Tropa de osso	(Humberto G. Zanatta/Luiz Carlos Borges)
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De vez em quando no horizonte no passado
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surge uma nuvem de lembranças andarilhas
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vai repontando para dentro do meu peito
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a minha infância com seus ossos em tropilha
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tinha mangueira com banheiro bem cuidado
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tinha piquetes e um campo onde invernava
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a minha tropa era de puro pedigree
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toda de ossos descarnados que campeava
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[Gado de osso que foi parte do meu mundo
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carro de lomba e trator de corticeira
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(o meu bodoque e o banho no açude
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foram na infância minha vida verdadeira)]
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Tropa de osso quem não teve quando piá
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ou não foi piá, ou não viveu como nós outros
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como era lindo a gurizada se entretendo
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com os ossitos que eram bois, ovelhas, potros
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noutras andanças topo às vezes dos meus sonhos
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por um estreito corredor feito esperança
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Algumas vezes sou tropeiro, outras sou tropa
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mas sempre guardo os bois de osso na lembrança

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