T E L E S C Ó P I O
Qualquer telescópio com uma objetiva (a lente da frente) menor que 60 mm de diâmetro, que não tenha um tripé robusto, que não tenha junto à ocular um prisma para desviar a imagem a 90º, ou que não permita a troca das oculares, deve ser considerado um brinquedo com pouca utilidade para observar o céu.
Muitos telescópios de baixa qualidade são vendidos como dando 200, 300 ou mais aumentos. Isto é enganador pois embora matematicamente isso seja possível, não é na prática vantajoso pois a qualidade óptica destes aparelhos faz com que normalmente a definição da imagem se comece a degradar muito antes das 200X. Na maior parte das vezes a observação é mais fácil e confortável com baixas-médias ampliações de 40X ou 60X. O aumento da ampliação claro que aumenta a imagem mas também degrada a definição e, isto depende não só da qualidade óptica do sistema telescópio-ocular, mas também muito das condições de estabilidade da atmosfera e da altura que o objeto tem no céu.
O aumento dado por um telescópio é facilmente calculado dividindo o valor da focal da objetiva pela focal da ocular. Por exemplo, um telescópio com objetiva de 900 mm de focal no qual seja colocado uma ocular de 20 mm fica a "dar" 45X.
Os telescópios classificam-se em três tipos fundamentais: Aqueles que formam a imagem através de um sistema de lentes, chamados refratores; aqueles que formam a imagem através de espelhos, chamados refletores; e os mistos que formam a imagem através de um sistema de lentes e espelhos, chamados catadióptricos por serem sistemas compostos por elementos refletores (catóptricos) e refringentes (dióptricos).
REFRATORES
A imagem que mais normalmente se tem de um telescópio está associada aos refratores, pois é possível encontrar à venda com relativa facilidade pequenos telescópios deste gênero. A imagem é formada pela refração dos raios luminosos através da objetiva e observada pela ocular. Uma objetiva com qualidade mínima é formada por um par de lentes de diferentes tipos de vidro com o objetivo de eliminar a aberração cromática da imagem. Uma lente simplesmente, não consegue focar no mesmo ponto todos os comprimentos de onda do espectro visível. Esta objetiva assim formada denomina-se acromática. O termo "acromática" significaria que a refração dos raios luminosos dos diferentes comprimentos de onda se faria na perfeição, mas na prática, um observador experiente consegue notar no bordo dos objetos alguma cor artificial. Na verdade, para melhores resultados neste aspecto, existem as chamadas objetivas "apocromáticas", nas quais uma terceira lente (ou outro par de lentes) ajuda a compensar melhor a aberração cromática. Como neste caso têm que ser trabalhadas seis superfícies de vidro em vez de quatro e o tipo de vidro usado é mais caro, os telescópios equipados com estas objetivas aparecem com preços mais elevados e pouco apropriados a principiantes.
REFLETORES
Um telescópio refletor forma a imagem através de um sistema de espelhos, sendo mais vulgares os de tipo Newton (Isaac Newton). A imagem focada pelo espelho primário esférico ou parabólico, é desviada pelo espelho secundário (plano) colocado a 45º, para observação através da ocular.
Esquema de um telescópio tipo Newton
A precisão destes espelhos é muito grande pois só assim se conseguem imagens perfeitas. note-se que os maiores telescópios profissionais são deste gênero, por razões como os custos, a facilidade de construção e operação.
A construção pelo próprio de um telescópio tipo Newton também pode ser considerada uma alternativa. Existe literatura que ensina a construir instrumentos deste gênero, com resultados de alta qualidade, em termos de imagens obtidas (o autor conseguiu assim ter um ótimo telescópio sendo nessa altura um "teso" estudante). Atenção, isto é um empreendimento relativamente complexo devido essencialmente à precisão que deve ser conseguida na superfície dos espelhos e, por isso só recomendável a espíritos com muita, mas muita paciência
Esquema de um telescópio tipo Cassegrain
O sistema de Cassegrain é composto por um espelho secundário convexo hiperbolóide, que reflete a imagem para uma abertura no centro do primário, sendo então aí colocada a ocular para observação. Atualmente é mais utilizada a configuração Schmidt-Cassegrain na qual é colocada uma lente corretora na boca do tubo principal, que permite "fechar" todo o sistema, tornando-o mais compacto e resistente. Existem também telescópios Schmidt-Newton que, por serem mais curtos, se tornam mais fáceis de transportar que os Newton simples.