ESTE, ESSE OU AQUELE (CONT.)
- entre dois ou três fatos citados:
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. o primeiro que foi citado ® aquele
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. o do meio ® esse
. o último citado ® este
- Houve uma guerra no mar entre corsários de França e Inglaterra: estes [desnecessário dizer que são os corsários ingleses] venceram aqueles.
- Música de câmara e ópera são as suas preferidas: esta, porque mexe com seus sentimentos; aquela, pelos efeitos relaxantes.
uma questão de clareza - É bastante comum o uso de este/esta no lugar do pronome pessoal ele/ela como referência à coisa mais presente, mais à mão, mais próxima (embora já apresentada), quando na oração anterior aparecem outros substantivos que poderiam ser referidos pelo mesmo pronome pessoal, o que poderia confundir o leitor. Exemplos:
Dois antecedentes masculinos. Com ‘ele’ no lugar de ‘este’, à primeira vista poderíamos pensar ter D. João V, e não D. José, nomeado Sebastião José (o Marquês de Pombal) ministro.
Pelo demonstrativo, fica claro que Rawls é o sujeito de ‘admite’, não Macpherson.
O pronome ‘ela’ no lugar de ‘esta’ não nos permitiria saber se o autor estava fazendo referência a ‘linguagem’, ‘retificação’ ou ‘ruptura’.
Quando os substantivos antecedentes pertencerem a número e gênero diversos ou quando não houver ambigüidade na frase, é melhor, mais adequado e correto usar o pronome pessoal ele(s) ou ela(s) em vez do demonstrativo:
Mais um detalhe: ao se referirem a elemento anterior mais próximo, os pronomes este(s) / esta(s) são encontrados também em combinação com o termo ‘último’:
- Preocupa-se o autor com a escrita como processo, e não como literatura ou como texto a ser lingüisticamente analisado. Aliás, neste último caso não se leva em consideração o tipo de processo..."
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Cabe mencionar ainda que no Brasil as editoras, principalmente, não estão sendo demasiadamente rigorosas com o uso dos demonstrativos (a não ser na questão de LUGAR e TEMPO), porque no aspecto de ‘localização do DISCURSO’ muitas vezes a distinção entre o que é ‘mencionado anteriormente’ e o que é ‘lugar/tempo’ é pouco perceptível. Por exemplo, num texto em que vários artigos de lei estão sendo citados, o autor pode preferir dizer este artigo ao se referir a um já citado (quando então usaria esse artigo) porque ele está justamente tratando "deste último", do mais próximo (lugar), do que está presente naquele momento (tempo).
Também no caso de uma tese em que se fala de uma empresa ou pessoas pesquisadas, pode-se escrever "esta empresa" ou "estas alunas" mesmo tendo sido elas mencionadas antes - no parágrafo anterior, digamos -, desde que se pense nelas como "as alunas tratadas aqui, nesta pesquisa", ou "a empresa de que se fala neste trabalho, aqui e agora". São casos em que a escolha depende do ponto de vista de quem escreve.
*Maria Tereza de Queiroz Piacentini, autora dos livros "Português para Redação" e "Só Vírgula", diretora do Instituto Euclides da Cunha, http://www.linguabrasil.com.br
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