"Atitude desta equipa tem sido fabulosa"Álvaro Carolino considera que renasceu no clube do Bessa a mística que levou aos êxitos "axadrezados" obtidos em 1976 Álvaro Carolino era defesa-central na equipa do Boavista que, em 1976, ficou no segundo lugar do Campeonato Nacional, logo a seguir ao Benfica - com o F. C. Porto no quarto lugar, atrás do Belenenses. Foram momentos áureos na vida do prestigiado clube do Bessa, que hoje voltam a ser uma miragem com traços bem reais. Técnico presentemente no desemprego, Álvaro Carolino explica as razões de ambos os sucessos: os dos anos 70, e os actuais, em que realça a atitude da equipa de Jaime Pacheco, formulando, também, uma previsão para o grande jogo de domingo. A mística boavisteira - Que havia de especial na equipa de Pedroto, em 1976? -Ainda esta semana o Timofte transmitiu um pensamento que eu poderia agarrar para explicar o que aconteceu naquela altura. Disse ele que não sendo do Boavista desde pequenino sente o clube de uma maneira muito especial. E foi essa filosofia, essa maneira de viver o Boavista que nos conduziu ao êxito de 74 a 76, e que nos conduz ao êxito actual - e até ao Boavista laureado nos anos do Manuel José. Isto encerra uma certa mística, um certo amor pelo clube, mesmo que não sejamos do Boavista desde pequeninos. Claro que isso acontece devido à maneira como todos são tratados no Bessa, pelos treinadores, pelos dirigentes, pela massa associativa. Há, na verdade, uma diferença marcante na forma de tratamento no seio do Boavista, que foi uma coisa que se implantou com um escol de dirigentes encabeçado pelo major Valentim Loureiro, mas continuado com Pinto de Sousa, com Pais do Amaral, Domingos Marques, Olímpio de Magalhães, Hernâni Ascensão, Tavares Rijo e tantos outros. E quem entrou no clube nos anos 70 sentiu esse afecto e esse tratamento muito especial crescer com o clube e transformar-se em mística efectiva, que hoje se prolonga com o novo pulsar do dr. João Loureiro, criando comportamentos desportivos que são imparáveis. -E que vêm no seguimento dessa mística... -Sim, desfilam no seguimento daqueles factores, que são importantes. Claro que, depois, o tipo de gestão também indicia o tal milagre que está a acontecer no Boavista, tanto em termos de crescimento patrimonial, como no crescimento desportivo, que extravasa as fronteiras nacionais. No fundo, também é o sentido dos próprios jogadores actuais, que não sentem o Boavista como um simples patrão, mas como uma instituição que lhes pode dar muito mais. Veja-se, nesse contexto, a minha situação pessoal: tive uma lesão gravíssima, que até poderia ter-me deixado incapacitado para a minha vida normal, e sempre fui apoiado pelo clube, que custeou caríssimas operações e uma estadia em França, onde fui sujeito a uma intervenção pela última vez. Orgulho dos associados -Como analisar a presente época do Boavista? -Como boavisteiro estou muito feliz e muito agradecido a esta equipa e a toda a estrutura que a rodeia. A atitude que a equipa tem tido pode ser classificada como uma das melhores de sempre. Sem contar com uma desmedida ambição, creio que os boavisteiros já se devem sentir muito felizes com a atitude desta equipa, que é fabulosa. Obviamente que se os resultados desportivos viessem a ser os melhores de sempre isso seria ouro sobre azul - e neste momento, tudo pode acontecer. Mas devemos estar em sintonia com a equipa e atender ao seu discurso. Tanto o treinador como o presidente são ambiciosos, mas não devemos responsabilizá-los para atingir este ou aquele patamar. Penso que seria injusto responsabilizar este grupo de trabalho. Seja qual for o resultado que venham a atingir no último terço do campeonato, o futebol português já deve estar agradecido a este grupo e deve ter um respeito enorme por este Boavista. -Que perspectivas para o jogo de hoje (boavista-Porto)? -A minha perspectiva é de que seja um jogo tão bom como na primeira volta - e com o mesmo resultado. Os "derbies" normalmente não são bons jogos, mas neste momento, dadas as implicações classificativas que o jogo pode originar, não se antevê um bom jogo. Mas, esperemos que se possa assistir a um bom espectáculo. publicado no Jornal de Notícias em 28/02/1999
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