PROCESSOS INFECCIOSOS
TRATAMENTO
Pode ser fundamentado em três tipos de ações, geralmente empregadas conjuntamente: Fisioterápico, Farmacológico e Cirúrgico.
Fisioterápico: destina-se a incrementar a resistência do paciente, e, dentre essas medidas, destaccam-se:
Farmacológico: é realizado a base de drogas, e fundamenta-se no uso de analgésicos, complementos dietéticos e antibióticos. Os antibióticos devem ser usados com prudência na clínica odontológica.
A terapêutica antibiótica deve obedecer a critérios lógicos muito bem estabelecidos:
Cirúrgico: compreende a drenagem da coleção purulenta que se apresenta circunscrita, por uma barreira defensiva de linfócitos e de tecido conjuntivo jovem.
A drenagem é realizada no "ponto de flutuação", que forma-se quando o abscesso está sendo considerado amadurecido, e é o ponto em que a coleção purulenta está mais próxima da superfície externa dos tecidos. O abscesso deve ser drenado cirurgicamente pois se o fizer espontaneamente haverá a formação de uma fistula. Drenado o conteúdo purulento, o sintomas tendem à abrandar-se pela diminuição da pressão interna exercida sobre os tecidos vivos.
A eliminação do foco de infecção inicial aliada à drenagem do abscesso formado, acaba por restituir os tecidos à sua normalidade. Enquanto o tratamento do abscesso geralmente solicita uma atitude terapêutica cirúrgica, a celulite é tratada pela administração de antibióticos e remoção da causa da infecção.
ABSCESSO PERIAPICAL
FASES Inicial Em evolução Evoluída
Abscesso dento alveolar agudo: inicia-se geralmente na região periapical e pode resultar de uma polpa necrótica.
Pode ocorrer tanto quase que imediatamente a um dano dos tecidos pulpares ou após um longo período de latência, numa infecção aguda com os sintomas de inflamação , tumefação e febre.
O abscesso periapical pode confinar-se nas estruturas ósseas, e na sua fase inicial causar forte dor sem qualquer tumefação visível.
Ele pode caminhar através do osso ou da cortical até atingir a superfície óssea e invadir os tecidos moles na forma de um abscesso sub ou supra periosteal.
Antes de se formar o verdadeiro abscesso, a infecção é capaz de produzir celulite nos tecidos moles da região envolvida, sendo que os tecidos moles palpáveis aparecem densos e duros, sendo firme e rígido o tecido.
O paciente sofre muito desconforto, até que o processo infeccioso, se torne bem circunscrito na forma de um abscesso ( fase evoluída) (fig-1).
Figura-1: Abscesso dento alveolar na fase evoluida
Técnica de drenagem cirúrgica
É o conjunto de normas a serem observadas para dar a saída de liquido de um abscesso ou de uma cavidade.
Figura 2: Tratamento de abscesso dento alveolar na fase aguda, drenagem cirúrgica extra-oral.
PERICORONARITES
Definição: são infecções que ocorrem nos tecidos que recobrem um dente, geralmente semi-incluso. São mais freqüentes em jovens e crianças, e sua ocorrência é mais comum em terceiros molares inferiores (fig-3).
Etiologia:
Por meio de um crescimento microbiano ativo
Esses tecidos oferecem à proliferação bacteriana condições tais como umidade, proteção, temperatura constante, alimento e obscuridade.
Por meio de irritação traumática é produzida pelas cúspides dos dentes antagonistas
Microrganismos responsáveis bacilos fusiformes, espiroquetas, e às vezes por estreptococus.
Figura-3 Infecção que ocorrem nos tecidos que recobrem um dente, geralmente semi-incluso, e seu aspecto radiográfico.
Diagnóstico: Os sinais e sintomas podem ocorrer em vários graus, variando sua intensidade de ligeiros ou modderados até aos mais graves.
Exame clínico: os tecidos da região apresentam-se avermelhados, edemaciados e dolorosos. A dor é o sintoma predominante, às vezes há exudação; e pode provocar trismo se a infecção atingir o nervo bucal e o nervo constritor superior da faringe. O paciente pode sentir febre, calafrios, mal estar geral e geralmente apresenta halitose e dificuldade de mastigar e deglutir. Os nódulos linfáticos sub-mandibulares e cervicais apresentam-se endurecidos e dolorosos (fig-4).
Figura 4: Complicações da pericoronarite, drenagem espontânea do abscesso.
Exame radiográfico: mostrará uma sombra radiolúcida ao redor da coroa, correspondendo ao folículo, a qual, com a perda óssea determinada pela infecção, geralmente localizada na parte profunda da lesão, e que nos terceiros molares inferiores corresponde a sua face distal.
Tratamento
Pode ser: radical ou conservador
Tratamento radical: condiciona a extração do dente e está baseado no diagnóstico cirúrgico. A extração de um dente que apresenta pericoronarite, mesmo cônica, requer alguns cuidados especiais:
À seguir procede-se a extração, cuidando-se para que não ocorra o mínimo de trauma possível.
Tratamento conservador: o utilizamos quando temos a intenção de preservar o dente. Remove-se os tecidos moles adjacentes que recobrem a coroa e que se tornam fibrosos pela inflação crônica.
Deve-se instituir terapêutica antibiótica e irrigar abundantemente o espaço pericoronário com água oxigenada 10 volumes, e com 1ml de solução iodada de Hayward ou com clorexidine a 0,02%. A seguir, faz-se a ulotomia que é a incisão dos tecidos que recobrem a coroa do dente na altura de seu colo com bisturi Bard- Parker e lâmina 12 ( sangramento abundanteà aspiração contínua )
Após a remoção do tecidos incisados e conseguida a hemostasia, procede-se à proteção da ferida com cimento cirúrgico por cerca de 96 horas.
Quanto à oportunidade do tratamento, poderá ser imediato ou mediato
Imediato: se a pericoronarite estiver na fase crônica
Mediato: se o paciente apresentar-se com a infecção em sua fase aguda, o tratamento deverá ser postergado. Isto é, deve-se tomar medidas terapêuticas para passar essa infecção da fase aguda para a fase sub aguda e aí sim deverá ser executado o tratamento definitivo ( radical ou conservador ), diminuindo o risco de bacteremias severas.
Cuidados locais: deve-se fazer irrigações diárias com água oxigenada 10 vol., solução fisiológica morna e solução de Hayward ( 1ml ) ou com clorexidine a 0,02%. Recomenda-se bochechos ccom malvona ou malvatricim de 2 em 2 horas. Se necessário deve-se provocar a abertura e dilatação do processo para promover a saída de pus ( drenagem ).
Cuidados gerais: receitar analgésicos e antibióticos. Ex: Amoxicilina 500mg tomar 1 capsula V. O. de 8 em 8 horas, durante 5 a 7 dias. Se após 48 horas não forem melhoradas as condições clínicas, deve-se suspeitar de uma infecção mista e então associar as tetraciclinas.
Se as relações de contato com o dente antagonista for a causa de traumatismo constante ( má oclusão ) ou se não existir espaço para que os dentes venham a ocluir, deve ser realizado o desgaste das cúspides ofensivas ou mesmo a extração do antagônico, o que poderá ser feito na primeira visita.
Por essa conduta a fase aguda cederá em 2 a3 dias e o tratamento definitivo poderá ser realizado por volta do 8 ( oitavo ) dia sem inconvenientes maiores.
Prof. Neto
Cirurgia e Traumatologia. F.O.F.E.B.