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Psicologia, Parapsicologia e a Bíblia

Quando o Cristo despontou para o mundo, sua fama cresceu vertiginosamente. Durante três ou quatro anos ensinou e realizou milagres na Palestina e, se os registros merecem crédito, conseguiu inúmeras e fantásticas curas. Seus seguidores consideravam-no o Mashiah, o Filho Unigênito de Deus, cuja vinda fora anunciada pelos profetas.-

Nao podiam, contudo, aceitar seus ensinamentos no tocante ao caráter espiritual do Reino de Deus. Esperavam vitórias bélicas ou políticas sobre os romanos e ficaram estarrecidos quando o Cristo aceitou sem resistência sua execução.-

Para os representantes da religião judaica, cuja autoridade ele desafiou, o filho de José e Maria era um individuo arrogante e perigoso, que poderia causar problemas com seus dominadores temporais, os romanos. De acordo com o Evangelho, a situação atingiu seu clímax na festa da Páscoa, quando os chefes dos sacerdotes pactuaram com um hesitante governador romano para supliciar Jesus até a morte.-

Deveria ter sido o fim de tudo. No entanto, na grande festa seguinte, Pentecostes, os seguidores do Cristo proclamaram que seu Mestre havia ressuscitado - com seu corpo físico - dentre os mortos. Saíram então pelo mundo, pregando com tal convicção que, num decênio, a nova religião (o cristianismo) difundiu-se por quase todo o Império Romano.-

O exame dos acontecimentos milagrosos relatados no Novo Testamento deve levar em consideração pelo menos três elementos: os registros, a verdade ou a falsidade de todos os fatos narrados e sua interpretação. Com exceção de uns poucos fragmentos, os manuscritos mais antigos do Novo Testamento datam do século IV D.C. e são copias de copias.-

Parte do trabalho dos estudiosos dos textos consiste em reconstruir os registros originais, por meio de comparação e compilação dos manuscritos remanescentes e da eliminação dos erros, acréscimos e anotações de copistas e glosadores (interpretes).  O Evangelho de Marcos (Mc) foi escrito por volta de 65 dC, quase trinta anos depois que os fatos aconteceram; o de Lucas (Lc), provavelmente no ano 70 dC; o de Matheus (Mt), no fim do século I; e o de João (Jo), em torno do ano 100 dC. Basearam-se em material escrito anteriormente, resultante de tradição oral, sobretudo depoimentos de testemunhas contemporâneas de Jesus.-

Portanto, os céticos podem justificar o fantástico das narrativas bíblicas pela falibilidade da memória e o exagero inconsciente das recordações dos fieis entusiasmados. Alguns acham até que registros muito posteriores á época dos fatos têm pouco ou nenhum valor.-

Os cristãos ortodoxos podem alegar que os registros, inspirados pelo Espírito Santo, se basearam em recordações dos contemporâneos do Cristo; que fatos tão impressionantes teriam ficado gravados na memória; que uma simples ilusão nao transformaria vidas nem causaria o impacto que a obra de Jesus causou na Historia; e que as investigações mais profundas feitas por críticos hostis nao conseguiria destruir a estrutura principal da narrativa do Novo Testamento.-

 

Ao examinar os registros, deve-se levar em consideração as convenções literárias da época.As antigas narrativas nao eram tão rigorosas como o estilo jornalístico do século XX, preocupado com a precisão das palavras e com o relato objetivo dos fatos. Considerava-se a interpretação mais importante que o evento - e os leitores sabiam disso.-

Matheus, um judeu-cristão que escrevia para judeus, usava a técnica do midrash, ou seja, comentário edificante por meio de uma reconstrução imaginosa do lugar e do episodio narrado. Essa técnica valorizava poética e simbolicamente fatos que eram, talvez, maravilhosos por si sós, criando uma atmosfera estética e psicológica capaz de transmitir assombro ao leitor. Dessa forma, acompanharam o nascimento de Jesus o aparecimento de anjos, a estrela de Belém e a visita dos Reis Magos do Oriente. Um tremor de terra, o rompimento do véu do Templo, a escuridão e o surgimento de espíritos nas ruas de Jerusalém assinalaram a morte (real ou alegada) de Jesus.-

Talvez nenhum desses fatos tenham realmente ocorrido; para os fieis, contudo, o que importa nao são os acontecimentos físicos presenciados pelos homens, mas as experiências espirituais que simbolizam.-

Outro costume judaico era o de atribuir á ação de um "anjo do Senhor" a aparente intervenção de Deus nos acontecimentos e na vida dos homens.-

Previsão e precognição mostram-se freqüentes no Novo Testamento, mas, segundo pesquisas, apenas como questão de fé. Jesus previu sua morte em Jerusalém, no mínimo por três vezes. Também profetizou a destruição do Templo, que ocorreu em 70 dC. Teve ainda conhecimento antecipado de que Pedro O negaria. Os registros dessas previsões, porem, foram escritos depois dos fatos e, portanto, nao servem como prova do poder premonitório.-

Experiências místicas, sonhos e visões aparecem em abundancia. Se os sonhos de José (Mt 1, 20; 2, 13; 2, 19; 2, 22) nao são midrash, podem ser aceitos como dramatizações de soluções para problemas de que o marido da mãe de Jesus tinha ciência quando acordado. Marcos conta que Jesus, por ocasião do seu batismo, viu o céu se abrir e o Espírito Santo descer sobre ele em forma de pomba. Ouviu ainda: "Eis meu Filho amado". Ninguém nas redondezas teria visto ou ouvido qualquer coisa. Tudo isso, portanto, estava restrito á sua percepção pessoal.-

A conversão de Paulo ocorreu quando uma luz do céu (talvez um relâmpago) o cegou temporariamente, durante uma viagem a Damasco, e uma voz lhe falou. Segundo ficou registrado em Atos dos Apóstolos (At 9, 7), a voz foi ouvida pelos companheiros de Paulo, enquanto At 22, 9 nega o fato. A discrepância nao pode ser contornada, assim como nao se pode negar que o maior perseguidor dos cristãos se tornou, após aquela experiência, seu principal defensor.-

Existe também uma explicação psicológica possível. Assistindo a morte heróica de Estevão, o primeiro mártir cristão (At 7), Saulo - depois Paulo - ficou convencido, em seu subconsciente, da verdade do cristianismo. A convicção colidiu violentamente com sua educação entre os fariseus (seita judaica que, ao contrario da cristã, mantinha estreita observância da lei mosaica). O conflito, portanto, teve de ser resolvido por uma experiência pessoal marcante.-

É necessário, contudo, mais do que o recurso á Psicologia para explicar a experiência de Pedro e Cornélio. Este ultimo era um centurião romano que, recebendo o nome e o endereço de Pedro numa visão, mandou chama-lo. Pedro proibido pela Lei judaica de entrar na casa de um não-judeu, teve uma visão sobre criaturas "puras" e "impuras". Recebendo a ordem de "imolar e comer", respondeu que jamais comeria qualquer coisa impura. "Nao chame impuro o que Deus declarou puro", foi a resposta.-

A visão coincide com a chegada dos emissários de Cornélio, e Pedro, com os escrúpulos removidos, visita o centurião, o qual se converte ao cristianismo. Assim, pela primeira vez, a nova fé é proclamada aos não-judeus (At 10).-

O pesquisador do extra-sensorial pode ver nesta historia um caso de percepção paranormal: os pensamentos dos romanos teriam alcançado os judeus e inspirado reflexão - expressa numa visão - de que toda a humanidade era aceitável a Deus. Há, porem, mais uma dimensão no fato de que algo ou alguém, alem dos dois homens, inspira as comunicações: um "anjo" que dá instruções a Cornélio e uma "voz" que fala a Pedro.-

Alguns parapsicólogos acreditam que esse tipo de voz incorpórea é a exteriorização das convicções internas do individuo. Pode-se ouvir nao só o que se quer, como o que se precisa. Os apóstolos ouviam vozes "divinas" em momentos críticos de suas vidas. A teoria da resposta instrumental psicomediana afirma que as orações são respondidas nao por um agente externo, mas pela pessoa que reza (em casos de extrema necessidade ou fé). A experiência se daria por meio da ativação inconsciente de uma forma de psicocinese, pelo desenvolvimento de um poder mental.-

Muitos dos milagres bíblicos, embora pareçam inverossímeis, são comparáveis a experiências de hoje.-

 

 

Somos Anjos de uma asa só, precisamos nos abraçar para alçar vôo

 

Damien, o Rescator