O Projeto Sinal, ou Projeto Pires como também era chamado pelos seus colaboradores, iniciou suas atividades a 22 de janeiro de 1948. Sua primeira tarefa consistia em coletar todos os dados referentes a aparecimentos e fenômenos de OVNIs, na atmosfera e, dentre o material coletado, selecionar os dados considerados importantes para a segurança nacional dos EUA. Em seguida, os dados tinham que ser comparados, elaborados e, finalmente, apresentados a determinadas autoridades governamentais. A meta principal do Projeto Sinal consistia, portanto, em saber se os OVNIS representavam ou não uma ameaça à segurança nacional. 
 

Duas semanas antes de o Projeto Sinal começar a funcionar, registrou-se um aparecimento extraordinário, que quase provocou um estado de histeria coletiva. E este acontecimento foi de tamanha amplitude, que durante quase um ano deu o que fazer ao Projeto Sinal.

Aos 7 de janeiro de 1948, testemunhas oculares avistaram sobre Louisville, Kentucky, um objeto prateado, em forma de disco, que emitia uma luminosidade avermelhada. Seu diâmetro media cerca de 80 a l00 m; seu vôo era dirigido para o sul. Logo após o aparecimento, a polícia estadual avisou a base aérea de Fort Knox e seu respectivo aeroporto, Godman Field;. quinze minutos mais tarde, o pessoal da torre avistou o OVNI. Depois de ter a certeza de não se tratar de um avião, nem de um balão meteorológico, o aparecimento foi comunicado ao oficial de serviço, ao oficial encarregado da Defesa e, por fim, ao comandante da base, coronel Guy F. Hix. Este último comunicou-se com o capitão Mantell, ao qual ordenou a decolagem imediata do seu F-51, em missão de reconhecimento.

O capitão-aviador, Thomas Mantell, de 25 anos, era um piloto altamente qualificado, veterano da Segunda Guerra Mundial, onde se distinguiu por bravura e fora condecorado com a ordem do Distinguished Flying Toss. Mantell fez parte do primeiro grupo de pilotos que bombardearam alvos alemães em Cherbourg e na costa francesa do Atlântico, quando operavam em missões preparatórias para a invasão britânico-norte-americana.

Naquela tarde do dia 7 de janeiro, além de Mantell, decolaram os tenentes Hendricks, Clements e Hammond, em perseguição ao objeto voador desconhecido. os instrumentos de radar acompanharam o rastro dos caças, até que, às 15 h, Mantell comunicou pelo rádio :

"Nada vejo, por enquanto; estou desviando em direção a Ohio River Falls".

Em seguida, Mantell fez os seguintes comunicados pelo rádio :

15 h e 02 m - visão boa - ainda nada a ver - altitude de vôo 9.500 m continuo subindo.

15 h e 09 m - altitude de vôo 10.400 m - ainda nada.
 

15 h e 11 m - Agora - aqui está o objeto - em forma de disco - enorme, grande - difícil de calcular - talvez 70 m de tamanho - parte superior com anel e cúpula - parece rotar com incrível velocidade em torno de um eixo vertical, central. Altitude de vôo 10.500 m. Fim.

Na torre as atividades fervilhavam. Como que hipnotizados, os técnicos em radar olhavam os seus instrumentos. E lá estava o objeto - que bruto disco!

15 h e 12 m - Comunicado do piloto no flanco direito: Vejo a coisa estou fotografando-a - Mantell está ao seu encalço. O objeto se encontra a uns 150 m acima do meu aparelho.

Procuro aproximar-me dele, intercalou o piloto no flanco esquerdo.

15 h e 14 m - Mantell: mais 900 m- estou dobrando a minha velocidade - devo alcançar o objeto a todo custo. Tem aparência metálica, brilha - está mergulhado numa luz amarela, clara - muda de cor, torna-se vermelho, cor-de-laranja...

15 h e 15 m - Cheguei a uma distância de somente 350 m - o objeto acelera - procura escapar - sobe num ângulo de quase 45°.

15 h e 16 m - Comunicado do piloto à direita: Mantell quase conseguiu pegá-lo - pode ser questão de uns poucos metros, apenas - o disco está acelerando - não posso mais acompanhá-lo - Mantell desapareceu na camada de nuvens.

Depois de perderem Mantell de vista, Hammond e Clements desistiram da caça e pediram autorização para aterrissar; a esta hora, Hendricks já havia voltado à base.

15 h e 18 m - Mantell: o objeto é enorme - Sua velocidade é incrível - Agora-

Lá pelas 16 h, o grupo de buscas e salvamento, imediatamente mobilizada, localizou os destroços do avião sinistrado, dentro de um perímetro de 1,5 km. O relógio de Mantell parou às 15 h e 18 m.

É claro, a imprensa noticiou esses acontecimentos com manchetes sensacionalistas, explorando-os ao máximo. Sem dúvida, uma coisa é o comportamento estranho de uma luz, surgida no céu noturno, e outra, é a morte de um piloto experimentado, em condições dramáticas, provocadas por um "disco voador", em plena luz do dia. A opinião pública ficou alvoroçada e mesmo algumas pessoas, até então incrédulas, começaram a mostrar-se preocupadas. Afinal de contas, não se tratava apenas de um misterioso fator desconhecido, mas, de algo potencialmente perigoso. Será que Mantell teria perseguido uma nave extraterrestre, com tripulação inimiga? Ou seria uma nova arma secreta dos russos? No ar não pairavam senão perguntas e dúvidas. 
 

Por sua vez, a Força Aérea e a equipe de pesquisadores do Projeto Sinal (projeto oficial de pesquisa ufológica) também ficaram desorientadas. Pelo menos esta seria a única desculpa para a explicação simplória apresentada à imprensa, e ao público em geral, no intuito de acalmar os ânimos. O respectivo comunicado oficial, patético em sua singeleza, dizia tão-somente: "Mantell teria caçado o planeta Vênus e pereceu, quando dele se aproximou em demasia". Esta teoria foi simplesmente arrasada pelos astrônomos e cientistas, contra-argumentando que, naquele dia (mormente, à luz do dia), o céu estava encoberto de nuvens, a ponto de tornar invisível o planeta Vênus. Então, era o caso de encontrar outra desculpa menos esfarrapada; explicaram que Mantell perseguiu um Sky Hook, um balão de reconhecimento. Pesquisas posteriores, reálizadas pela ATIC (Air Technical intelligence Center - Central de inteligência Técnica Aérea) revelaram a impossibilidade da presença de um balão de reconhecimento na região, à hora do acidente, já que essa Central possui a relação completa de todos os balões de reconhecimento soltos no espaço. Outrossim, naquele dia memorável, um engenheiro, de nome Scott, esteve no aeroporto de Godman Field; segundo o seu depoimento, a última frase pronunciada por Mantell teria sido a seguinte :

"Meu Deus - como é enorme! Tem janelas."

Scott afirrna ter assistido ao "replay" (repetição) da fita magnética, com este derradeiro pronunciamento de Mantell. No entanto, o relatório oficial suprimiu este detalhe. A força aérea sabia mais do que imaginavamos.

Fonte: "O Fenômeno UFO", Johannes von Buttlar, Editora Melhoramentos.