Acidentes e complicações da anestesia local
Acidentes de ordem local.
Melhor maneira de lidar com os acidentes e complicações é prevenir sua ocorrência.
Conceito:
É o resultado esperado após a inserção da agulha e injeção anestésica é a abolição da sensação dolorosa na área inervada pelos nervos atingidos.
Conceito:
não dever haver efeitos colaterais devido a inserção da agulha ou solução anestésica. "e qualquer desvio do padrão normal esperado durante ou após a obtenção de anestesia local."
Medidas preventivas gerais:
- Conhecer a droga a injetar.
- Usar soluções com vasoconstritores.
- Observar as condições do tubete anestésico.
- Selecionar a agulha.
- Evitar a injeção intravascular (seringa com aspiração).
- Evitar doses excessivas do anestésico (sobredose).
- Injetar solução lentamente (1ml/min).
- Respeitar as limitações da anestesia local.
- Observar as referencias anatômicas.
- Ter equipamento e material auxiliar disposição (torpedo de oxigênio, seringas e medicamentos e instrumental, para urgências.
Classificação:
Quanto ao tipo:
- Primárias ou secundárias.
- Leves ou intensas.
- Transitórias ou permanentes.
Quanto ao tipo:
- Primários: aquele que causado e se manifesta durante a aplicação da anestesia.
- Secundários: aquele que se manifesta mais tarde, mesmo que tenha sido causado no momento da anestesia.
- Brandas ou leves:
- Aquela que revela um ligeiro desvio do padrão normal esperado, sendo reversível, independente de qualquer tratamento.
- Intensa: esta se manifesta por meio de um desvio acentuado do normal e exige um plano decisivo de tratamento.
- Transitórias: aquela que mesmo sendo intensa no momento de sua ocorrência não deixa seqüelas.
- Permanentes: esta mesmo que seja de natureza branda deixa sequelas residuais.
Quanto a etiologia:
1)-Atribuídas a solução anestésica.
2)-Resultantes da inserção da agulha.
1)Atribuídas às soluções anestésicas:
01-Toxicidade.
02-Idiossincrasia.
03-Alergia.
04-Reações anafilactoides.
Reações: sistêmicas.
05-Infecções causadas por soluções contaminadas.
06-Irritações localizada ou reações teciduais causadas pela solução.
Reações: locais.
2)Resultantes da inserção da agulha:
01-Lipotimia (ou sincope vaso depressora).
02-Dor ou hiperalgesia.
03-Edema.
04-Infecções.
05-Anestesia prolongada (fora de relação com a solução anestésica).
06-Trismo.
07-Hematoma ou equimose.
08-Fratura de agulha.
09-Sintomas neurológicos atípicos.
Obs: Estas também obedecem a mesma classificação de primárias e secundárias, brandas ou intensas e transitórias ou permanentes.
Quanto aos efeitos colaterais:
- De ordem local.
- De ordem geral.
EFEITOS COLATERAIS DE ORDEM LOCAL:
01-DOR.
02-TRISMO.
03-ANESTESIA PROLONGADA.
04-EQUIMOSE.
05-ÚLCERA DOS LÁBIOS.
06-ESCARA.
07-PARALISIA FACIAL.
08-ISQUEMIA FACIAL.
09-INFECÇÃO.
10-CEGUEIRA TEMPORÁRIA.
11-ENTRECRUZAMENTO DO OLHO.
12-FRATURA DE AGULHA.
01-DOR
A) Etiologia:
Agulha com bisel em mau estado.
Injeção muito rápida.
Grande volume de solução anestésica.
Grande número de inserções de agulha.
Agulha não esterilizada.
Solução contaminada.
Falta de anti-sepsia no local da injeção.
Solução anestésica deteriorada.
Injeção em músculo.
Solução anestésica não isotônica.
B) Sinais e sintomas:
C) Tratamento:
- Analgésicos.
- Agentes antibacterianos, em caso de infecções.
D) Prevenção:
- Usar anestésico tópico.
- Empregar agulha nova e afiada.
- Injetar 1 ml de solução anestésica por minuto.
- Na anestesia palatina, usar pequeno volume de anestésico.
- Usar soluções em temperatura aproximada corporal.
- Evitar punções múltiplas da agulha no mesmo local.
- Evitar infecções (assepsia e anti-sepsia).
- Usar soluções em boas condições de conservação.
- Executar a injeção de forma tecnicamente correta.
02-TRISMO
A) Etiologia:
- Traumatismo muscular.
- Solução irritante.
- Hemorragia.
- Infeção brandas.
B) Sinais e sintomas:
- Dificuldade de abrir a boca.
- Dor.
C) Tratamento:
- Na maioria dos casos não exige tratamento.
- Quando causada por traumatismo exercícios leves (abertura de boca) e analgésicos.
- Frente a hemorragia, bochechos emolientes.
- Agentes antibacterianos em caso de infecção.
D) Prevenção:
- Usar agulhas novas e afiadas.
- Evitar injeções intramusculares.
- Evitar injeções repetidas.
- Usar agulhas estéreis.
- Anti-sepsia prévia.
03-ANESTESIA PROLONGADA
A) Etiologia:
Contaminação da solução anestésica por álcool ou outros agentes desinfetantes.
Hemorragias na bainha do nervo.
Pequenas injúrias ao nervo causadas pela agulha.
B) Sinais e sintomas:
C) Tratamento:
- Massagem no local da injeção.
- Aplicação de calor úmido ou seco.
D) Prevenção:
- Enxaguar tubetes em água destilada, antes de seu uso.
4-EQUIMOSE
A) Etiologia:
Técnica incorreta, provocando abertura de vasos sangüíneos.
Manifestação de problemas envolvendo fatores de coagulação e ou sangramento.
B) Sinais e sintomas:
Mancha roxa cutânea ou mucosa.
C) Tratamento:
- Resolve-se com o tempo (alguns dias). A mancha torna-se esverdeada; vai se tornando amarelada e finalmente, desaparece.
- Para apressar a resolução, aplicação de calor úmido ou seco.
- Medicamentos:
- Enzimas fibrinolíticas ( varidase; 1 comp. 4 vezes ao dia.
- Homeopatia: arnica d3: 10 gotas, 5 vezes ao dia, durante uma semana).
D) Prevenção:
- Técnica anestesiológica correta.
- Correção dos desvios da coagulação e do sangramento.
- Verificar a aspiração positiva.
05-ÚLCERA DOS LÁBIOS
A) Etiologia:
Traumatismo.
Geralmente causado pelos dentes, quando o paciente busca verificar os efeitos da anestesia após bloqueio do nervo alveolar inferior, mentoniano ou labial superior.
B) Sinais e sintomas:
- Lesões ulceradas da mucosa bucal, que podem se infectar secundariamente.
C) Tratamento:
- Proteção da área ulcerada com pomada anestésica, Oncilon-a (orabase) ou vaselina sólida.
- Associar anti-sépticos, se houver infecção.
D) Prevenção:
Orientar o paciente e/ou acompanhante, em especial no caso de crianças para evitar mordeduras para se verificar o efeito da anestesia ou mesmo o traumatismo acidental durante a mastigação.
06-ESCARA:
A) Etiologia:
Grande volume de solução anestésica injetada na mesma área. Repetições da inserção da agulha no mesmo local. Soluções muito ácidas e não isotônicas.
B) Sinais e sintomas:
- Descamação epitelial na área de inserção da agulha. Sensação de queimadura, dor e possibilidade de infecção secundária.
C) Tratamento:
- Aplicação tópica de pomadas anestésicas, Oncilon-a (orabase) e vaselina sólida. Bochechos anti-sépticos.
D) Prevenção:
Não injetar mais de 0,5 ml de solução anestésica na mesma área. Especialmente se o vasoconstrictor for levoford ou a norepinefrina.
D) Prevenção:
- Ocorre com mais freqüência nas regiões que oferecem maior dificuldade para difusão da solução, como a fibromucosa palatina.
07) PARALISIA FACIAL:
A) Etiologia:
Técnica incorreta de anestesia do nervo alveolar inferior: bloqueio do nervo facial, atingindo a parótida, após ultrapassar a borda posterior do ramo ascendente da mandíbula.
B) Sinais e sintomas:
- Queda das pálpebras, com incapacidade de oclusão ocular;
- Projeção do globo ocular para cima ou para baixo;
- Queda ou desvio do lábio.
- Não são percebidas pelo paciente, embora possam ser alarmantes para o profissional despreparado para essa ocorrência.
C) Tratamento:
- Não requer. Cessa após a degradação da solução anestésica.
D) Prevenção:
Técnica anestesiológica correta. Na anestesia do nervo alveolar inferior, não injetar a solução anestésica se não sentir o contato da agulha com o osso mandibular.
08-ISQUEMIA FACIAL:
A) Etiologia:
Solução anestésica depositada no tecido celular subcutâneo ou injeção atingindo vasos faciais.
B) Sinais e sintomas:
- Intensa palidez facial e eventuais sinais e sintomas gerais de sobredose anestésica.
C) Tratamento:
- Para o caso de solução depositada no tecido celular subcutâneo não há necessidade de medidas terapêuticas. Cessa com a absorção da solução, que pode ser apressada pela aplicação de calor.
- No caso de injeção intravascular, agir de acordo com a intensidade dos efeitos. Veja a parte de efeitos tóxicos.
D) Prevenção:
- Técnica anestesiológica correta e usar seringa com aspiração.
09-INFECÇÃO:
A) Etiologia:
Falha na obtenção de esterilização e desinfecção do instrumental para anestesia. Ausência ou descuidos na anti-sepsia do operador e do paciente. Passagem da agulha por áreas infectadas.
B) Sinais e sintomas:
- Dor.
- Hipertermia.
- Formação de abscessos.
C) Tratamento:
- Antibioticoterapia, analgésicos e anti-inflamatórios.
- Fisioterapia.
- Cirúrgico, se necessário, para drenagem de abscessos.
D) Prevenção:
- Esterilização do instrumental,
- Desinfecção do material
- Anti-sepsia do operador e do paciente.
- Evitar áreas infectadas.
10) CEGUEIRA TEMPORÁRIA
A) Etiologia:
Injeção com grande pressão na fossa ptérigo-maxilar, facilitando a penetração da solução anestésica pela fissura orbital inferior que, assim atinge o nervo óptico.
B) Sinais e sintomas:
- Perda da visão do lado afetado.
C) Tratamento:
Acalmar o paciente, transmitindo-lhe segurança, que o sintoma irá cessar com o término da anestesia, sem nenhuma conseqüência.
D) Prevenção:
- Observar a velocidade correta de injeção anestésica (1 ml/min).
11) ENTRECRUZAMENTO DO OLHO
A) Etiologia:
Excesso de pressão na injeção ou da solução anestésica na fossa pterigo-maxilar, atingindo um ou mais músculos intrínsecos do olho. O músculo reto lateral do olho é o mais freqüentemente atingido.
B) Sinais e sintomas:
Embora a visão possa permanecer normal, o paciente apresenta estrabismo convergente ou divergente. O primeiro caso, onde a pupila tende a aproximar-se do nariz, tem sido o mais referido.
C) Tratamento:
- Não é necessário. O transtorno cessa com a metabolização da solução anestésica.
D) Prevenção:
- Técnica anestesiológica correta.
12-FRATURA DE AGULHA:
A) Etiologia:
Agulha defeituosa, em más condições (muito usada, desentortada).
Agulha capilar.
Agulha de comprimento inadequado.
Movimento brusco do paciente e/ou operador.
Técnica anestesiológica incorreta.
B) Sinais e sintomas:
- Ausência de parte da agulha, quando da retirada da mesma.
C) Tratamento:
Manter o fragmento sob controle. Somente fazer tentativa de remoção quando indicada e obedecendo preceitos científicos, conhecimentos anatômicos, radiográficos e cirúrgicos.
D) Prevenção:
- Usar agulha longa, descartável e nova, de calibre médio, nos bloqueios.
- Não introduzi-la totalmente (no máximo 2/3 de seu comprimento).