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O Homem que veio do nada

"O final de 1745 foi um período de feroz caça aos espiões na cidade de Londres. O jovem príncipe Carlos Eduardo Stuart desencadeara uma rebelião com o objetivo de recuperar o trono inglês para seu pai. E havia evidencias de que, embora derrotados na batalha de Culloden, em Abril, os golpistas e seus simpatizantes franceses estavam refugiados em Londres.-

Todos os estrangeiros, a começar pelos franceses, encontravam-se na mira da policia. Em novembro, um deles foi detido por trazer consigo cartas pró Stuart. Indignado, o homem alegou que as cartas não lhe pertenciam, e que tinham sido colocadas entre suas coisas com o propósito de incriminá-lo. Nada a estranhar, essa alegação é muito comum. O que surpreendeu a todos foi ele ter conseguido convencer a polícia, sendo libertado em seguida.-

Horace Walpole, ao comentar o caso, numa carta de 9 de dezembro de 1745 para Sir  Horace Mann, escreveu: "Outro dia prenderam um homem estranho, que declarou ser o Conde de Saint Germain. Ele vive aqui há 2 anos e recusa-se a dizer quem é e de onde veio, admitindo apenas que não usa o seu verdadeiro nome. Apesar de cantar e tocar violino muito bem, ele estava exaltado e fora do seu juízo perfeito.".-

Esse estranho, a quem Walpole se refere foi um dos personagens mais contraditórios da alta sociedade européia do século XVIII. Frederico, o Grande, da Prússia, afirmava que o conde era imortal, e o príncipe Carlos de Hesse-Cassel, alquimista fervoroso e seu ultimo protetor conhecido, considerava-o um dos maiores sábios de todos os tempos. Para outros, como o conde Warnstedt, Saint Germain era "o mais completo charlatão, tolo, desmiolado, mentiroso e vigarista". Ou ainda, segundo seu amigo Giovanni Casanova, "o rei dos impostores".-

Nada se sabe sobre o ano e o local exatos de seu nascimento, nem sobre sua infância e mocidade. A primeira referencia histórica ao conde data de 1740, quando aparentava estar na casa dos trinta anos e começou a freqüentar a nobreza vienense. Numa época em que as sedas e os cetins coloridos eram a ultima moda, ele se destacava por estar sempre de preto, apenas com o colarinho e os punhos de linho branco. Essa sobriedade, contudo, contrastava de modo espetacular com o brilho dos diamantes que usava nos anéis, na algibeira, na caixa de rapé e nas fivelas dos sapatos. Segundo outros relatos, ao invés de dinheiro, costumava carregar um punhado de diamantes nos bolsos.-

Por intermédio dos condes Zabor e Lobkowitz, notórias figuras da aristocracia vienense, tornou-se amigo do marechal francês Belle Isle, que se encontrava gravemente enfermo. Não se conhece a natureza de sua doença, mas, segundo o próprio marechal, foi Saint Germain quem conseguiu cura-lo. Em sinal de gratidão, o marechal levou-o para a França, instalou-o num apartamento e financiou-lhe um bom laboratório para suas pesquisas alquímicas.-

O período em que o conde viveu em Paris está bem documentado e alguns episódios dessa época deixam entrever o mistério.-

A lenda que envolve o conde tem inicio logo após sua chegada a Paris. Certa noite - como se pode ler em Croniques de l'oeil de boeuf (crônicas do Olho de Boi), da "condessa B..." - o conde de Saint Germain fora convidado a uma recepção na casa da idosa condessa de Georgy, cujo falecido marido servira em Veneza, como embaixador, na década de 1670. Ao ouvir o mordomo anunciando Saint Germain, a condessa disse que se lembrava daquele nome dos tempos de Veneza. Teria o pai do conde estado lá naquela época?

Saint Germain respondeu que não, mas que ele estivera e lembrava-se perfeitamente da condessa como uma linda jovem. Ela duvidou: o homem que conhecera tinha pelo menos 45 anos, a idade que o conde aparentava ter agora.-

- Madame, sou muito velho - disse Saint Germain com um sorriso enigmático.-

- Então o senhor deve ter quase 100 anos!

- Isto não é impossível - replicou o conde e, para surpresa dela, passou a contar-lhe alguns episódios ocorridos em Veneza.-

- Eu já estou convencida. O senhor é um homem extraordinário ... um demônio!

- Por favor! Não repita esse nome! - bradou o indignado Saint Germain, tremendo como se estivesse com cãibras em todo o corpo e retirando-se imediatamente da sala.-

Muitas historias semelhantes circularam nos salões da aristocracia francesa quando o conde de Saint Germain começou a ficar famoso. Ele insinuava, por exemplo, que conhecera Jesus e seus pais, que estivera presente ás bodas de Canaã, e que sempre soubera "que o Cristo teria um triste fim". Dizia ainda que Ana, a mãe de Maria, o impressionara tanto que ele propusera pessoalmente sua canonização no Concílio de Nicéia, em 325 dC.-

Pouco tempo depois, o conde foi recebido por Luís XV, conquistando-lhe as boas graças e as de sua amante, madame Pompadour. E, como o rei também se interessava por Alquimia, dispondo inclusive de um laboratório, o relacionamento entre ambos logo se estreitou.-

Não há qualquer registro sobre os 2 anos que Saint Germain passou na Inglaterra, até sua detenção em 1745. Mas é provável que estivesse em missão secreta a serviço de Luís XV - quando retornou á França, em várias ocasiões o rei o incumbiu de articulações políticas.-

Em 1760, o conde encontrava-se em Haia como representante pessoal do soberano francês, com o intuito ostensivo de obter um empréstimo junto á Áustria para ajudar o financiamento da Guerra dos Sete Anos contra a Inglaterra. Durante sua estada na Holanda, Saint Germain desentendeu-se com o amigo Casanova, também diplomata. Casanova empenhou-se para desacreditá-lo publicamente, mas não obteve êxito.-

Contudo, o conde fizera outro inimigo, muito mais poderoso do que Casanova: o duque de Choiseul, eficiente ministro dos Negócios Estrangeiros de Luís XV. Invejoso da intimidade que havia entre o rei e Saint Germain, Choiseul descobriu que o conde estivera sondando, por iniciativa própria, a possibilidade de negociação de paz entre a Inglaterra e a França, com a ajuda do governo holandês. Contrario a esses planos, Choiseul convenceu o rei de que Saint Germain o estava traindo. Ameaçado de prisão, o conde fugiu para a Inglaterra, retornando depois á  Holanda com outra identidade.-

Durante os 2 ou 3 anos em que lá permaneceu, Saint Germain usou o nome de conde de Surmont e, com dinheiro emprestado, instalou um laboratório onde, alem de fabricar tintas e pigmentos, aperfeiçoava as técnicas de Alquimia para o enobrecimento dos metais.-

Tudo indica que foi bem sucedido, pois deixou a Holanda com 100.000 florins, surgindo a seguir na Bélgica com o nome de marquês de Monferrat. Em Tournai, montou mais um laboratório, antes de desaparecer outra vez.-

Nos anos seguintes, relatos de suas atividades surgiram em diversos pontos da Europa. Em 1768, estava na Rússia, na corte de Catarina, a Grande. A Turquia acabara de declarar guerra á Rússia e a habilidade diplomática, alem do vasto conhecimento de política, garantiu a Saint Germain uma situação privilegiada.-

Tornando-se conselheiro do conde Alexei Orlov, comandante das Forças Imperiais russas, dele recebeu como recompensa um alto posto no Exercito, adotando então o irônico pseudônimo de general Welldone (general Bem Feito).-

Saint Germain deixou a Rússia em 1770. Quatro anos depois apareceu em Nurenberg, solicitando fundos a Carlos Alexandre, príncipe de Branderburgo, com o intuito de montar outro laboratório. Desta vez, apresentou-se como príncipe Rakoczy, um dos três irmãos da nobreza da Transilvania. De inicio, Carlos Alexandre ficou impressionado, sobretudo quando o conde Orlov, ao fazer uma visita oficial a Nurenberg, abraçou calorosamente o "príncipe". Apesar disso, Carlos Alexandre ordenou uma investigação, descobrindo que os três irmãos Rakoczy estavam mortos e que o "príncipe" era na realidade o conde de Saint Germain. Este achou prudente mudar-se, o que fez em 1776.-

Uma das acusações levantadas pelo duque de Choiseul era a de que Sant Germain, durante sua permanência na corte francesa, trabalhara como agente duplo para Frederico, o Grande. Se isso ocorreu, seu antigo senhor preferiu esquecer a ligação, pois ignorou uma carta do conde pedindo-lhe proteção. Sem se deixar abater, Saint Germain partiu para Leipzig e apresentou-se ao príncipe Frederico Augusto, de Brunswick, alegando ser maçom de quarto grau.-

Foi um lance audacioso, pois Frederico Augusto era grão-mestre da Loja Maçônica Prussiana. O príncipe duvidou de sua afirmação e pediu-lhe que fizesse os sinais secretos. Saint Germain alegou - sem convencer - que havia esquecido os sinais.-

Eckenford, na Alemanha, foi o ultimo lugar conhecido por onde passou, lá chegando em 1779. Já mostrava aparência de sexagenário e continuava se afirmando bem mais velho. Uns 2.000 anos mais velho. Perdera muito do seu encanto e foi difícil conquistar a confiança do príncipe Carlos de Hesse-Cassel. No entanto, o conde acabou por convence-lo de seus poderes.-

Não durou muito sua estada em Eckenford. Segundo os registros da paróquia local, em 27 de fevereiro de 1784, o conde de Saint Germain morreu no castelo do príncipe Carlos. Seu ultimo protetor mandou erigir um tumulo com a seguinte inscrição: "Jaz enterrado nesta igreja aquele que chamava a si próprio de conde de Saint Germain e Welldone, sobre quem não existem outras informações".-

Apesar disso, há indícios de que ele não estava morto. Várias pessoas afirmaram tê-lo visto entre os anos de 1784 e 1820, em diversos lugares, e muitos ocultistas acreditam mesmo que ele ainda esteja vivo.".-

 

Fontes: La santísima trinosofia, conde de Saint Germain.-

El enigmático conde de Saint Germain, Cería y Ethuin.-

 

A figura histórica do conde de Saint Germain é enigmática e controvertida, pesando sobre ela inclusive acusações de fraude e charlatanismo.-

Já no âmbito das sociedades esotéricas modernas, tais duvidas não existem. Saint Germain é considerado, por círculos rosacruzes e teosofistas, um dos mais proeminentes instrutores espirituais do esoterismo ocidental.-

Na opinião de muitos ocultistas, esse iniciado existiu anteriormente nas personalidades de Hiram Abiff, Lázaro (ressuscitado por Jesus Cristo), Santo Albano, Roger Bacon, Christian Rosenkreutz (tido como o fundador da Ordem Rosacruz), Francis Bacon e do barão Hompesch.-

 

Somos Anjos de uma asa só, precisamos nos abraçar para alçar vôo

 

Damien, o Rescator