REITOR PODE SER VOSSA EXCELÊNCIA

Dentre a profusão de pronomes de tratamento que a língua portuguesa nos faculta – a começar por "você" – gostaria de hoje destacar um: Vossa Magnificência, ou V. Magª., ou V. Maga. É assim que os manuais ensinam a tratar os reitores de universidades. Nada contra a fórmula – a não ser que é empolada, difícil de escrever e pronunciar.

Nas gramáticas mais antigas não encontrei referência à figura em questão. As listas de pronomes de tratamento, até a década de 60, dedicavam maior preocupação às autoridades eclesiásticas: iam alfabeticamente de abade, abadessa, arquiduque, freira, patriarca, prior, tenente-coronel, até o v de vereador. Nos anos 70 nova hierarquia se estabelece. Em termos de cerimonial, segue-se o Decreto n° 70.274/72, assinado pelo presidente Emílio G. Médici, que coloca os reitores das universidades federais numa graduação acima dos reitores das estaduais. Os livros de gramática, de qualquer modo, não faziam e não fazem distinção: o pronome é "Vossa Magnificência"; o vocativo, "Magnífico".

Contudo, em virtude da propagação das instituições de ensino superior, vem caindo em desuso esse tratamento demasiadamente cerimonioso, até porque já não existe um distanciamento tão grande entre a pessoa do reitor, o corpo docente, os alunos e a comunidade em geral. Entrou nos costumes e é, pois, perfeitamente aceita hoje em dia a fórmula Vossa Excelência, ou V. Exa., ou V. Exª. para tratar os senhores reitores. A invocação, neste caso, pode ser simplesmente ‘Senhor Reitor’ ou o tradicional ‘Magnífico Reitor’.

 

Padre e Pastor: Vossa Senhoria

Nessa linha de evolução dos costumes, ufa!, também podemos nos atualizar em relação aos padres e pastores. Com a proliferação de religiões no final do milênio, os padres católicos, pastores evangélicos e outros líderes religiosos se tornaram figuras mais comuns. Havendo necessidade de se dirigir a eles por escrito, use o simples e correto Vossa Senhoria.

 

Juiz: V. Exa.

Como todo profissional da área jurídica bem sabe, o tratamento a juízes e desembargadores continua sendo Vossa Excelência. Aceitam-se, porém, dois vocativos: ‘Meritíssimo Juiz’ ou ‘Senhor Juiz’.

E nós, simples mortais sem cargo e sem pompa, como ficamos? No corpo da correspondência: Vossa Senhoria, ou mesmo o senhor/ a senhora, dependendo da formalidade. Na invocação, um simples ‘Prezado Senhor/ Prezada Senhora’ é o que basta.

ONÇA-PINTADA E BALEIA-BRANCA

Observe uma nota de cinqüenta reais: lá está a expressão onça-pintada, com hífen, porque se trata do felino estampado na nota, e não de uma onça pintada por algum artista brasileiro.

Igual raciocínio se aplicaria a uma baleia-branca, para dar outro exemplo. Uma criança pode mostrar a "baleia branca" que desenhou; mas, com hífen, a palavra só pode se referir a determinada subespécie de cetáceo.

Enfim, todos os nomes compostos da fauna e da flora devem ser hifenizados, como em: baleia-azul, baleia-de-bossa, jacaré-do-papo-amarelo, mico-leão-dourado, arara-vermelha, martim-pescador, canário-da-terra, canário-do-reino, joão-de-barro, cisne-de-pescoço-preto, faisão-real, espada-de-são-jorge, capim-limão, canela-da-índia, boldo-baiano, morango-do-campo, erva-cidreira, ruiva-dos-tintureiros etc. etc.

*Maria Tereza de Queiroz Piacentini, autora dos livros "Português para Redação" e "Só Vírgula", diretora do Instituto Euclides da Cunha, http://www.linguabrasil.com.br

 







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