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Poemas e frases pessoais

"Pura é a Aventura que se mantém dura"

-- David Almeida

"Saudade é um momento em que o coração pára, sem no entanto parar.

É uma Brisa, é um vento, que voa para longe, sem no entanto se afastar."

-- David Almeida

Poemas

Bracara Augusta

“Oh! Bela cidade romana.

Oh! Bela cidade imperial.

Braga, cidade profana,

Domus do amor ideal.

Oh! Belas virgens vestais.

Oh! Bela urbe religiosa.

Cidade de amores tais,

Que justiça só em prosa.

Oh! Bela cidade Bracara.

Oh! Bela cidade Augusta.

Cidade que apenas pára,

Se a luta não é justa.

Oh! Cidade sem rio grande.

Oh! Cidade sem Mar.

Não quem há na cidade quem mande

Como a magia do velho altar.

Oh! Bela cidade clerical.

Oh! Bela verde fonte.

Tudo desde a sé Catedral,

Ao bom Jesus do monte.

Oh! Bela minhota.

Oh! Bela cidade calma.

De noite pura e marota,

De dia viva e com alma.

Oh! Bela cidade de vida.

Oh! Memória de estudante.

Apesar da partida,

Braga, serás minha amante!”

Setembro 2001

Amor Real

O amor não é a verdade.

É uma alienação do ser

Ao se abdicar da liberdade,

E ao sem luta, se deixar prender.

O amor é uma vaidade

Dos que tudo querem sem nada ter.

Antes sonhar à realidade.

Antes pensar que olhar e nada ver.

O amor com ninguém se padece.

É cruel e todos enfurece

E até os deuses insensíveis,..., sentem!

Mesmo quando amor esmorece,

Faz sempre sofrer quem não merece.

Até os que são felizes, ..., sofrem!

Fevereiro, 2000

Zarpar

Lá por terras distantes,

locais onde o belo também é frio.

Até o mais intrépido dos viajantes,

sente saudade, sente um vazio.

Já nada é como era d’antes,

quando “longe” era seguir o rio.

Agora enfrenta-se o dilema dos amantes...

Amar a pátria? Ou partir no navio?

Novembro de 1999

Fuga

A cada minuto do dia,

alguém nasce, alguém falece.

Evitar? Não sei se podia ...

A vida é uma única via.

E tal como uma flor que floresce,

se pudesse fugir,..., fugia!

Novembro de 1999

Romance do sol

O sol reflecte a sua luz

quando a lua diz que cresce, mas mente.

É por amar que este seduz,

uma estrela que nasce, que sente.

A lua se vai e se afasta,

ao longo da curta noite que passa.

A pouco e pouco se gasta,

a luz da quente e eterna massa.

O dia vem e a bela estrela parte.

O elo, a lua, também já lá não está.

O sol, alegre e triste como a arte,

não desiste, volta a tentar amanhã.

Outubro 1999

Setembro Nocturno

É triste ver o verão moribundo,

nos dias em que não morre, mas parece morrer!

É triste ver o inverno vagabundo,

nos dias em que não vive, nem deixa viver!

E é assim na loucura da rima,

que o homem faz por amar,

os outonos de baixo e os de cima,

que o fazem sorrir que o fazem chorar.

Setembro de 1997

Naturalmente é poeta...

Ser poeta é ser triste, é tentar ser quem não existe.

É respirar um olhar,

é viver de uma esperança,

e como quem beija, quem dança,

sozinho esperar seu par.

Ser poeta é ser fiel, é ser doce como o mel.

E sem saber, acreditar.

Ter na sua amada confiança.

E um amor jovem, ainda criança

que floresce para um dia voar.

Ser poeta é ser feliz, é nos olhos olhar a flor de lis.

É com realismo sonhar

com o cabelo solto da trança.

E a seguir à tempestade, sempre a bonança,

também no amor, como no mar.

Julho de 1996

Solo

Perdido no deserto da solidão,

morro de sede do esperado amor.

Sofro queimaduras de frustração,

vejo miragens de humano calor.

Certos dias, sou o omnipotente deus.

Outros porém, o mais reles dos ateus.

A pé, viajo na maldição

em busca de um oásis sem dor.

Procuro na imensidão

daquele inferno sem cor.

Enfrento Golias dos filisteus.

Meu nome é David, Rei dos Judeus.

1995

Encontrei o paraíso

Encontrei as portas do ‘eu’.

Um lugar onde o Juízo

É como o azul do céu.

Encontrei o tal piso

Encontrei aquele meu

Raro e especial riso

Que Baco prometeu

Mas não, não foi o vinho

Que trouxe a alegria

Nem o azevinho

Que o natal tanto queria.

Foi um lindo ninho

Com uma miuda vazia.

E o passarinho

‘Só amor’, dizia.

1995

O mais sábio dos homens

Não entendeu as mulheres

Perdeu todos seus bens

No estudo desses seres.

Rico em tempos ele foi.

Hoje descalço anda o pé.

Mas ele já não mói

Sobre quem realmente ela é.

Abastado ele é de novo,

agora que descobriu

que a mulher é um ovo

que sendo frágil, resistiu.

Sem nunca se ter partido.

Sem mostrar a gema que contém.

O homem não compreendido

Já nem sofre como convém.

1995

Sonho Negro

Quem me dera ser imperador

das terras gélidas do sonho e da verdade.

Ser um deus adorado e odiado.

Quem me dera ser o rei condor

e ter o prazer de voar com liberdade.

Quem me dera ser uma fonte,

vistosa e poderosa no centro de um jardim,

apreciado pelas jovens e verdes flores do prado.

Mas não! Não sou mais que um bisonte

que corre solitário no vermelho do cetim.

1994

A Filosofia é ...

A matemática do espirito.

A química do amor.

A contabilidade do rito.

Uma nega, uma dor.

O sermão do pai.

A felicidade do mito.

A irmã de Xangai.

O Porto, tenho dito.

1994

Bojador

Após a devoradora tempestade,

o arco íris do sonho renasceu

no real reino da vaidade.

O heróico marinheiro

aplausos e fama recebeu,

e das mulheres além do cheiro.

Lutou contra a natureza da vontade

de não superar a própria dor,

que é navegar com liberdade.

Não basta ser inteligente e guerreiro,

porque o terrivel bojador,

é mau, triste e matreiro.

1994

Acordo de quando em quando

No silêncio da noite

E fico na janela, olhando...

Perguntando fundo à lua:

“Estás ferida? Dói-te?

Vejo sangue e estás nua...”

“A traição estou manjando

da refeição principal

de um amor em que ando...

E eu nesta janela, na tua

do eleito a falar mal

ao público no meio da rua...”

1994