Instrumentos Musicais das origens ao século XVIII

O deus lunar egípcio Thot, que o Universo mediante o som de sua voz, passando um dia pelas margens do Nilo, ouviu uma estranha modulação, que provinha de um caniço que se dobrava ante a brisa da tarde.

Curioso, aproximou-se para ver de que se tratava e descobriu, com grande surpresa, uma carapaça vazia, de tartaruga, que trazia ainda presos a si nervos e tendões já ressequidos. O ar, ao filtrar por eles, fazia-os vibrar, produzindo um som agradável, O deus entusiasmou-se de tal forma pela descoberta que almejou construir um instrumento semelhante àquela casca de tartaruga. E assim, segundo uma lenda antiqüíssima, nasceu a lira modelo e a idéia dos primeiros instrumentos musicais.

A flauta nasceu dos sons que o vento fazia brotar, soprando forte na cavidade dos bambus. as mãos, ritmicamente batidas entre si, para acompanhamento no canto, forneceram, certamente, a idéia do primeiro, instrumento de percussão: o tambor; assim como os metais, percutidos pelos martelos durante o trabalho, emitiram vozes argentinas, que o Homem procurou imitar, nasceram os timbales.

Desde a Antigüidade, aparece, portanto, bem definida uma divisão lógica dos instrumentos em três categorias: de percussão, de sopro e de corda.

A música encantou o Homem, assim como a dança e o canto, desde os tempos mais remotos, foi, certamente, o primeiro indício de seus modos gentís e assinalou os primeiros passos rumo à cavidade.

A mitologia indica Mercúrio como inventor da "lira"e Apolo como construtor da "harpa"; a primeira a documentação vamos encontrar em um baixo-relevo sumeriano (os Sumerianos habitavam a Caldéia, e, depois de se haverem amalgamado com os Semitas, deram origem aos Babilônios, conservado no Louvre que remonta ao ano 4000 a. C. Ele nos mostra a figura de uma "citara" de bela feitura, tocada com ambas as mãos, de uma flauta direita, tocada por um pastor. Dos assírios e Babilônicos temos conservado muitíssimos documentos. que nos asseguram como entre eles a música já devia estar em grande desenvolvimento: harpas, cítaras, saltérios flautas duplas, trompas, tímpanos, estão muitas vezes representados em vários modelos e perfeitamente identificáveis. E forma para o Egito muitos de seus instrumentos, especialmente aqueles de percussão, que eram largamente empregados nas cerimônias religiosas.

A música alcançou maior desenvolvimento entre os Hebreus, na Palestina. Conta-se que o rei Davi, que amava infinitamente o canto., instituiu um coro de nada menos que 4000 cantores, instruídos por 288 maestros.

Hindus e Chineses conheceram e usaram tantos instrumentos diversos como talvez nenhum outro povo, Um dos mais antigos e que se tem notícia é o "pienking", um instrumento feito de 16 placas de pedra sonora, que eram percutidas com um martelo Os Hindus foram, depois os primeiros a possuir instrumentos de arco isto é, com cordas que não eram tangidas nem percutidas mas friccionadas com rudimentares pequenos arcos, de modo a obter-se sons mais delicados e mais finos.

é assaz provável que o remoto progenitor do violino tenha visto a luz na longínqua índia e tenha sido um dos milhares de instrumentos de corda lá usados o "ravanastron", uma flauta que se tocava em sentido oblíquo, porque a introdução do ar era feita por meio das narinas.

Os Gregos tinham preferência pelos instrumentos de som delicado e leve. Sua paixão pela música conduziu-os para uma cultura musical verdadeiramente notável para aqueles tempos tropas, cornos, tambores, timbales, eram usados unicamente durante festas particulares e nas Bacanais. Como arte musical real e própria eles se dedicaram ao estuda da lira e da flauta. A lira é um instrumento que relegam aos mais remotos tempos, e disso faz prova o fato de que a mitologia era ela se referia, atribuindo-lhe a invenção a Mercúrio. A princípio, ela não tinha sem\não cordas que, a seguir, aumentaram para 12 e mesmo 18.

Semelhante mas diferente pelas dimensões, era a "cítara", bem maior, mais rica de cordas e por isso bem mais complicada de tocar; e também a "megadis", uma espécie de harpa, cuja invenção foi atribuída à poetisa Safo, mas que provavelmente, deve ter sido importada da ásia. 

Quanto às flautas, os Gregos usavam-nas de vários tipos e formas: simples, duplas, curtas e longas.

A flauta era tocada especialmente pelos pastores e era considerada do agrado de Pã, o deus dos bosques. De um tipo especial de flauta, a "seringa", atribuiu-se a idéia primordial do órgão: este, de fato era constituído por uma série de canudos embutidos, em uma caixa, nos quais o ar era introduzido por meio de um fole.

"Grécia capra ferum victorem coepit" e, na verdade os Romanos, povo militarmente já forte, mas ainda rude e de costumes severos, tudo assimilou no campo musical. do povo grego, a quem acabara de submeter. Importou-lhe os instrumentos, imitou-os, dando, porém preferência (certamente pela diferença de temperamento) Ã queles mais ruidosos , especialmente as trompas delas tornaram-se próprias dos Romanos, como a "tuba"e a "buzina, usadas nas batalhas, nas festas,nas cerimônias públicas.

Os romanos apaixonaram-se também pelo uso da Lira, da Cítara, a música recebeu o máximo impulso nas cortes dos Imperadores, que gostavam de ter junto de si os melhores músicos, não só os romanos mas também províncias aonde chegara a águia romana.

Nos albores da Idade Média, vamos encontrar muitos instrumentos antigos, que continuam a sobreviver, e outros novos, que começam a aparecer. Também estes últimos devem considera-se como o fruto de sucessivas modificações e aperfeiçoamentos de outros antigos, embora nos seja praticamente impossível descobrir suas vicissitudes.

Estamos na época dos "trovadores", a época romântica dos menestréis, das canções repletas de heróicas e meigas aventuras entremeadas de espontânea veia poética, cantadas e contadas pelos "cantastórie", que vagavam de castelo em castelo de região em região. Eles acompanhavam-se principalmente, com três instrumentos de corda: "rabeca", "giga", e "viola". A "rabeca", de origem árabe, chegou à Europa através da Espanha. Era formada por duas tábuas harmônicas superpostas e unidas no meio de faixas e tinha três cordas. Pelo seu formato, muito semelhante à quele do atual violino muitos a consideravam como origem deste instrumento. Ela teve seu período de máximo esplendor no século XVI, depois do que superada por outros instrumentos, foi caindo aos poços em desuso e acabou desaparecendo.

A "giga"era uma caixa harmônica do tipo daquelas usadas hoje para os bandolins e tinha 3 ou 4 cordas que deviam ser tocadas com arco.

a "viola"- de cuja existência já se tem seguras vestígios entre os Gregos e os Romanos, que a chamavam "vidula" - aparece muito difundida no século XIII e, através de múltiplas modificações, chegou até nós. Durante este seu contínuo aperfeiçoamento, deu origem a uma inteira família de instrumentos. E, assim, tivemos a "viola de amor", a "viola de braço" e a "viola de perna" (segundo a posição em que se tocava), a htmuiviola, o violão, etc., instrumentos quanto a forma e ao número de cordas.

Uma viola muito pequena foi denominada "pochette", justamente porque podia caber em um bolso e era muito usada pelos mestres de baile. Era dessa espécie um instrumento muito comum na Idade Média, e podem ainda ser considerados suas diretas derivações o violoncelo e o contrabaixo ( bem maiores do que o modelo de origem) e o violino.

Muito semelhante, mas pertencente aquela classe de instrumentos denominados "de rosa"m é a "vielle", chamada, em italiano, "gironda'(sanfona). Ela era tocada girando-se uma manivela, à qual estava preso um fio que, passando e repassando sobre as cordas, funcionava como um arco. A "sanfona" foi, por algum tempo, o instrumento mais tocado nas famílias aristocráticas existe ainda hoje e pode ser encontrada nos vales da Sabóia, em mãos de músicos errantes.

O mais célebre dos instrumentos usados na idade Média foi o alaúde: de origem provavelmente Hindu, que apareceu na Europa ao tempo das Cruzadas.

A princípio, era de pequenas dimensões, com 4 cordas acasaladas, depois se foi tornando sempre maior e aumentou até onze, Era um instrumento de fraca sonoridade, e foi esta provavelmente, uma das causas por que desapareceu na idade moderna, cedendo lugar ao bandolim. No século XV, todavia,era considerado um instrumento perfeito e não havia compositor que não escrevesse música para alaúde, seja no gênero sacro seja no profano.

Sua literatura musical foi das mais ricas, e dos acordes e do tanger do Alaúde nasceu aquela "escala temperada", que Wackmeister e o grandíssimo Bach aplicaram ao cravo. Foi ainda a música para Alaúde que deu origem à música instrumental o "Procurar" e a "Fantasia" transformaram-se em "Prelúdio", "Tocata", "Canção para tocar"e, finalmente, na "Sonata: . Também as bases da moderna orquestra devem ser atribuídas aos medievais quartetos de Alaúdes.

A evolução dos instrumentos musicais, na Idade Média, pode, pois, assim resumir-se: apareceu os instrumentos de arco, até então ignorados, pelo menos na Europa (Rebeca, Giga, Viola), difunde-se o uso dos instrumentos de corda tocados a manivela (Vielle), desenvolve-se o estudo dos instrumentos de tanger (Alaúde), tem início, enfim, a época dos instrumentos de teclado, que conduziriam à invenção do piano. Abriu-se, assim, a era dos maiores musicistas que a Humanidade já teve, homem\ns que sabiam extrair dos instrumentos a ele confiados harmonias de um requinte artístico realmente soberbo. Com o predomínio do Violino do Piano, a história dos instrumentos musicais passou para uma etapa decisiva. Formaram-se as grandes orquestras, para música sinfônica com o auxílio de novos e característicos instrumentos.

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