- Com três meses, a gravidez de MARIA já se fazia notar. De modo que chegando a Nazaré, seus pais, parentes e amigos, exultaram com a novidade, porque embora ainda estivesse "noiva" , no período chamado "Condução", a gravidez era considerada legal.
Entretanto, José não estava entendendo o que ocorria com sua noiva. Mesmo com íntegra formação religiosa, tendo plena convicção das virtudes de MARIA, ficou confuso e perturbado, afinal, como justificar aquele acontecimento?
MARIA, entretanto, apesar de compreender e perceber o drama de José, sentiu interiormente que não devia tomar a iniciativa de explicar o fato, preferiu silenciar, porque na verdade o ocorrido estava no domínio de DEUS e ninguém melhor do que ELE para encontrar o momento oportuno a fim de providenciar os necessários esclarecimentos. Simplesmente confiou e esperou.
Mas sem compreender e não encontrando explicações para a gravidez de sua noiva, "José seu esposo, sendo justo e não querendo difamá-la, resolveu repudiá-la em segredo". (Mt 1,19)
Contudo, enquanto assim se decidia, eis que em sonho um Anjo do SENHOR lhe disse: "José filho de Davi, não temas receber MARIA, tua mulher, pois o que nela foi gerado vêm do ESPÍRITO SANTO. Ela dará à luz um filho e tu o chamarás com o nome de JESUS, pois ELE salvará o seu povo dos seus pecados". (Mt 1,20-22)
Tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que o SENHOR havia dito pelo profeta: "Eis que a Virgem conceberá e dará luz um filho e o chamarão com o nome de Emanuel, que significa DEUS CONOSCO". (Is 7,14)
José ao despertar, agiu conforme o Anjo lhe ordenara, pois estava tranquilo, tinha recuperado totalmente o equilíbrio emocional, afastando para longe a tentação demoníaca que colocava a malícia em seu pensamento.
O CASAMENTO DE MARIA
- Cumprindo o último ato para o matrimônio perfeito, de acordo com os Santos desígnios de DEUS, com muitas festas foi celebrada as Bodas de José e MARIA.
Naquela época o Casamento era constituído de três partes: Desponsório (que era o Noivado), Condução (período intermediário) e as Bodas (Casamento propriamente dito).
No Desponsório era feito o Contrato de Casamento, que podia ser escrito ou oral. Em ambos os casos, na presença de testemunhas e quando também era combinado o que a noiva receberia de dote.
Entre os Esponsais (Noivado) e a Celebração das Bodas ou Núpcias, decorria um intervalo de tempo, que pela lei podia chegar até doze meses. Este período chamava-se Condução. Nele, os noivos viviam separados, mas podiam usar de direitos matrimoniais, pois o Contrato de Casamento outorgava posse no sentido estrito, e por isso, se chegassem a ter filhos neste período, a prole era considerada legítima.
No dia acertado para a Celebração das Bodas, o esposo ia a tarde, em traje de gala, acompanhado de amigos e músicos à casa da noiva. Formava-se então o cortejo, um espetáculo de grande pompa e júbilo. Enquanto grupos de virgens dançavam e entoavam epitalâmios, trazendo uma grinalda de flores numa das mãos e uma lâmpada acesa na outra, címbalos, tambores, pífaros e flautas, em estrondosa algazarra, convidava o povo à participar da mesma alegria. O clímax de todo Casamento era o banquete. Apenas os esposos entravam no seu domicílio, começava o Banquete Matrimonial que geralmente durava uma semana, e era sempre cenário de muita confraternização entre os participantes.
Por certo, assim também foi o Casamento de José e MARIA.
NASCIMENTO DE JESUS
Israel naquela época estava sob o domínio militar de Roma. César Augusto, Imperador Romano, decretou um édito ordenando o recenseamento em todos os territórios ocupados. Na terra dos judeus o recenseamento foi realizado sob a orientação do Governador da Síria, Públio Suplício Quirino, o qual determinou que cada pessoa era obrigada a se inscrever no posto militar instalado na cidade onde nasceu.
José que tinha nascido em Belém, viajou para lá com a esposa, para cumprir um dever cívico e atender a ordem emanada do poder romano, muito embora MARIA já se encontrasse no final da gravidez.
Por essa razão a viagem não foi em caravana, devem ter utilizado atalhos e caminhos secundários, para não transitarem pela estrada principal. Deve ter sido uma viagem calma, bem vagarosa, somente o casal utilizando burricos mansos, com diversas paradas e pernoites, em locais ermos onde não despertassem atenções.
Assim, com paciência e todas as dificuldades do percurso, venceram o trecho mais perigoso e repleto de riscos, entre Nazaré e Jerusalém, e logo seguiram para Belém, distante apenas 8 quilômetros.
Como não existia hotéis, a hospedagem era feita em casa de parentes e amigos, ou em cabanas de tecido, ou em grutas ou no "Khan" (Cão Palestinense). Este era um tipo de albergue onde abrigavam as caravanas e os viajantes, porque ali ficavam resguardados dos ladrões e bandidos. Sua construção era feita com pedras e argamassa e tinha o formato retangular, com muros bem altos e uma única porta. Encima dos muros existia duas ou três vigias, onde ficavam guardas armados.
Internamente junto ao muro havia uma cobertura em meia-água, de um tipo de lona, onde se abrigavam as pessoas. Os animais e as cargas ficavam ao ar livre, ocupando a parte central do Cão.
José e MARIA encontraram Belém com grande movimentação de pessoas, pois estavam nos últimos dias do recenseamento, por este motivo, não encontraram nenhum abrigo satisfatório, apesar de terem procurado as casas dos parentes e amigos. No Cão da cidade com certeza havia vaga, porque na realidade naqueles abrigos sempre tinha lugar para mais um ... Contudo, não era recomendável que ficassem, porque ali dormiam, comiam, bebiam, rezavam, discutiam, negociavam, brigavam, nasciam e morriam, todos juntos, gente de todos os níveis e costumes, amontoados no meio dos animais ao ar livre, ou embaixo da cobertura de pano. MARIA e José não iriam se instalar naquele ambiente e deixar que ali nascesse o MENINO-DEUS, no meio de tanta confusão, sob os olhares curiosos da multidão aglomerada. Por isso, preferiram uma gruta próxima, que as vezes servia de estrebaria. No seu silêncio e abandono, ainda representava um lugar mais digno e respeitoso.
Assim que chegaram, José munido de suas ferramentas, tratou de proteger convenientemente a sua moradia. MARIA depois que descansou, ajudou na limpeza do local.
"Enquanto lá estavam, completaram-se os dias para o parto e ela deu à luz o seu filho primogênito, envolveu-o com faixas e reclinou-o numa manjedoura, porque não havia um lugar para eles na estalagem". (Lc 2,6-7) Sim, porque na estalagem o lugar era por demais público para nascer o FILHO DE DEUS.
E assim, cumpria-se mais uma profecia sobre o nascimento de JESUS, o CRISTO SALVADOR: "E o Verbo se fez Homem e habitou entre nós". (Jo 1,14)
Terminada aquela movimentação de pessoas, por causa do recenseamento, a Sagrada Família mudou-se para uma pequena casa onde passaram a viver.