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Os Tratados da Guerra Fria



Com a crescente histeria anticomunista (nos E.U. A, o Comitê de atividades anti-americanas deu início, em 1947, à “caça aos comunistas”) a diplomacia americana tratou de arregimentar parceiros no seu grande embate ideológico contra a URSS. O primeiro de uma série de tratados que assinaram foi o TIAR (Tratado inter-americano de auxilio recíproco) acertado no Rio de Janeiro em 1947, afirmando o conceito de “defesa coletiva” do continente americano. Por ele as nações latino-americanas, formariam uma frente comum caso houvesse a agressão de uma “potência externa” (isto é a URSS). O TIAR serviu também para que as relações entre os militares se estreitassem. Os generais latino-americanos passaram a ver seus países em função da estratégia da Guerra Fria (*).

Também passaram a preocupar-se com a “subversão interna”, especialmente depois da Revolução Cubana de 1959. A luta anticomunista interna, estendida aos governos populistas, considerados aliados dos comunistas, levou-os à instituírem, por meio de golpes militares, os Estados de Segurança Nacional (Brasil em 1964; Argentina em 1966 e novamente em 1976; Peru e Equador em 1968; Uruguai e Chile em 1973).

Em 1949, em 4 de abril, foi a vez dos países europeus abraçarem uma aliança liderada pelos Estados Unidos: a OTAN ( North Atlantic Treaty Organization). Inicialmente com 12 membros, hoje ela conta com 19 (**). Com um estado-maior comum, a OTAN tinha a função original de proteger os países europeus ocidentais de um possível ataque das divisões soviéticas estacionadas na Alemanha Oriental. A motivação para que a aliança se realizasse deveu-se a crise de Berlim. Os E.U.A., ao se decidirem reerguer a indústria pesada alemã, assustaram os soviéticos. Stalin ordenou então o bloqueio por terra a Berlim, em protesto contra uma futura República Federal Alemã, vinculada aos americanos. Os aliados ocidentais superaram o problema recorrendo a uma ponte aérea que abasteceu a população de Berlim durante o desentendimento.

Por último, em razão das guerras da Coréia (195-53) e do Vietnã (a primeira de 1945 -54 e a segunda de 1962-75), que os Estados Unidos consideraram como uma ameaça a sua hegemonia na Ásia, criaram a OTASE (Southeast Asia Treaty Organization), em seguimento ao tratado de defesa coletiva assinado em Manila, capital das Filipinas, em 8 de setembro de 1954, para conter o “expansionismo maoísta” na Ásia. A OTASE englobava, além dos E.U.A., antigos colonialismos, como o francês e o inglês, ex-dominios britânicos como a Austrália e a Nova Zelândia, e “protetorados dos ocidentais” como Filipinas e Tailândia, além do Paquistão.

Esses tratados refletiam, cada um a seu modo, a evidência do colossal poder que os Estados Unidos exerceram no mundo do após-guerra e fizeram por ajudar ainda mais seu vigor econômico e financeiro. Num planeta arruinado pela Guerra Mundial foi natural que os Estados Unidos, única potência sobrevivente, reordenasse o mundo, agora como superpotência, à sua vontade.

(*) exemplo disso é a fundação das Escola Superior de Guerra no Brasil, em 1949, e o livro “Geopolitica do Brasil”, do General Golbery do Couto e Silva.

(**) os seus membros eram os E.U.A., o Canadá, a G.B., a França ( retirou-se em 1966), a Alemanha Ocidental, a Itália, o Benelux, a Islândia, a Noruega, Portugal e a Dinamarca. Em 1998 foram acolhidas a Polônia, a República Tcheca e a Hungria, que, anteriormente pertenciam ao Pacto de Varsóvia, arquitetado pela URSS em 1955. Com a admissão de regimes fascistas como o de Salazar em Portugal, ou o dos militares turcos e gregos, a OTAN ficou em dificuldades em proclamar-se como “defensora da democracia”.