança do Duranki, nada farei para impedí-los. Vocês já sofreram demais dentro de mim, não posso portanto obrigá-los a ficar comigo, como eu do fundo do meu coração teria querido. Onde quer que forem, porém, lembrem-se sempre que foram fruto de um grande amor, mesmo se depois a paixão foi transformada em infinita tristeza e dor. E que vocês todos conquistem seus destinos, seja onde for que este os levar, aqui e em outros lugares.

- Mãe, não posso ficar aqui! Este lugar é estranho e hostil para mim, e eu me sinto estranho e hostil nele, falou Kur em voz surda e contida. Eu jamais irei me sentir em casa aqui, que foi o lugar da dor para mim. E mais, porque se posso escolher, partir eu vou para outros lugares onde as diferenças não contarem. E se existir na face da terra alguém mais que pense e sinta como eu, que me siga e se junte a mim! Foi assim, desta forma que Kur deixou o Duranki, seguido por seus irmãos na dor. Longa foi a jornada deles na Terra-menina em formação. Eles atravessaram montanhas, desertos, florestas e mares, para finalmente se estabelecer nos confins do Mundo Físico, às portas do Mundo Subterrâneo. Lá, onde ninguém ainda tinha ido, no limiar da existência, Kur, se estabeleceu, e foram delimitados espaços para todos, territórios separados para aqueles que não queriam proximidade ou de outros o calor. Kur ergueu então sua voz num brado de vitória e afirmação de poder:

- Pai e mãe, eu tomo os confins da terra para meu domínio e de meus irmãos que me seguiram até aqui. E que seja sabido que desafiarei a tudo e a todos, lutando até o fim seja quem for que se atrever a se aventurar neste lugar!

Ao que os que seguiram Kur referendaram as palavras do irmão mais velho:

- Desafiaremos e lutaremos até o fim!

Da segurança do Duranki, do berço da criação, Enlil e Ninhursag ouviram o brado de Kur e de seus seguidores, os guardiões das trevas. De imediato, Enlil, cujos poderes haviam crescido enormemente, agora que era um deus adolescente, fez surgir uma barreira formada pelos mais fortes ventos, projetando-a para os confins do Mundo Físico. A voz do deus do ar soou clara e segura então em todos os mundos:

- Pelas asas do meu desejo, pelo meu poder e pela minha vontade, que deste momento em diante as forças do caos e energias não qualificadas sejam banidas para os confins de todos os mundos! E eu, o guardião da Terra Mãe e de tudo o que vive nela, farei o possível para manter a ordem e o equilíbrio, marcas de sucesso de uma nascente civilização! Renovo desta maneira meu comprometimento com a ordem e o equilíbrio em todos os níveis! Conflitos, não quero ou vou procurar, mas arrogo-me o direito de usar a Espada da Verdade e o Poder do Conhecimento para este mundo na ordem, na união e no progresso conservar!

Assim foi que Ninhursag-Ki, ao lado de Enlil, acompanhada das alturas por Anu, zelou pelo crescimento de seus filhos e filhas da luz, os Anunaki, os primeiros deuses e deusas daquela terra, e pelo Mundo Físico em crescimento e expansão. Os pequenos deuses e deusas cresceram felizes e livres, manifestando as riquezas da diversidade da vida, nutridos pelo leite da Terra Mãe. Lá longe, nos confins do mundo, também os guardiões das trevas cresceram, mas sem o companheirismo que existia entre os deuses e deusas da luz. Enquanto isto, a vida se manifestava numa miríade de formas, feitios e seres vivos de todos os tipos.

Ninhursag-Ki tudo viu e esforçou-se por entender. A grande Terra Mãe amava a todos os seus filhos, os das trevas, os da luz e todos os seres vivos, sem exceção.

- Kur e os outros precisam tanto de carinho como meus filhos e filhas da luz. Ah, como eu queria que eles se dessem conta desta verdade tão simples e evidente! Ela não se cansava de repetir para si mesma e para toda criação.

E foi numa destas vezes em que a grande Terra Mãe estava absorta em seus pensamentos, olhando como de costume as estrelas, que a forma humana do sagrado Touro dos Céus, Anu, o deus do Firmamento, seu primeiro amor, materializou-se na frente dela.

Mal podendo acreditar no que via, Ninhursag-Ki abriu e fechou os olhos algumas vezes, mas a visão sorridente não se esvaiu em poeira de luz.

- Sou eu mesmo, amada, falou Anu, estendendo os braços para ela.

E pelos instantes seguintes, parecia que nunca tinha havido qualquer dor, saudade ou separação.

- Mas como? Ela perguntou, feliz, mas querendo saber o porquê da inusitada visita.

- E’ mais simples do que pensas, querida! Sorriu Anu. Acompanhei teus movimentos pelos céus, e vi que levas 26.000 anos (3) para dares a volta pelo espaço, passeares pelas minhas estrelas. Daí, pensei na minha imagem como o Touro dos Céus, o poder masculino da terra de conceber, projetei-a no espaço e pela força do meu desejo, pude vir então até ti. Faz 26.000 anos que não nos tocamos, mas meus sentimentos não mudaram, pois é a ti somente quem amo com todo ardor. Tu e tu somente, que és o corpo da minha alma que vagueia pelo espaço, sonhando sempre com teu amor.

Eles se beijaram novamente com paixão.

- Vem, querido, ver esta terra morena, bonita e faceira que criamos juntos, Ninhursag convidou.

Juntos, eles foram a todos os lugares da Terra, para apreciar o trabalho da criação, se deslumbrar com os milagres da evolução.

- Incrível, não é mesmo? Tudo o que existe veio de mãe Namu e de nós dois, comentou Ninhursag para Anu, depois de terem visitado toda Terra adolescente.

- Das alturas onde vagueio, vi tudo acontecer, mas nada se compara com estar aqui, ouvir os ruídos e sentir os cheiros deste mundo novo e brejeiro.

Uma sombra fugidia passou pelo rosto de Ninhursag.

- Mas nem tudo que leva a nossa semente tem a forma e o jeito alegre da luz...

- Estás te referindo aos nossos filhos que são os guardiões das trevas? Perguntou Anu, com toda seriedade.

- Sim, respondeu Ninhursag simplesmente, com toda honestidade.

Anu abraçou Ninhursag por um longo momento.

- Não te culpes pelo que aconteceu, ele disse.

- Mas eu queria ter feito mais! Eles partiram, queriam viver isolados, e eu... deixei-os seguir seus destinos, ela falou, pela primeira vez admitindo toda a verdade e frustração frente aos Guardiões das Trevas. Ao mesmo tempo, Ninhursag estava surpresa e feliz por poder dividir suas dúvidas com um igual. O melhor dos iguais, pois Anu era o pai de seus filhos. De todos eles.

- Também eu quisera ter feito mais, adorada, admitiu Anu, com toda franqueza. Entretanto, quando agora olho tudo que começou a partir de Mãe Namu, e do nosso amor, este Mundo Físico que criamos, e que busca eternamente as alturas, não creio que fizemos um trabalho de todo mau. Mesmo considerando os guardiões das trevas, aqueles que nos ensinam pela dor, mas apenas se soubermos ver o sorriso além das lágrimas. Sabes por quê penso assim?

- Não, querido, por quê?

- Por causa do grande Mistério do qual fazemos parte, e que de uma certa forma sempre estará à frente de nós. Mesmo sendo deuses e deusas, os fachos de luz que iluminam e conferem sabedoria e fulgor a tudo o que existe, há um mistério que não podemos de todo dominar, só acompanhar e interferir de quando em vez.

Tomada de surpresa por um momento, Ninhursag prendeu a respiração. Os olhos pensativos de Anu prenderam os dela como no passado, tão iguais, tão presentes, como se nada tivesse ocorrido... como sempre? Ninhursag sorriu então, antecipando a resposta do amado, surpresa por não ter pensado no que ele agora estava com tanta simplicidade colocando.

- Creio que sei ao que te estás referindo, meu amor. Sim, realmente existe um grande mistério no qual pouco podemos interferir. E como eu precisava deste conhecimento!

Um beijo longo e molhado interrompeu Ninhursag.

- Já adivinhaste que Grande Mistério é este, então?

Um sorriso radiante iluminou a face da Terra Mãe:

- O nome deste Grande Mistério é Futuro, a roda que gira num eterno começo e retorno, e que será sempre construída conosco, mas passando por cima de nós, até o final dos tempos. Ah, como eu gostaria que os Guardiões das Trevas entendessem esta verdade!

Anu beijou longamente Ninhursag nos lábios e completou seus pensamentos:

- Lá, no passado, adorada, quando pensava no futuro, jamais perdi a fé e a esperança de te rever. Meu era o desejo de ver realizado o presente que me trouxe hoje até ti. O Futuro irá sempre guardar luminosidade e esperança, mas ele apenas irá acontecer para quem acreditar e fazer agora os sonhos que, se trabalhados, podem durar para sempre!

Notas:

(1) Esta é uma alusão ao fato de que deusas na Mesopotâmia parecem ter dado à luz sem sofrer qualquer dor ou trabalho. Ver Enki e Ninhursag, também neste site, para substanciar este princípio.

(2) Um dos aspectos fundamentais para entender a religião dos mesopotâmicos é que esta tem o caráter imanente, ou seja, o divino está manifesto no universo, nos poderes e obras da criação, ao invés de fora dele, ou transcendente. Exemplo: a palavra suméria para firmamento, anu, também significa o nome do deus do firmamento, o manto azul dos céus coberto de estrelas. Além deste aspecto, os nomes dos deuses e deusas neste contexto são muito importantes, pois eles também revelam os atributos e a essência da divindade. Daí o grande cuidado que tivemos ao longo deste trabalho em apresentar os diversos epítetos das divindades escolhidas para esta obra.

(3) Ao grego Hiparco é dado o crédito da descoberta da Precessão dos Equinócios no ano 200 Antes da Nossa Era, mas sabe-se que os babilônicos já tinham conhecimento deste fenômeno bem antes desta data. Otto Neugebauer (1957), o famoso historiador da ciência, enfatiza que Hiparco foi profundamente influenciado pela astronomia babilônica e que suas conclusões a respeito dos movimentos lunares foram derivadas dali. A Precessão dos Equinócios é o processo através do qual a terra se desloca no espaço ao longo de um período de aproximadamente 26.000 anos. Durante este período, o sol nasce a aproximadamente cada 2.000 anos no Equinócio da Primavera numa determinada constelação estelar. Isto quer dizer que ele atravessa todos os signos do Zodíaco desta forma ao longo destes 26.000 anos. Convém lembrar que pesquisas recentes reconstruindo o horóscopo babilônico mostram que havia um décimo terceiro signo, que ocorria de tempos em tempos, tal qual ano bissexto de nossos dias, e este era o signo da Divina Caçadora, ou Inana\Ishtar (Marshall, 1994). Este mito mostra o que pode ter acontecido no início da Idade de Touro, pois Touro dos Céus e Vaca da Terra eram dois epítetos de Anu e Ninhursag-Ki. Inscrições egípcias mostram que a Idade de Touro ocorreu aproximadamente de 4,000 a 2,000 Antes da Nossa Era. A Idade de Peixes marcou o início da Era Cristã, e agora nos aproximamos de uma nova Precessão dos Equinócios, com a chegada da chamada Era de Aquário.

 

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