Seguimos em frente,
De frente pra fome.
Você não consome
Tudo
aquilo que produz,
Mas tuas barrigas
Estão vazias.
Teus pratos são, às vezes,
O chão.
Teu pranto é
enorme.
Tamanho de tua dimensão.
500 anos de juventude
E teus velhos
moribundos,
Que andam doentes.
Caminham com dificuldade.
Dormem em tuas calçadas
estreitas.
Assim como a criança, o jovem.
E o homem e a mulher de
trinta.
Parabéns para o teu Verde
Nos 500 anos de escravidão.
Parabéns para o teu
Amarelo
Nos
500 anos de pobreza.
Parabéns pelo teu Azul
Nos 500 anos de injustiça.
Parabéns pelo teu
Branco
Nos 500
anos de racismo.
500 anos de improgresso.
500 anos de desordem.
500 anos de História
inacabada.
De
uma sociedade acabada.
500 anos de Pátria Amada
E armada.
Flechas, tacapes, foices,
facas
Revólveres e bombas.
Quem sois, enfim?
De Pedro a
fernando.
Do
índio ao sem raça,
Sem credo, sem perspectiva.
Do Escravo-negro aos
Escravos-sociais.
Do Homem que descobriu a Terra
Ao que trouxe a guerra e
a
Miséria a
nossas panelas.
Mas, apesar da discrença política,
Das desigualdades e injustiças
sociais.
Dos
preconceitos, do descaso e
Da poluição de tuas águas.
Tu, tão
prejudicada.
Berço de nossa existência.
Jamais deixaremos de amá-la.
Serás sempre a nossa
Pátria
E
amada,
Brasil.
(Edinaldo Santos)