IDENTIDADE, GLOBALIZAÇÃO E DIREITOS HUMANOS*
Autor: LUCIANO DO MONTE RIBAS
*
Este texto faz parte da monografia de conclusão do curso de especialização empensamento político brasileiro, defendida na UFSM em 08/07/2005
Orientador: Prof. Dr. Holgonsi Siqueira
A questão para a qual este trabalho busca uma resposta - se os Direitos
Humanos podem ser o elemento orientador de uma política emancipatória
dentro de um mundo globalizado - é, como tantas outras, de difícil solução
e revela muitas incertezas. Sei, também, que há na hipótese levantada um
considerável grau de utopia. Porém, como afirmou certa vez o jornalista
santa-mariense Marcos Rolim, mesmo em sociedades onde a aplicação dos
Direitos Humanos pode "lembrar uma simples ficção política, (eles) são
sempre uma 'ficção operante' " (Rolim, 2003).
Um dos problemas, porém, que colaboram na complexidade desse debate é a
motivação pela qual os Direitos Humanos se tornaram uma pauta atraente
para o "momento" político. Se pensarmos que os Direitos Humanos serviram
de desculpa até mesmo para a intervenção americana no Iraque, para citar
apenas um exemplo, teremos a real medida da seriedade dessa questão.
Nessa linha de preocupação, Boaventura de Souza Santos (2002) aponta sua
relativa "perplexidade" com a forma como os Direitos Humanos se
transformaram na "linguagem da política progressista". Para ele, houve um
processo consistente de instrumentalização dos Direitos Humanos no período
da Guerra Fria, com "duplos critérios na avaliação das violações" e
"complacência para como ditadores amigos".
A consciência disso é difusa no ambiente da esquerda, quando não mesmo
inexistente. Procurei abordá-las, de forma indireta, ao realizar algumas
palestras sobre marketing político utilizando como pano de fundo o tema "O
poder da imagem". Em dado momento da discussão, realizada toda com imagens
de figuras bastante conhecidas, era apresentado o general-presidente
brasileiro Emiliano Garrastazu Médici junto com um relato sobre alguns dos
abusos cometidos contra os Direitos Humanos no seu governo e que contaram,
no mínimo, com sua complacência: mortes, exílio, cassações, falta de
democracia e tudo o mais que somos todos sabedores. Em seguida, frente à
condenação consensual da platéia (quase toda de esquerda), apresentava
outro ditador que cometera os mesmos crimes e que, mesmo assim, contava
com a simpatia de muitas pessoas verdadeiramente comprometidas com um
mundo melhor: Fidel Castro. A expressão dos ouvintes variava da condenação
mais explícita à maneira como eu "expunha" a figura do Comandante ao
visível constrangimento entre os mais críticos.
Na verdade, isso é bastante compreensível, pois a esquerda tradicional
sempre viu com grandes suspeitas os Direitos Humanos enquanto "guião
emancipatório"[1], preferindo o paradigma da identidade de classe para
formular suas políticas ditas revolucionárias. Karl Marx, por exemplo, em
a "A Questão Judaica", afirmou que a proclamação dos Direitos do Homem
apenas materializou a cisão entre o "Homem" e o "Cidadão".
Retomando o argumento de Boaventura, creio ser ele consistente. Para o
autor, a tensão entre a globalização e o estado-nação trás conseqüências
importantes para a maneira como devem ser vistos os Direitos Humanos. Na
sua ótica, existe, ainda, uma "dimensão nacional" tanto nas violações como
nas lutas pela promoção de tais direitos, além da política de Direitos
Humanos ser, basicamente, "uma política cultural". Já a erosão do
estado-nação frente à globalização nos questiona se a regulação e a
emancipação social devem ser vistas também como questões globais, dentro
de uma "sociedade civil global". Seguindo por esse caminho, uma pergunta
fundamental é se existiria a possibilidade de o "princípio" dos Direitos
Humanos ser uma política cultural e global ao mesmo tempo?
A resposta, segundo Boaventura, pode ser tanto um "sim" como um "não",
dependendo do entendimento e da atitude com relação aos Direitos Humanos.
Isso porque eles poderiam ser vistos tanto como globalização hegemônica
(ou localismo globalizado na expressão de Boaventura) como
contra-hegemônica (ou cosmopolitismo).
Se entendidos na concepção ocidental - ou seja, da Declaração de 1948 -
que os vê como universais, eles consistiriam numa globalização
de-cima-para-baixo, onde os valores culturais ocidentais, centrados no
indivíduo, seriam impostos às outras culturas. A alternativa a isso seria,
dentro de sua argumentação, uma concepção multicultural de Direitos
Humanos, tendo como critério as visões sobre a dignidade humana presentes
nas diferentes culturas: a ocidental, a umma islâmica, o dharma hindu,
etc.
Problematizando mais as idéias de Boaventura, creio que a classificação
feita por ele dos Direitos Humanos como uma política cultural nos leva,
necessariamente, à discussão sobre a formação de identidades politizadas,
identificadas por Stuart Hall como a matéria prima de uma nova política. A
passagem a seguir do sociólogo português reforça esta percepção:
O tempo presente surge-nos como dominado por um movimento dialético em
cujo seio os processos de globalização ocorrem de par com processos de
localização. De fato, à medida que a interdependência e as interações
globais se intensificam, as relações sociais em geral parecem estar cada
vez mais desterritorializadas, abrindo caminho para novos direitos às
opções, que atravessam fronteiras até há pouco tempo policiadas pela
tradição, pelo nacionalismo, pela linguagem ou pela ideologia, e
freqüentemente por todos eles em comum. Mas, por outro lado, e em aparente
contradição com esta tendência, novas identidades regionais, nacionais e
locais estão a emergir, construídas em torno de uma nova proeminência dos
direitos às raízes. Tais localismos, tanto se referem a territórios reais
ou imaginários, como a formas de vida e de sociabilidade assentes nas
relações face a face, na proximidade e na interatividade (BOAVENTURA,
2002, p. 54).
O autor parece se referir a toda uma gama de "novos e velhos" movimentos
sociais que possuem como elemento agregador não a classe, (um traço da
modernidade) mas situações sociais, opções, consciências, enfim,
identificações de gênero, etnia, moradia, faixa etária, concepções,
condição física, entre tantas outras.
Para nomeá-los, comecemos com os exemplos clássicos, como as feministas,
os ecologistas, os movimentos de transgêneros e os de combate ao racismo.
Mas é possível enxergar muito além, indo em busca de muitas outras
identidades formadas a partir de opções sociais, econômicas e culturais:
associações de consumidores e de idosos; grupos de hipertensos, diabéticos
e de portadores de outras enfermidades; rappers, punks, gaudérios e
dezenas de outros "estilos"; familiares de pessoas com Síndrome de Down,
surdez e cegueira, bem como as organizações dos próprios portadores de
deficiência (é bom lembrar que a própria noção de "deficiência" é motivo
de polêmica); grupos de atores, cineastas, artistas plásticos e de rua;
organizações religiosas e de solidariedade, como as pastorais;
cooperativas de catadores, autônomos, consumidores, cooperativas culturais
e educacionais; grupos de moradores de rua, dependentes químicos,
comedores compulsivos, além de uma série de outras identificações que, das
formas mais diferentes, organizam as pessoas para ações de cidadania,
solidariedade e engajamento numa causa.
É fácil perceber como a construção de diferentes identidades, bem como os
movimentos delas resultantes, são uma força que se manifesta cada vez com
maior relevância, ganhando reconhecimento nas ciências sociais. Por
exemplo, na mesma linha de Boaventura, Castells afirma que ela é tão
importante quanto as transformações verificadas na economia e na
tecnologia para o que ele chama de "registro da nova história". Na
verdade, ele vai além, ao ver na formação de identidades o princípio
organizacional da sociedade informacional, "estruturando o
não-estruturado" numa lógica de redes capaz de preservar a flexibilidade.
Outro aspecto pertinente na discussão sobre as novas identidades
politizadas, é exatamente a idéia que abre o parágrafo anterior: a
construção da identidade. Se o sujeito da modernidade era definido por
opções mais ou menos estabelecidas nas suas relações culturais e políticas
- um sujeito "unificado", na expressão de Hall - nas sociedades
pós-tradicionais elas são constantemente postas à prova, sofrendo
influências diversas. Segundo Giddens, "em uma sociedade globalizante,
culturalmente cosmopolita, as tradições são colocadas a descoberto: é
preciso oferecer-lhes razões ou justificativas".
A identidade formada na sociedade globalizada é, portanto, produto das
relações que estabelecemos com os sistemas culturais que compõe nosso
universo de vida. É na interação com outras experiências que,
cotidianamente, renovamos nossas opiniões ou as negamos, em parte ou no
todo, tornando possível a aceitação do novo e da diferença - ou, de um
ponto de vista negativo, abrindo espaço para a intolerância. Na verdade,
desta questão o que realmente importa é que nada é predeterminado, havendo
uma "celebração móvel"[2] na identidade, que tende ao hibridismo e à fusão
na sua constituição. Ou, em outras palavras, a perda das metanarrativas da
modernidade não significa, necessariamente, a ausência de ações
transformadoras, mas a abertura para que muitas narrativas possam produzir
políticas transformadoras nos seus micro-universos políticos.
Indo além, podemos afirmar que um dos traços em comum de todos os
movimentos sociais identitários, genericamente denominados micropolíticas,
é a sua construção preponderantemente por fora dos esquemas partidários e
ideológicos da modernidade. Na verdade, os partidos políticos tem grande
dificuldade em articular mecanismos de convivência - poderíamos falar com
tranqüilidade em meios de cooptação - com eles. Explica-se isso pela
constatação de que as ideologias são, em essência, visões totalizantes de
mundo (mesmo que isso possa ser mais nitidamente percebido nas ideologias
totalitárias, a "regra" é válida também para os partidos sinceramente
comprometidos com o modelo de democracia liberal-ocidental), que prevêem
uma determinada organização para toda a sociedade, deixando pouca margem
para a construção de experiências diferentes. Sobre isso, recorro à
contribuição de Siqueira:
O conceito de política, no contexto da modernidade, foi marcado pela
dicotomia esquerda-direita, e significava ação das metanarrativas
(ideologias totalizadoras). Estas, estabeleciam amplos e distantes
objetivos relacionados com a revolução burguesa, ou com a socialista, cada
uma, a sua maneira, defendia o progressivismo, que afirmava a
possibilidade de se mudar tudo para melhor. Foi neste contexto que o
parlamento, os partidos políticos e os sindicatos, eram a expressão dos
verdadeiros agentes da política; a atuação era reduzida à classe ou a
outros determinismos fixos, e o Estado, uma mera agência de classe
(SIQUEIRA, 2003, p. 164).
Os Direitos Humanos fazem parte do mesmo contexto das
micro-políticas, ou seja, articulam-se por fora ou acima das ideologias
totalizadoras e expressam uma série de lutas e movimentos identitários já
existentes ou em gestação. Por exemplo, quando o direito à vida é
estabelecido como a base de todas as demais construções humanistas, ele é
válido para qualquer ser humano, independentemente de suas convicções
políticas, origem de classe e, inclusive, dos crimes que ele possa
eventualmente ter cometido. Fidel Castro não é menos criminoso ao aplicar
a pena de morte do que Baby Bush apenas por socialista e ter liderado uma
revolução cercada de "romantismo", como tão bem comentou Eduardo Galeano
(2003) no artigo "Cuba Dói".
Definidas estas características, podemos retomar a idéia de Boaventura de
que os Direitos Humanos para serem uma forma de globalização
de-baixo-para-cima precisam ser concebidos de um modo multicultural,
reconhecendo nas mais diversas culturas princípios de defesa da vida e da
humanidade. Caso contrário, nas palavras do autor, "na forma como são
agora predominantemente entendidos, os direitos humanos são uma espécie de
esperanto que dificilmente se poderá tornar na linguagem quotidiana da
dignidade humana nas diferentes regiões do globo" (Boaventura, 2002, p.
14).
Para não ter o mesmo destino do esperanto, Boaventura propõe um método
para que as diferentes culturas possam estabelecer interlocuções
produtivas que garantam a aplicabilidade dos Direitos Humanos. Seria o que
ele chama de hermenêutica diatópica, onde todas as culturas se
reconheceriam mutuamente incompletas e seu diálogo, mesmo não objetivando
a completude, ampliaria a consciência desse caráter incompleto e o
respeito pelo outro.
Nesse mesmo sentido, embora negue o caráter universal dos Direitos
Humanos, Boaventura estabelece dois imperativos interculturais que
deveriam ser aceitos por todos os grupos envolvidos na hermenêutica
diatópica, ou dois princípios maiores que, se não são universais, são
praticamente isso.
O primeiro diz que "das diferentes versões de uma dada cultura, deve ser
escolhida aquela que representa o círculo mais amplo de reciprocidade
dentro dessa cultura, a versão que vai mais longe no reconhecimento do
outro". Ou seja, na cultura islâmica, por exemplo, seria escolhida para a
hermenêutica diatópica a versão que caminha na direção oposta ao
fundamentalismo, sem negar seus traços definidores, inclusive religiosos.
No prefácio da Declaração Islâmica Universal dos Direitos Humanos[3], Deus
é reconhecido como a fonte de todo os direitos, numa concepção bastante
diversa da Declaração de 1948, mas com efeitos potenciais muito
semelhantes:
Os direitos humanos no Islam estão firmemente enraizados na crença de que
Deus, e somente Ele, é o Legislador e a Fonte de todos os direitos
humanos. Em razão de sua origem divina, nenhum governante, governo,
assembléia ou autoridade pode reduzir ou violar (grifo meu), sob qualquer
hipótese, os direitos humanos conferidos por Deus, assim como não podem
ser cedidos.
Já o segundo afirma que "as pessoas e os grupos sociais tem o direito a
ser iguais quando a diferença os inferioriza, e o direito a ser diferentes
quando a igualdade os descaracteriza" (Boaventura, 2002, p. 75). Talvez
este imperativo pudesse substituir uma série de códigos e leis, inclusive
os Dez Mandamentos, por sua beleza e simplicidade. Sintético, abrangente,
adaptável, parece encarnar todo o espírito de um verdadeiro diálogo entre
culturas. Pensemos no caso dos cadeirantes: a existência de rampas e
adaptações em locais públicos, por exemplo, são, do meu ponto de vista,
uma tradução pertinente do que é o respeito à igualdade e à diferença ao
mesmo tempo, pois garantem a universalidade do acesso (ou seja, a
igualdade) respeitando as características do grupo (a diferença) sem
alterar a função social do ambiente (um restaurante adaptado sempre terá
como objetivo servir refeições e, subsidiariamente, o lazer).
Com base nessas diretrizes é possível estabelecer diálogos entre
diferentes culturas, promovendo a idéia da dignidade humana em qualquer
local do mundo e universalizando, senão os valores, as atitudes com
relação à vida, ao outro e ao planeta. Busco o pensamento do diplomata
japonês Koichiro Matsuura em artigo publicado em 2004, no jornal Folha de
São Paulo, sobre o que é o maior desafio para todos aqueles que partilham
concepções humanistas de mundo:
O desafio, hoje, consiste em assegurar que o esforço ético seja dirigido,
em grande medida, à comunidade global, e que essa nova orientação ética
seja baseada na idéia do diálogo entre culturas. Tal diálogo deveria
partir da premissa de que as culturas devem ser respeitadas, mas que os
valores podem ser avaliados conjuntamente. Assim, é possível visualizar a
forma futura dos valores em termos de novas sínteses (MATSUURA, 2004).
Os imperativos interculturais propostos por Boaventura reconhecem, em sua
essência, o valor da alteridade. No mundo globalizado, somos
constantemente apresentados ao Outro e aos nossos próprios limites como
sujeito. Na citação que Zigmund Bauman faz de Alberto Melucci em
"Globalização: Conseqüências humanas", percebemos melhor isso:
(falando sobre o limite) Representa confinamento, fronteira, separação;
por isso também significa reconhecimento do outro, do diferente, do
irredutível. O encontro da alteridade é uma experiência que nos coloca em
teste: dele nasce a tentação de reduzir a diferença à força, podendo
também gerar o desafio da comunicação como um empenho constantemente
renovado (MELUCCI, 1966, p. 129 apud BAUMAN, 1999, p.17).
O reconhecimento do outro como diferente e, ao mesmo tempo, sujeito
portador de direitos, nega a utopia comunista da igualdade, materializada
no aleijão da uniformidade descaracterizadora. Por detrás dos conjuntos
habitacionais cinzentos de Moscou, Berlim Oriental e Pequim, o que vicejou
foi a conformidade alimentada pela uniformização. E, bem disse Zigmund
Bauman, a outra face da conformidade é a intolerância, tão bem manifestada
na desintegração da ex-Iugoslávia.
Porém, um verdadeiro diálogo multicultural não deve objetivar a simples
tolerância, muito menos a "harmonia", mas sim a plena aceitação. Siqueira
classifica esse tipo de multiculturalismo como conservador, uma versão bem
comportada e, arrisco dizer, cínica, típica dos chás beneficientes das
senhoras entediadas da "alta-sociedade". Segundo Siqueira,
De um lado, destaco um multiculturalismo de cunho conservador, que busca a
conciliação das diferenças com base no mito da harmonia. Esta construção
ideológica nega que as relações entre as comunidades pós-modernas são
marcadas por antagonismos e conflitos, reiterando os estereótipos e
estigmas que recaem sobre as chamadas "minorias" (que as vezes tornam-se
maiorias), e coloca-nos frente a uma concepção estática de cultura. H.
Bhabha adverte que a harmonia só é alcançada em condições tácitas de
normas sociais construídas e administradas pelo grupo dominante,
obscurecendo-se portanto o exercício do poder. Sob esta ótica o
multiculturalismo encoraja o crescimento da tolerância, mas, tolerar, não
significa acolher, não significa envolvimento ativo com o Outro.
Tolerância, é reconhecimento simplificado do Outro, é reforço do
sentimento de superioridade; significa suportar a existência do Outro e de
seu pensamento/ação diferentes. (SIQUEIRA, 2003, p. 196-197)
Mais do que aceitação, as sociedades pós-tradicionais precisam cultivar o
acolhimento. A democracia dialógica possível não pode prescindir da
aproximação com o outro, constituindo o que Siqueira qualifica como
"pré-requisito" para ela. Os microgrupos e suas narrativas, legitimadas
simplesmente pela celebração de suas existências, dão visibilidade aos
"outros" que nos cercam, nos forçando a perceber suas vontades, angústias
e contribuições. Seu fazer político é, podemos dizer sem muito medo de
errar, essencialmente uma afirmação de direitos de indivíduos e grupos
humanos que, em muitos casos, foram reprimidos pelos mais variados tipos
de autoritarismo: o patriarcado, a religião, a ditadura política, a
homofobia, a escola tradicional, o racismo, a concentração das riquezas e
a indiferença. Portanto, se vistos como um conjunto (um pouco disforme, é
verdade, mas sincreticamente articulado) os Direitos Humanos oferecem
opções legitimadas constantemente pela dialética das micropolíticas e de
sua diversidade cultural. Em outras palavras, princípios éticos em
constante negação/renovação pelas identidades politizadas características
da sociedade globalizada.