Surrealismo O surrealismo surge no princípio dos anos vinte de um grupo de poetas liderados por André Bretón, procedentes do dadaísmo (movimento artístico e literário, aparecido na França em 1.916, que preconizava a volta a um primitivismo infantil). É assim um movimento artístico de vanguarda surgido na França que buscava a exteriorização, lingüística ou plástica da espontaneidade e depurações de ordem racional ou moral. Opondo-se ao impulso anárquico de destruição proposto pelos dadaístas, o surrealismo pretendeu definir uma prática artística alternativa à tradicional. Traz com ele o propósito utópico comum a todos os movimentos vanguardistas:" um homem novo em uma sociedade nova". Em 1.924, André Breton, ao publicar seu primeiro manifesto do surrealismo, propôs aos artistas e escritores para que expressassem o pensamento de maneira livre, espontânea e irracional, externando os impulsos da vida interior, sem exercer sobre ele qualquer controle, inclusive de ordem estética ou moral. Segundo André Breton, "Surrealismo é o automatismo psíquico puro pelo qual se propõe expressar, verbalmente, por escrito, ou de qualquer outra maneira, o funcionamento real do pensamento. O pensamento é ditado com ausência de qualquer outro exercício da razão, a margem de toda preocupação com estética ou moral. Em outras palavras: existe outra realidade, tão real e lógica como a exterior, que é a dos sonhos, da fantasia, dos jogos espontâneos do inconsciente que se desenvolve a margem de toda a função filosófica, estética ou moral. Assim, o movimento pretendeu superar a realidade fragmentária e falsa apresentada pela nossa lógica, nossa moral e nossa estética rígida, para chegar a uma realidade superior. Propõe-se assim a afastar o que é convencional e fazer surgir a parte do homem que menos se expressa: o subconsciente. Como estética, o surrealismo quis ir além da mera reprodução da realidade que até o momento imperava. Para o surrealismo toda expressão artística deve referir-se não ao modelo externo, mas sim a outro, o interno, não condicionado por modelos culturais. Para atingir a esse "modelo interior", os surrealistas propuseram uma série de técnicas (automatismo, associações livres, hipnoses, "colagem" etc.) destinadas a liberar o potencial imaginativo e criativo do subconsciente. Desse modo, como característica do movimento podemos enumerar: a natureza aparece nas obras de forma hostil, os seguidores são influenciados pela psicanálise de Freud, sobressai o que é inconsciente, rejeita-se o consciente. O tema principal é o "sonho". Foi assim que fora de qualquer preocupação estética ou moral, nasceu o surrealismo da pintura metafísica ambiental de De Chirico, Carrà e Moran. Entre os principais precursores do surrealismo temos: Willian Blakem Odilon Redon, Hieronymos Bosch e até mesmo Goya. Os inspiradores diretos do movimento foram: Hegel, Apollinaire e principalmente Sigmund Freud. Isso mesmo, aquele da psicanálise. Entre os pintores são citados: Chagal, Max Ernest, Ives Tanguy, André Masson, René Magritte, Picasso, Joan Miró e a grande estrela desse movimento: Salvador Dali. Dalí (Espanha-Figueras 1904-1989) apesar de se incorporar ao surrealismo quando o movimento já contava com alguns anos de existência e se de separar do mesmo relativamente rápido, é considerado pela imensa maioría de público como o paradigma do artista surrealista. Isso se deve não só ao fanatismo com que ele se entregou à expressão onírica e a interpretação dos sonhos, como também à forma deliberadamente provocativa com que se supos exiibir todas as circunstancias íntimas de sua vida e seu pensamento. Dalí foi um pintor surrealista de fanática dedicação. Seu método, chamado de "paranoicocrítico"- pareceu ajustar-se em um todo à sua pintura pela "excitação provocada pelas faculdades de espírito" e pela "organização de uma produção voluntaria e regular do objetivo". Entre os anos 1937-1938, por sugestião do classicismo, Dalí situa a sua arte em uma zona, que, se é heterodoxa à respeito do surrealismo programático, não deixa de estar ligada por fios sutís ao" sistema em vigor". Bretón denunciou a "impureza" e o expulsou do movimento. Hoje em dia a pintura de Dalí pode dizer-se que continua atada à mesma sistemática intima, mesmo quando com uma alteração de nome. Se antes sera "paranoicocrítico", agora se chama "misticismo". Isso se deve a falta de sua associação "legal" ao surrealismo. É por tudo isso, que sua personalidade é distinguida há trinta anos. Quem sabe, a melhor definição "didática" sobre o que seja surrealismo pode ser obtida examinando o quadro quase fotográfico de Cristo, na obra de Dali intitulada "Cristo de San Juan de la Crúz" (1951). Nela, Cristo paira sobre o mundo. Contudo, nossa visão esta acima de Cristo, acima do mundo. Isso só pode acontecer numa visão surrealista.
No cinema, em um coprodução com Dali, o espanhol Luís Buñuel, produziu Um Cão Andaluz (1928). Deixando um pouco Dali de lado, retornemos ao tema. Como já foi dito, seguindo os princípios do surrealismo, poetas e pintores extravasaram suas fantasias, de forma livre, procurando encontrar na profundeza da alma e do espírito a realidade objetiva. ( O quadro a seguir é de Miró) Os surrealistas buscam essa utopia liberando o mundo para o lado passional, para o inconsciente que havia sido revelado pelo psicanalista Freud. Sonhos e desejos são o material favorito do surrealismo. O artista tenta colocar em contato seu subconsciente com a obra de arte, eliminando a consciência no ato criativo. Serve-se de múltiplos caminhos: os sonhos, os mitos, a fantasia, as visões, as alucinações que produzem as drogas. Com tudo isso, buscam encontrar a percepção sensitiva e as possibilidades de expressão. E o surrealismo, mais além de sua dimensão artística teve um objetivo último, e em certo modo transcendente: atingir uma radical renovação da humanidade, através da transformação de seus esquemas cultuais, pois segundo Breton: "o homem tem guardada em seu próprio pensamento, uma realidade desconhecida da qual depende, sem dúvida, a organização futura do mundo". |