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A Dança dos Devixes
Rumi
O 'giro', meditação em movimento feita pelos dervixes Mevlevi, começou com Rumi. Conta a história que ele andava pela seção dos ourives em Konya (na Turquia) quando percebeu uma linda música no som dos martelos. Começou a girar em harmonia com o som, numa dança extática de entrega mas mantendo-se centrado. Ele chegou a um ponto em que o ego se dissolve e entra-se em ressonância com o espírito universal. Dervixe significa 'passagem'. Quando a comunicação flui de presença a presença, ocorre o darshan, com linguagem por dentro da visão. Quando a gravidade puxa com mais força, os dois se tornam um só giro que é molecular e galático e uma lembrança espiritual da presença no centro do universo. Girar é uma imagem de como o dervixe se torna um lugar livre para o humano e o divino se encontrarem. Para alcançar o todo, a parte deve ficar louca. Esse povo sagrado extático, chamados de "matzubs" na tradição sufi, redefine este tipo de loucura como a verdadeira saúde.
Quando viu os dervixes no Cairo, em 1910, Rainer Maria Rilke, o grande poeta espiritual deste século, disse que os giros eram uma forma de ajoelhar-se. 17 de dezembro é celebrado todos os anos como o dia do casamento de Rumi, a noite em que ele morreu e atingiu a união perfeita.
Um giro secreto em nós
faz girar o universo
A cabeça desligada dos pés,
e os pés da cabeça. Nem se importam.
Só giram, e giram.
- Rumi
Coleman Barks, tradutor para o inglês, The Essential Rumi, HarperSanFrancisco, 1995.
Girando...
A palavra dervixe descreve um Sufi que está à porta da iluminação. Um Sufi é um membro masculino da ordem dos dervixes rodopiantes, famosos em todo mundo. É um místico. A palavra Sufi vem da palavra-raiz grega 'sophos' que significa sabedoria. (Segundo o Xeque Abdullah Khalis El-Mevlevi, "...a palavra Sufi...[vem] da palavra árabe Sûf, que significa lã. Outra palavra para Sufis é tassawwuf que significa 'de lã'.")
No Oriente Médio acredita-se que o dervixe está em oração e que seu corpo se torna aberto para receber a energia divina. Os sultões turcos sempre consultavam os Dervixes em tempos difíceis. O girar deles gerava um efeito relaxante e hipnótico no qual os sultões podiam buscar orientação.
Durante essa cerimônia religiosa solene, acredita-se que o poder divino entra pela palma da mão direita, apontada para cima, passa pelo corpo e sai pela palma da mão esquerda, apontada para baixo, em direção à terra. O dervixe não retém o poder nem o direciona. Ele aceita que é o instrumento de Deus e portanto não questiona o poder que entra e sai dele.
Há discussões sobre pra qual lado se deve girar. Alguns pontos a serem observados:
Sempre comece o giro pela direita. Só depois de muitos giros você troca a posição dos braços e muda os giros para a esquerda (sentido anti-horário). Deve-se sempre terminar com giros completos para a direita. As oscilações e círculos de cabeça podem ser no sentido contrário do giro.
Tanura
No Egito, a dança de giros dos dervixes é chamada de Tanura. Lá, ela tem algumas peculiaridades e é onde mais se vê apresentações desta dança. A apresentação da Tanura tem 3 partes: a introdução, que é uma demonstração dos músicos e seus instrumentos; a dança de apresentação da dança da tanura, que é um aquecimento de tipo uma introdução dos dançarinos; e finalmente a dança tanura sufi (Darawishes).
A base filosófica dos giros vem dos Mawlawis, que dizem que o movimento do mundo começa e termina no mesmo ponto, sendo, portanto, circular.
Quando o dançarino da tanura se move, ele é como o sol, e os dançarinos ao redor são os planetas. Ele desamarra e tira quatro saias diferentes durante o final. Seus rodeios simbolizam a sucessão das quatro estações e os movimentos no sentido anti-horário são exatamente como o movimento ao redor do "Kaaba" (o santuário sagrado de Meca).
Na Turquia é comum ver os dervixes com a roupa toda branca, mas na Tanura o comum roupas é mais coloridas.
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