Verbos em ISAR e IZAR
Não se perde por escrever corretamente. Mas os dicionários nem sempre estão à mão para dirimir dúvidas. Na hora do sufoco, tem-se de partir para uma solução de cabeça. E aí, quando o problema é decidir entre o s ou z dos verbos da 1ª conjugação terminados em isar ou izar, pode ser útil este lembrete: a diferença está na palavra de que eles derivam.
Primeiramente, os verbos em ‘isar’ são derivados de nomes (radicais) terminados em -is [com respectivos sufixos ou desinências, conforme o caso]. Aqui ‘ar’ não é sufixo: é sim a terminação verbal da 1ª conjugação, que agregada a um radical terminado em -is forma os ‘verbos em isar’ de que estamos tratando. Para exemplificar: agregando-se ‘ar’ ao substantivo anis tem-se o verbo anisar; a íris, irisar e assim por diante. Para distinguir esses verbos daqueles escritos com z (de izar), pode-se fazer sua associação com o substantivo aparentado. Se o nome é grafado com is, o verbo também o será:
alisar / liso
analisar / análise
avisar / aviso
bisar / bis
divisar / divisão
frisar / friso, frisa
guisar / guisado
paralisar / paralisia
pesquisar / pesquisa
pisar / piso
precisar / precisão, preciso
visar / visão
Porém escreve-se deslizar porque este verbo vem de deslize.
Os verbos terminados em izar, por sua vez, formam-se de nomes (adjetivos, principalmente) aos quais se agrega o sufixo izar, que significa ‘tornar, transformar em’. Assim sendo, de visual + izar formamos visualizar; de neutro, neutralizar; de tranqüilo, tranqüilizar; de harmonia, harmonizar. Nessa passagem são feitas adaptações gráficas [acréscimo, eliminação ou mudança de letras] exigidas pela gramática, com as quais normalmente já estamos familiarizados. Para exemplificar: robô ® robotizar; simpático ® simpatizar; permeável ® permeabilizar; ênfase ® enfatizar; padrão ® padronizar; catequese ® catequizar. Exemplos diversos:
formal - Formalizamos o acordo.
oficial - O noivado será oficializado no domingo.
álcool - Pessoas alcoolizadas estragaram a festa.
canal - Todos os recursos foram canalizados para essa obra.
local - Precisamos localizar os documentos.
urbano - Urbanizar a periferia é sua promessa.
estéril - O médico mandou esterilizar os instrumentos.
poético - Quero poetizar minhas horas.
industrial - Eles industrializam tubos e conexões.
UM SUPER-HOMEM
Saber de cor o uso do hífen com os prefixos e radicais não é tarefa fácil (daí eu estar lançando, em setembro, o livro "Só Palavras Compostas – manual de consulta e auto-aprendizagem"). Sendo o prefixo super um dos mais usados pela população, penso que no caso dele vale a pena memorizar as duas situações em que o hífen é de regra. Para isso, digo aos meus alunos: "Sempre quis me casar com um tipo super-rico, super-honesto, superinteligente e superlindo." Claro que a reação não pode ser diferente: "Você está falando de um super-homem! Isso não existe!" Mas a brincadeira facilita lembrar que com ‘super’ o hífen é usado apenas diante de substantivo ou adjetivo que começa com r ou com h. Nem mesmo diante de palavra iniciada por vogal ou s o hífen é necessário – a ligação aí é direta.
Escreva, portanto: revista superinteressante, pessoa superdinâmica, trabalho superdidático, ar supersaturado, avião supersônico. E admita que você é um superpai, uma supermãe, um filho superamado, uma avó superlegal!
*Maria Tereza de Queiroz Piacentini, autora dos livros "Português para Redação" e "Só Vírgula", diretora do Instituto Euclides da Cunha, http://www.linguabrasil.com.br
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