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Omar Khayyam
Vida e Obra
O Rubaiyat
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Omar Khayyám nasceu em Nishapur, cidade do nordeste da Pérsia, no Khorassán, em 18 de maio de 1048, e morreu em 4 de dezembro de 1131. Durante sua vida tornou-se famoso por suas contribuições à matemática e astronomia, reputação esta que provavelmente serviu para eclipsar seu talento para a poesia. Além de poeta, Khayyám foi matemático e astrônomo.
No ocidente, ficou conhecido nos países de língua inglesa devido à tradução realizada por Edward FitzGerald de sua obra principal, o Rubaiyát, publicado em 1859. Os trabalhos de Khayyám em álgebra foram difundidos na Europa durante a Idade Média; nas ciências astronômicas, ficou conhecido por ter contribuído para a reforma do calendário Persa e numerosas tabelas astronômicas.
Khayyám mediu o comprimento do ano em 365,24211958156 dias. Se levarmos em conta esta medida ter sido feita em plena Idade Média e sem os avançados recursos da tecnologia atual, este valor mostra uma incrível precisão em relação aos valores atualmente conhecidos. Atualmente sabemos que o comprimento dos dias, durante o período da vida de uma pessoa, varia após a sexta casa decimal. A precisão alcançada por Khayyám é fenomenal: para comparação, devemos citar que o comprimento do ano ao final do século XIX era de 365,242196 dias, sendo hoje de 365,242190 dias.
Em seu livro de álgebra, Khayyám se refere a outros trabalhos seus que, infelizmente, estão hoje perdidos. Nestes trabalhos ele discutia o Triângulo de Pascal, mas não foi o primeiro a fazê-lo: os Chineses o haviam feito. A álgebra de Khayyám é de natureza geométrica, tendo resolvido equações lineares e quadráticas por métodos que estão presentes na Geometria de Euclides. Entretanto, ele descobriu um método para resolução de equações cúbicas, por meio da intersecção de uma parábola com um círculo mas, pelo menos em parte, este método já havia sido descrito por outros autores como Abud al-Jud.
Khayyám contribuiu com importantes resultados no estudo das relações e razões entre raios na Geometria de Euclides, incluindo o problema de sua multiplicação. O nome Khayyám é proveniente do termo "fabricante de tendas", ofício que aprendeu com seu pai.
Omar Khayyám recebeu uma boa educação em ciências e filosofia em Nishapur e em Balk, outra cidade do Irã. Após se formar, seguiu para Samarkand, onde completou importante tratado em álgebra. De tal modo tornou-se conhecido que foi convidado pelo sultão Seljuq Malik-Shah para realizar as observações astronômicas citadas. Foi comissionado para construir um observatório astronômico na cidade de Esfahan, em colaboração com outros astrônomos. Após a morte de seu patrono, em 1092, realizou uma peregrinação a Meca.
Retornando a Nishapur, passou a dar aulas na corte de tempos em tempos, realizando predições astronômicas e astrológicas.
De sua prosa, infelizmente, sobreviveu muito pouco; de seus trabalhos restam apenas alguns sobre metafísica e sobre os teoremas de Euclides. Khayyám destacou-se por seu extraodinário senso poético, expresso no Rubaiyát. O lado poético do Persa, desde que foi redescoberto por Edward FitzGerald por volta de 1859, é o mais conhecido hoje em dia, tendo sido objeto de inspiração para muitos poetas de nossa época, dentre os quais Jorge Luiz Borges e Fernando Pessoa. Ao trabalhar com conceitos relacionados às profundezas da alma e da psique humanas, Khayyám escreveu as mais belas páginas da literatura universal.
A filosofia de Omar Khayyám impressiona-nos até hoje, lembrando-nos de Epicuro, sendo no entanto profundamente Persa em sua audácia e resignação. A poesia de Khayyám incorpora opiniões filosóficas que sobrevivem até os nossos dias, e dizem respeito a ontologia, a conceitos universais, ao livre arbítrio, à predestinação e às obrigações morais. Também nela se percebem claras referências às relações do ser humano para com o Criador e deste para com o Homem, em uma reciprocidade de responsabilidades e cuidados. Segundo E. FitzGerald, é interessante notar que o poeta, assim como outros pensadores Islâmicos, embora tenha sofrido influências da filosofia Grega, não absorveu os aspectos mais abstratos daquele modo de pensar. Khayyám preferiu expressar-se mediante figuras de uma retórica epicureana que, embora audaciosa para o seu tempo, o fez tornar-se obscuro em vida e esquecido, anos após sua morte, em sua própria terra.
Há duas correntes de interpretação da poesia de Khayyam: a que a aceita ao pé da letra e tende a considerá-la por conseguinte como um hino às alegrias da vida - ao amor e ao vinho - e mais nada (caso da primeira tradução para o Ocidente, feita por Fitzgerald); e uma corrente que procura interpretar alegoricamente os rubaiyat vendo através de suas digressões profanas uma exaltação da divindade inspiradas no Sufismo, o misticismo muçulmano.
A lírica da poesia persa é tomada pelo espírito árabe, que influenciou tanto na sua essência quanto na sua forma. Possui cinco formas:
Tanto quanto o hai-kai japonês, o rubai tem uma capacidade de síntese e representatividade impossível de traduzir. As línguas orientais possuem uma força de condensação que as ocidentais estão longe de igualar, de modo que uma quadra em português não consegue dizer tanto quanto um rubai persa.
Quando a aurora surgiu com suas mãos radiantes,
Escutei na taverna uma voz conhecida:
"Desperta, meu amigo, e encha-se a taça, antes
Que seque em sua taça o vinho desta vida"
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Vem, enche a Taça e à chama azul da Primavera
Atira o Manto frio do arrependimento.
O Pássaro do Tempo ei-lo que não espera.
Está quase a voar! Aproveita o Momento!
Tradução de Jamil Almansur Haddad
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