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A VIDA


 

(Uma enquete profissional)

 

Para os humoristas, a Vida não passa de uma boa piada. (,,,) Mas, o que pensam as pessoas de outras profissões a respeito da Vida?

Depois de uma enquete, vamos ao resultado:

Para o alfaiate:

- A Vida só dá pano para manga. É a maior rasgação de seda que existe. Um dia tudo vai bem, no outro ela te bate o brim. Procurar um lugar ao sol é procurar uma agulha no palheiro. A Vida não dá camisa a ninguém, amigo. Te deixa com as calças na mão anos a fio e no fim ainda te abotoa o paletó.

Para o padeiro:

- Que Vida, meu chapa? Estou aqui, suando e comendo o pão que o diabo amassou e você vem me falar de Vida? A Vida me deu o bolo quando nasci brasileiro. Agora tenho que sustentar burro a pão-de-ló, lá em Brasília. E sem me queixar, senão levo bolacha na cara. A Vida não é biscoito, meu chapa.

Para o horticultor:

- Ah, a Vida... Um tal de descascar um abacaxi atrás do outro... Gente nos mandando às favas por culpa do intermediário... O ICM te espinafrando... A mulher, que antes era uma uva, uma pele de pêssego, agora tá feia e me manda plantar batatas todas as noites... Ah, a Vida... Já foi um chuchu, mas embananaram tudo...

Para o fiscal do Instituto de Pesos e Medidas:

- A Vida ficou ruim pra mais de metro. Nunca dá um quilo certo. Todo mundo sabe que ela tem dois pesos e duas medidas, como a Justiça. Pode?

Para o escritor:

- Se a Vida não escrevesse certo por linhas tortas, até que eu gostaria de falar bem dela. Ao pé da letra, a Vida não é mais que um rascunho, um esboço. Vida, vírgula! É sempre bem concebida e, depois, sempre mal acabada. Roteiros fracos. Mesmo assim eu desejaria uma reedição da Vida. Porque essa que estamos vivendo é apenas uma sinopse. E ponto final.

Para o consultor sentimental:

- Estou de coração partido com a Vida. Tenho a alma em pedaços. Meu orgulho está ferido...

Para o mestre-de-obras:

- A Vida faz o que dá na telha. Encosta todos contra a parede. Tira o chão debaixo dos teus pés. E entra areia, né?

(FRAGA. Punidos venceremos. POA, Tchê, 1984)