PRINCÍPIOS DA ASSEPSIA
Os conceitos de limpeza pessoal e sanitarismo público foram inseridas nesse século na cultura das sociedades civilizadas modernas, diferentemente dos séculos anteriores, onde a importância das medidas de higiene para o controle das doenças infecciosas não era amplamente compreendida.
Semmelweis, Kock, Pasteur e Lister trouxeram com seus trabalhos, luz, sobre a idéia de assepsia de forma que, hoje, o uso de técnicas assépticas é praticamente instintivo.
Semmelweis e O W Holmes – observaram que a febre puerperal espalhava-se da parturiente infectada para a não infectada através dos protetores obstétricos de seus médicos.
O simples ato da lavagem das mãos entre os atendimentos aos pacientes reduziu muito a infecção puerperal, pelo fato de diminuir o número de bactérias virulentas introduzidas na ferida.
Poucos anos depois Pasteur desenvolveu a teoria bacteriana da doença cujo conceito foi fundamental para a compreensão do processo de infecção das feridas.
Lister alcançou o significado do trabalho de Pasteur e começou a desenvolver uma técnica cirúrgica asséptica.
A Cirurgia Oral, embora seja restrita ao terço inferior da face, é regida pelos mesmos princípios da Cirurgia Geral.
Embora seja praticamente impossível uma cirurgia asséptica (devido ao pequeno espaço e pela contaminação do campo operatório), isto não diminui a responsabilidade e a necessidade de instituição de métodos convenientes de antissepsia intra e extra-oral previamente á sua realização.
A instituição de técnicas corretas de Assepsia ou de Anti-sepsia e de esterilização é de fundamental importância na determinação de prognóstico favorável após procedimentos cirúrgicos.
Hoje devemos aprender a praticar técnicas que limitem a disseminação da contaminação; principalmente porque:
A Cirurgia Moderna está alicerçada nos princípios de Assepsia e de técnica cirúrgica.
Graziani (1.987), relata que a meta fundamental do cirurgião moderno deve ser:
Esterilização: Pode ser definida como qualquer processo que destrói completamente todas as formas microbianas de vida (bactérias, esporos, fungos e vírus).
Desinfecção: É quando substâncias químicas em estado líquido são usados para destruir bactérias patogênicas sobre superfícies inanimadas, tais como: assoalhos, mobiliário e paredes.
Anti-Sepsia: É quando substâncias químicas são usadas para destruir bactérias patogênicas sobre superfícies animadas tais como: a pele.
Finalidades da Anti-Sepsia Pré-Operatória e da Esterilização Cirúrgica.
Principais vias possíveis de contaminação e/ou infecções cruzadas em Consultório Odontológico:
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PACIENTE |
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A infecção cruzada no consultório odontológico pode ocorrer a partir de partículas de aerosol.
Tem sido dada atenção especial á Hepatite B e á A. I. D. S., embora diversas doenças infecto contagiosas possam ser transmitidas no consultório.
A Hepatite B é considerada uma doença ocupacional, onde trabalhos evidenciaram um maior risco entre os profissionais de saúde.
Ex: A incidência em Cirurgiões Dentistas situa-se em torno de 13% enquanto que entre a população geral está em torno de 4%.
Bacteremia e Procedimentos Odontológicos:
Admite-se que praticamente em 100% dos casos de manipulação interna de tecidos ocorra bacteremias.
Bacteremia e Febre Reumática:
Aspectos a serem observados previamente ao procedimento cirúrgico:
Esterilização do Instrumental e do Material Cirúrgico.
Esterilização é um fenômeno absoluto que implica na inativação total de todos os microrganismos.
A escolha do método mais adequado de esterilização dependerá da natureza do material a ser empregado da eficiência do método, assim como do seu custo.
Desde que possível deve ser empregado o calor úmido sob, pressão (Auto Clave, e como alternativa o Forno de Pasteur.
Calor úmido sob, pressão: (Auto Clave)
Para sua utilização é recomendada a pressão de 1 atm a uma temperatura de 121oC, durante 20 minutos.
Os instrumentos podem ser empacotados em papel, tecido ou recipientes específicos, e o aparelho não deve ser sobrecarregado com material.
Esterilização por calor seco: (Forno de Pasteur)
O emprego do forno de calor seco está limitado a esterilização daqueles objetos que não podem resistir a ação corrosiva do vapor ou a situações que o contato direto com o vapor saturado, em toda superfície do mesmo, não é prática ou inatingível.
Condições padrões de esterilização: 170º C durante 90 minutos ou 160º C por 120 minutos. Acima de 180oC não são recomendadas pela possibilidade de causar alterações nas ligas metálicas, principalmente nos pontos de solda.
Os Processos Químicos devem, a rigor ser empregados somente com a finalidade de desinfecção.
O tempo de 30 minutos quando se utiliza os meios químicos, promove apenas a desinfecção do material e/ou instrumental e não a sua esterilização.
Preparo do Operador e de seus Auxiliares
Para Cirurgia Oral Menor realizada em consultório:
TÉCNICA
Enxaguar mão e antebraços até os cotovelos.
Se necessário limpar as unhas com palito.
Escovar as mãos e antebraços por um período de 3 a 5 minutos, com sabão de coco e solução degermante.
Enxaguar novamente mãos e antebraços abundantemente com água corrente.
Enxugar as mãos e antebraços com guardanapos esterilizados apropriados.
Em caso de emprego de luvas estéreis, calça-las de maneira asséptica.
Em casos de luvas não esterilizadas, calça-las, umidecê-las passando em água corrente, aplicar a solução degermante sobre elas e esfregá-las por 3 a 5 min.
Enxugar as luvas com guardanapo estéril apropriado colocado sobre a mesa auxiliar.
Preparo do Paciente
Anti-Sepsia do Paciente
Plano A
Colocar o campo protetor estéril sobre a cabeça.
Intra Oral: Bochecho com cloreto de cetilpiridíneo a 50%.
A limpeza de todas as faces dentais, mucosa bucal, sulco gengival e dorso da língua com cotonete embebido em peróxido de hidrogênio a 10 volumes, removendo cuidadosamente toda matéria orgânica depositada nestas superfícies.
Bochecho com cloreto de cetilpiridíneo a 50%.
Extra-Oral: Com gaze estéril embebida em antiséptico (Sterylderm ou similar), fazer a anti-sepsia enxtra oral das regiões masseterinas, geniana e molar.
Colocar campo estéril (protetor) sobre a região peitoral.
PLANO B
Colocar o campo protetor estéril sobre a cabeça
Remover o cálculo dental.
Fazer profilaxia (taça de borracha e pedra pomes ou pelo sistema prófi).
Promover o selamento provisório das cavidades cariosas existentes.
Seguir os demais itens do Plano A
Anti-Sepsia empregada nos curativos Pós – Operatório.
I - Sem a Retirada da Sutura
II – Com a Retirada da Sutura
PREPARO DA MESA CIRÚRGICA
Os campos cirúrgicos (estéreis), devem ser dispostos sobre a mesa cirúrgica, e sobre eles são distribuídos os instrumentos cirúrgicos e demais materiais necessários (fio de sutura, gaze, anestésico, lâmina de bisturi, soro fisiológico, etc), á realização da intervenção cirúrgica.
Destino do Material e do Instrumental Contaminado.
Todo instrumental contaminado, deve ser desinfetado antes de ser lavado.
O Profissional ou o Auxiliar com as mãos enluvadas, deve colocar todo o instrumental utilizado em um recipiente contendo glutaraldeído a 2% ou hipoclorito de sódio a 1%, onde devem permanecer no mínimo por 30 minutos. Após este tempo, eles serão lavados para serem novamente esterelizados.
Os instrumentos cortantes a serem descartados (agulhas de anestesia, lâminas de bistuti, agulhas de sutura) deverão ser colocadas em um recipiente de paredes duras imersas em hipoclorito de sódio a 1%.
Todo material contaminado, juntamente com o instrumental a ser descartado, devem ser colocados em um saco plástico apropriado, contendo em seu interior, Hipoclorito de sódio 5% (em uma gaze); Rotulado: contaminado e deve ser incinerado.
Limpeza e Desinfecção do Consultório
A limpeza do consultório deve ser realizada no intervalo dos pacientes e no final do dia.
A mesa auxiliar, pontas, cuspideira, haste do refletor, cadeira, devem ser limpos empregando-se um desinfetante como o hipoclorito de sódio a 1%, após cada atendimento.
Toda mancha de saliva ou sangue devem ser imediatamente limpos com hipoclorito de sódio a 1%.
A limpeza do piso deve ser realizada com panos úmidos embebido com solução desinfetantes. Nunca com panos secos ou com vassoura, para evitar suspensão de partículas contaminadas. (Ferraz, 1.982).
O ambiente após o atendimento a um paciente portador de doença infectocontagiosa deve ser desinfectado para ser novamente utilizado, e sempre que possível em final de expediente, para que o consultório fique fechado por pelo menos 12 hs, facilitando a desinfecção. Esta é realizados por meio de nebulização de germicidas no ar. (Ex: formol).