VÍRGULAS COM NOMES DE PESSOAS

Os nomes próprios de pessoas podem ou não ser separados por vírgulas – e disso entendem os jornais e revistas, que falam não só de chiques e famosos mas de políticos e de outros simples mortais. Também o advogado, em seu trabalho, cita muitos nomes próprios. E aí a vírgula pode contribuir para aclarar uma situação, ou pelo menos dar uma informação correta. É o caso, por exemplo, de filhos ou funcionários envolvidos numa questão. Se determinada empresa tem vários funcionários e foi um deles que, digamos, abalroou o veículo X, a frase será assim:

- Afirma o réu que seu funcionário Mário Tadeu dirigia o veículo na ocasião.

Se tal réu tivesse apenas um empregado, o nome deste iria entre vírgulas:

- Afirma o réu que seu funcionário, Mário Tadeu, dirigia o veículo na ocasião.

Neste último caso, o nome se torna um aposto explicativo (o qual equivale a uma oração adjetiva explicativa sem o ‘que é’), o que justifica sua separação por vírgulas.

Sendo assim, sempre que se referir a pessoa que tiver um cargo único e especificado na frase, como presidente da República, do Senado, da Câmara Federal, de um partido político, de uma empresa etc., ou governador de um Estado, faça a separação do nome por vírgulas – uma ou duas, conforme sua posição na frase. Também é o caso de pai e mãe, que temos um só, e de marido e mulher (podemos ter tido mais de um, mas aí já é "ex"):

  • Quem tem incentivado a edição de bons livros é o atual reitor da UFSCar, José Rubens Rebelatto.
  • O governador de Santa Catarina, Esperidião Amin, e o ministro da Ciência e Tecnologia, Ronaldo C. Sardenberg, oficializaram um projeto pioneiro no país – a Rede Catarinense de Ciência e Tecnologia (Internet 2).
  • A ação contra a empresa TAL foi proposta por João Silva e sua mulher, Amália J. Silva.
  • O fundador de Jaraguá do Sul, Emílio Carlos Jourdan, morreu em 8 de agosto de 1900, no Rio de Janeiro.
  • A mãe de Caetano e Bethânia, dona Canô, é quase tão famosa quanto os filhos.

Mas quando se referir a um entre vários da mesma categoria – como ex-governador, ex-esposa, diretor de empresa (normalmente há mais de um diretor), professor de escola, habitante, ator, candidato etc. – não faça o destaque do nome entre vírgulas:

- Um dos palestrantes foi o economista e especialista em gestão condominial César Thomé Júnior.

- O ex-governador do Paraná Álvaro Dias concedeu entrevista a uma rádio de Maringá.

- O brusquense Eleutério Graf abriu sua banca num dos principais pontos da cidade.

- Para a professora da USP Roseli Baunel, especializada em Educação Especial, a escola deve perceber o que pode oferecer ao aluno com deficiência visual.

- Os candidatos a vereador Tobias Sailor e Tadeu Pilli devem comparecer ao debate.

No caso de irmãos e filhos, depende. Filho único vai entre vírgulas. Havendo mais de um filho ou filha, as vírgulas não devem ser usadas:

- O jornal publicou pequena entrevista com o filho de Celso Pitta, Victor.

- Vera Fischer e sua filha, Rafaela, aparecem juntas na foto.

  • Os seus irmãos Samuel e Sandra estarão competindo em tênis de mesa. [deduz-se que haja outros irmãos]

No caso de nomes estrangeiros ou desconhecidos, ou quando ocorrer uma repetição de nomes (Paulo Paulo), inverta a ordem dos termos. Em vez de: * O líder da Frente Revolucionária Unida Foday Sankoh recebeu treinamento militar na Líbia / O ex-governador de São Paulo Paulo Maluf é candidato a prefeito, escreva:

  • Foday Sankoh, líder da Frente Revolucionária Unida, recebeu treinamento militar na Líbia.
  • Paulo Maluf, ex-governador de São Paulo, é novamente candidato a prefeito.

 

*Maria Tereza de Queiroz Piacentini, autora dos livros "Português para Redação" e "Só Vírgula", diretora do Instituto Euclides da Cunha, http://www.linguabrasil.com.br

 







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