Itamar F. Leskov - Leituras
Fala-se muito que hoje em dia não há leitura... pensando nisso resolvi criar um controle próprio do que e quanto leio (livros do tipo: Manual do Processador PPC ou Neuroanatomia Aplicada não serão listados, pois fui obrigado a ler e não optei por ler).
Esta idéia só me ocorreu após o segundo semestre de 2000, então um ou outro livro que li em 99 não foi citado (Não houve um aumento de 1000% na minha leitura, apenas não lembro do que li em 99).
1999:
2000:
Livros "olhados":
Relatos sobre a vivência do neurologista O. Sacks sobre pacientes com lesões cerebrais e seus sintomas, comparando a vida do paciente antes do acidente e após o mesmo. O. Sacks possui o "dom" da escrita, assim o livro é muito interessante além de ilustrativo quanto a funções cerebrais e lesões.
Drauzio Varella narra sua vivência dentro do maior presidio do Brasil, desde a primeira vez que lá entrou até o dito massacre do Carandiru, explicando o funcionamento da "sociedade" que é o presídio. O livro é extremamente bem escrito e possui fotos ilustrativas do presidio.
Classifico Dalton Trevisan como irremediavelmente amargurado. Em sua obra é mostrada a pior parte das pessoas e da cidade, tudo costuma acabar da pior maneira possível (que normalmente é adultério ou morte), chegando a ser até irritante a repetição do tema. Li o livro em uma tarde (se deixasse para o dia seguinte não agüentaria voltar a ler), o detestei... mas após uma semana de reflexões sobre a obra (não conseguia parar de pensar como alguém poderia ter escrito algo com tanta amargura) passei a gostar da obra (é claro que não pretendo lê-la nunca mais, mas aconselho).
Romance épico que narra a vida e as conquistas de Alexandre "O Grande". É de facílima leitura e descreve até os pormenores dos cercos e batalhas sem se tornar maçante. A série foi aprovada por mim (que devorei as 400 páginas do último volume em dois ou três dias) e pela Marcela.
Termópilas – "Portões Quentes" – é outro livro sobre a Grécia antiga. Narra o início da Segunda Guerra Médica, onde cerca de dois mil guerreiros gregos tentam retardar a invasão de dois milhões de persas. Não pensem que o livro é heróico e belo, os gregos (heróis na história) são totalmente mortos em três ou quatro dias. A obra possui muitos termos utilizados em grego (mas definidos ao serem usados pela primeira vez), o que por volta da página 50 torna a leitura meio pesada, pois é necessário lembrar do significado de alguns termos, mas logo após você se acostumar com os termos a narrativa é muito envolvente e mais emocionante até que Alexandros.
A Pérsia, apesar de ter sido um dos maiores impérios da antigüidade (e de por pouco não ter conquistado a Grécia, o que poderia ter alterado em muito nossa atual cultura ocidental) não tem quase nenhum livro sobre a sua história. Esta obra, apesar de não ser muito abrangente, é o único livro que trata apenas exclusivamente de Pérsia.
A evolução do homem e o surgimento da inteligência é muito bem explicado nesta obra. Carl Sagan escreve maravilhosamente bem para um cientista, o texto está em linguagem claríssima e entrecortado de piadas. A cronografia feita por ele do tempo de existência do universo comparado a um ano (365 dias) é genial e a mais clara metáfora para demonstrar o breve tempo que o homem habita o planeta. Só pelo Calendário Cósmico já vale a pena conferir.
O livro é uma explanação superficial da obra de Chomski no que se refere a lingüística. A gramática por ele elaborada é apenas superficialmente explicada.
A história de 19 de junho de 1936 é uma peça de teatro, se passa nesta mesma época em uma cidade do interior da Espanha. Narra a vida reclusa de Bernarda e suas sete filhas, todas solteiras, que agora sem pai amargarão sete anos de luto trancadas em casa, lugar de mulheres de respeito (segundo Bernarda). Com o desespero estas mulheres (a filha mais velha tem 39 anos e acha um pretendente) fazem coisas ditas imorais para a época e para a cabeça de Bernarda, que como pessoas que infelizmente até hoje existem, se preocupa mais com as aparências do que com a real situação. O final só conferindo...
Havia ouvido falar alguma coisa sobre Fernando Pessoa e após achar alguns poemas na internet resolvi ler algum livro (na pública havia um único livro). O livro Mensagem foi o único livro publicado em vida, é um poema sobre Portugal, não se parece com o restante da obra de Pessoa, ao menos no conteúdo. Neste volume da coleção há também outras poesias famosas de Pessoa, nominadas aos seus três heterônimos: Alberto Caeiro, Álvaro de Campos e Ricardo Reis. Como o poeta é moderno a forma nem sempre é seguida, alguns temas como a ciência são abordados.
Alguns poemas que gostei: Adiantamento, Liberdade, Natal e Autopsicografia. Frequentemente Pessoa não colocava títulos em seus poemas, o que dificulta um pouco dizer, gostei do poema X.
Paulo Coelho é auto-ajuda. Sempre fui um ferrenho opositor aos livros de auto-ajuda, mas sou obrigado a admitir que a leitura me caiu bem, apesar de não ter aprendido nenhuma palavra nova. Qualquer criança de 10 anos é capaz da ler este livro, e se você souber desconsiderar o misticismo na medida certa ele até que tem uma ensagem interessante na medida que incentiva as pessoas as seguirem seus próprios "EUS" em oposição ao "ELE", que no meu entender são os valores e desejos dos outros (sociedade) que internalisamos (segundo Freud no momento em que resolvemos nosso complexo de Édipo e no identificamos com nosso pai).
Está aí, eu confesso, li.
Sempre gostei de Veríssimo. Clarissa começa com uma descrição maravilhosa, pode-se dizer que é quase poética a paisagem "pintada" pelo autor nas primeiras páginas. Romance psicológico certamente não é uma característica do autor, mas em Clarissa, um de seus primeiros livros, ele se supera, não há nada para contar, o livro não tem conteúdo algum, não há tensão alguma no livro para se resolver no final, não há um final, o texto acaba como começa. Foi o primeiro livro que li de Érico Veríssimo e não gostei (Já havia lido Olhai os Lírios do Campo e um primeiro volume de O Tempo e O Vento).
Percebi repentinamente que sou "um leitor de séries", pois além do gosto pela antiguidade clássica (Alexandros - série - e Termópilas) o que me chama a atenção é a extensão do livro. Antes de adotar Os Senhores de Roma pensei em começar a ler Hamsés ou A Pedra da Luz, que falam sobre o Egito (que não é antiguidade clássica), devido ao fato de serem séries.A série se inicia com César e o período de grande instabilidade que a República passa em Roma. O Narrador é Décimo Júnio Bruto Albino, a quem no ataque sofrido no Senado César fala: Até tu Brutus. Os principais sentimentos que cercam o livro são a virtude, a honra e o apego a República (em oposição a tirania). Sob os olhos de Brutus vemos como César adquiri tanto poder, torna-se Ditador Perpétuo e passa a ser, devido a tanto poder (militar, político e administrativo), uma ameaça a República. Destacam-se como personagens também Marco Antônio e Otávio, que serão títulos de dois volumes posteriores.
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Atualizado em 26/04/2000