NO MÍNIMO SEM VÍRGULAS

De um articulista do jornal Diário Catarinense:

* Esta semana o PMDB conseguiu tomar duas decisões, no mínimo, surrealistas.

O que fazem as duas vírgulas ali? Nada, só tiram a fluência da afirmação. Quando ‘no mínimo’ toma o lugar de um advérbio de intensidade, não deve vir entre vírgulas. Veja que essa frase poderia ser dita assim:

A expressão "no mínimo", como se vê, às vezes serve apenas de reforço; não significa "que é o menor". Portanto, assim como você não usaria entre vírgulas os advérbios de intensidade vistos acima, não deve entalar ‘no mínimo’ entre elas. Mesmo quando tem o sentido de "no menor limite provável", esses sinais podem ser eliminados; por exemplo:

Chegaremos no mínimo às 22 horas.

Espero que ele faça no mínimo três pontos.

Também a expressão equivalente "pelo menos" deve receber o emprego sóbrio das vírgulas. Podemos observar, nos exemplos abaixo, que sem tal pontuação a frase flui melhor, sem tropeços:

Mas devo ressalvar que a vírgula também pode ser usada, em caso de necessária ênfase e sobretudo se há um deslocamento da expressão:

Enfim, em se tratando de ‘no mínimo’ e ‘pelo menos’, seria o caso de dizer: use mas não abuse!

Resposta ao agradecimento

André L. S. Machado agradece o envio da coluna "Não Tropece na Língua" e, "aproveitando o ensejo, gostaria de lhe perguntar como se deve responder a um agradecimento: de nada ou por nada?"

Para responder a um agradecimento usam-se as duas formas, sendo a primeira (de nada) a de uso mais freqüente.  Há gramáticos que pregam a utilização de "por nada", visto que os adjetivos obrigado /agradecido / grato regem a preposição por, como vimos no artigo da semana passada. Mas também existe o lado da palavra "obrigação". Quando se diz obrigado está implícita a frase "Tenho a obrigação de.../ Sinto-me na obrigação de (alguma coisa)", ao que alguém responde:  "(V. não está na obrigação) de nada", usando então a regência subentendida. Essa a origem da questão.

Em suma, estão todas corretas: de nada; por nada; não por isso; não há de quê.

 

*Maria Tereza de Queiroz Piacentini, autora dos livros "Português para Redação" e "Só Vírgula", diretora do Instituto Euclides da Cunha, http://www.linguabrasil.com.br

 







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