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AVANTASIA

THE METAL OPERA – PARTE 1

 

 

 

SINOPSE

 

 

 

Mainz, 1602 DC

 

O sol já havia levantado há algumas horas quando Gabriel Laymann, um jovem noviço dos monges Dominicanos de Mainz, passou pelo portão para sair do monastério onde trabalhava... Talvez ele fosse honrado por seu grande empenho durante o último julgamento quando ele prestou assistência à alma de Else Vogler, que estava nas mãos do demônio, antes de ela ser purificada pelas chamas. Ele não tinha certeza, mas parecia que os monges mais velhos do monastério – especialmente seu mentor Jakob, com quem ele dividiu a  responsabilidade pela alma de Else Vogler – gostaram da maneira com que ele encarou a situação na cela da prisão da bruxa, que foi denunciada porque foi surpreendida lendo escrituras pagãs. Jakob deveria estar muito orgulhoso dele, pois ele mencionou várias vezes o quão impressionado ele estava pela sensibilidade de Gabriel; de como ele atuou em todas aquelas situações, quando o demônio retornou ao corpo de Else Vogler para falar por sua boca e quando ele se foi para retornar novamente... E apesar de não ter sido fácil ver o ser humano por trás daquela mulher histérica, Gabriel sempre teve em mente que ela uma vez foi um ser humano exatamente como ele; até que o velho espírito maligno levou embora sua sanidade.

 

Então imediatamente ele recebeu a recompensa: Hoje ele seria mandado por conta própria pela primeira vez até a torre das bruxas, onde aquelas que perderam seu caminho correto esperavam pelo que mereciam... Mas quando ele abriu a pesada porta de madeira para dar uma olhada naquela que estava deitada ali no chão frio e coberto por poucas palhas, ele se sentiu como se um raio o atingisse. Ele olhou uma vez, mais uma vez e finalmente não podia mais deixar de olhar para sua “cliente”: Anna Held! Ela estava lá deitada, olhando para ele, mas parecia fraca demais para reconhecê-lo. Para reconhecer seu próprio meio-irmão, que tinha sido como um verdadeiro irmão para ela quando eles eram jovens crianças. Quando ele teve que deixá-la aos nove anos para juntar-se aos Dominicanos, ele prometeu a ela que eles certamente encontraríam-se novamente algum dia. Mas desse modo? Anna Held? Uma bruxa? Quando ele era uma criança ele nunca pensara que o demônio poderia ser capaz de possuí-la algum dia. Mas claro que ele não conhecia nada sobre bruxaria e sobre o jogo do velho demônio naquela época...  O que quer que fosse, falou através dos lábios de Anna que era inocente. Sem dúvida, um demônio não era um demônio, se revelasse sua identidade tão rapidamente. Às vezes demorava semanas até que fizesse com que o corpo o qual possuíra confessar. Mas tinha que haver pelo menos uma pequena chance, de que sua prisão teria sido um grande erro da lei. De qualquer modo, havia apenas um jeito de descobrir: Jakob! Ele ajudaria Gabriel se houvesse algo de errado acontecendo. E ele descobriria SE havia algo estranho acontecendo.

 

Cuidadosamente Gabriel abriu a porta e o brilho de algumas velas de dentro da biblioteca iluminaram o corredor do monastério através da fresta da porta. Gabriel procurara por Jakob por toda a tarde e começo da noite, mas percebendo que não podia encontrá-lo em lugar algum ele decidiu visitá-lo mais tarde na biblioteca. Jakob sempre tinha a mente aberta para qualquer problema enquanto ele estivesse ali sentado e lendo; e as chances de encontrá-lo ali eram muito boas, porque ele se encontrava ali quase todas as noites. Então Gabriel entrou no aposento, e quando o velho monge percebeu sua presença, ele imediatamente fechou o livro que estava lendo e o colocou de volta na prateleira. Bem, na verade ele mais o atirou de volta na prateleira do que o colocou de volta. Será que ele queria esconder alguma coisa? Não pode ser... Jakob era um desses caras que podem realmente se concentrar em sua leitura, então ele simplesmente se assustou quando percebeu que não estava sozinho no aposento.

 

 

Apesar de tudo o velho monge ouviu ao problema de Gabriel e prometeu que ele faria a prisão e o julgamento de Anna do modo mais confortável possível para ela, até que sua inocência – ou culpa – fosse provada. Mais tarde ele disse ao preocupado noviço que ele começaria as investigações sobre o arquivo para descobrir se havia alguma coisa de errado. Com algumas palavras reconfortantes ele deixou Gabriel, que retornou à seu quarto e não conseguiu dormir.

 

O que estava acontecendo com o noviço? Claro que Jakob prometera ajudar, mas suas palavras eram honestas? Ele agiu tão estranhamente quando Gabriel entrou na biblioteca.  E por que ele se assustara tanto quando Gabriel o surpreendera lendo? Talvez houvesse algo de estranho com aquele livro... Sim, o livro, talvez ele poderia trazer alguma luz aos pensamentos de Gabriel. Mas e se não? Talvez aquele fosse um livro pagão sobre o qual Gabriel não devesse saber nada a respeito. Talvez fosse um dos livros satânicos que eles conficaram de Else Vogler, a bruxa. Apesar dele estar envolvido com o julgamento, ele nunca vira algum dos livros os quais ela fora acusada de ter lido. Mas o livro não poderia ajudar Gabriel a libertar sua meia-irmã Anna,  ou será que podia? Será que não seria melhor se Gabriel tentasse libretar sua meia-irmã? Será que ela estava mesmo possuída pelo Velho Dragão? De qualquer modo, Gabriel não conseguia dormir, então ele pensou que valeria a pela um esforço para dar uma olhada no livro. Silenciosamente ele esgueirou-se até a biblioteca... E mesmo que o livro representasse um perigo em potencial para seu leitor, a crença de Gabriel era forte o suficiente para encarar quaisquer forças malignas.

 

Velho, ele parecia muito velho. E seu cheiro fez Gabriel saber com certeza: o livro era maligno! Simplesmente maligno! Fixado à parte de dentro de sua capa de couro havia uma placa triangular tão grande quanto uma mão, que parecia ser feita de algum tipo de metal. Ele não conseguiu entender a maioria das coisas do livro porque ele não conhecia o idioma no qual elas estavam escritas. Conseguiu ler apenas uns poucos parágrafos, que alguém adicionara depois, provavelmente muito tempo após o livro ter sido escrito. Mas apesar dele ter podido lê-las, aquelas palavras não fizeram sentido algum para ele:

 

“Muitos caminho levam à Roma. Sete vezes um caminho para todos que leva para um mundo além de nossa imaginação.”

 

Se havia alguém que pudesse entender aquilo, certamente não era Gabriel. Ele continuou folheando o livro, a fim de encontrar alguma outra coisa legível para ele. E seus esforços foram recompensados: na parte de trás do livro ele encontrou uma carta que fora colocada entre as páginas, que fora escrita por um certo Lugaid Vandroiy para Else Vogler. E agora Gabriel sabia que tipo de livro era aquele! Mas ainda assim ele não podia largá-lo e então ele começou a ler a carta, apesar de não se sentir muito à vontade lendo algo provavelmente muito particular, que abviamente não era destinado à ele.

 

Vandroiy escrevera que ele ouvira de um mercante Gaulês que este havia vendido o livro para Else Volgler no passado. Mas o autor da carta dizia que era o legítimo dono do livro, que havia sido roubado dele há muito tempo atrás. E como ele queria o livro de volta, ele avisou que iria visitá-la em alguma noite durante o verão para comprá-lo novamente.

 

Gabriel estava um pouco confuso, porque ele esperava encontrar algo muito mais exitante quando ele pensou em ler um livro de bruxaria. Desapontado, ele colocou o livro de volta no lugar e deixou a biblioteca, para voltar pra cama e descansar um pouco, apesar de não conseguir dormir sequer um pouco. Talvez ele tivesse chance de descobrir algo no dia seguinte.

 

Era por volta das oito horas da manhã quando Gabirel foi até a fonte para lavar seus dedos. Mas as manchas negras de seus dedos não desapareciam, não importando o quanto ele esfregasse. Seria a morte negra o perseguindo por dentro das paredes do monastério? Gabriel estava assustado com seus pensamentos, mas no mesmo momento ele esqueceu seus temores, pois alguém o chamava por suas costas, então o noviço virou-se. Jakob o cumprimentou sinceramente, pedindo desculpas por seu estranho comportamento na noite anterior. Gabriel suspirou de alívio quando percebeu que seu amigo paternal não estava zangado com ele. E não havia motivo para o velho monge ficar zangado apenas por que o noviço entrara na biblioteca, pois não havia como saber que seu mentor estava lendo algo talvez secreto. Mas então no mesmo momento o velho monge franziu a testa: “Você esteve sozinho na biblioteca sem permissão”, gritou ele, nervoso, apontando para os dedos sujos de Gabriel. E agora Gabriel sabia do que se tratavam as manchas em seus dedos. Alguém marcara o livro para que ninguém pudesse lê-lo clandestinamente. “Você fez mau uso de minha confiança e leu o livro proibido! Vá para a capela... e reze por perdão!”, Jakob declarou em fúria. “Somente Deus terá misericórdia daquele que quebrou a sagrada lei do monastério”.

 

Aquela foi a última vez que o monge falou com Gabriel, porque quando Jakob juntou-se aos mercenários para prender Gabriel, que estava ajoelhado no altar, o velho apenas olhava para o chão, permanecendo em silêncio...