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Morocco (Carolina Varga Dinicu)

 Por Thânia Allan

Aunt Rocky

Conhecer a Rocky pessoalmente faz tudo que eu possa escrever, e é uma infindável lista de feitos, prêmios, palestras, workshops, viagens, apresentações, parecer tão frio. É só visitar o site dela para se ter uma idéia. (clique aqui)

Estar perto da Morocco é respirar arte. Mais do que movimentos, se tem a oportunidade de desfrutar conhecimentos adquiridos durante aproximadamente quarenta anos. De alguém, que não apenas escutou, porque escutou muito, mas foi lá, pesquisou, conviveu, se embrenhou em tribos, se arriscou, pagou o preço pelo conhecimento.

Qual estudante de dança do ventre, oops, Middle Eastern Dance, como diria a Rocky, poderia desprezar tal oportunidade de aprendizado? Ao me inscrever para o workshop dela, não tinha idéia como a minha visão limitada sobre a dança do ventre seria abalada. Descobri um outro mundo, uma outra dança. Não sou mais a mesma depois de vivenciar o workshop da Morocco.

Diretora, perquisadora e coreógrafa do grupo Morocco & Casbah Dance Experience, ela criou este grupo para mostrar a variedade e fascínio das danças étnicas do Oriente Médio e África do Norte para o público em geral e oferecer às pessoas oriundas desta região que morassem no Ocidente um pouco de "casa". Ela passou mais de 39 anos tentando achar, resgatar, preservar e apresentar estas danças antes que desaparecessem devido à modernização ou ao fundamentalismo. É uma herança valiosa que deve ser salva da extinção!

Morocco é considerada uma autoridade em seu campo nos Estados Unidos e no mundo, isto é evidenciado pelos freqüentes convites para ensinar mestras e bailarinas experientes na Alemanha, Suécia, Noruega, Áustria, Suíça, Finlândia, Austrália, Israel, Egito, Inglaterra, Marrocos, Itália, e agora Brasil!

Através de inúmeras vezes ter observado no local de origem estas danças, ter perguntado e também participado, Morocco coleciona todas as músicas, passos e estilos de cada dança. Ela escolhe uma variedade de passos e movimentos mais típicos e os apresenta em uma coreografia fiel a suas origens, enquanto agradável aos olhos e ouvidos do público em geral.

Morocco abriu a porta para a Dança do Oriente Médio nos museus, escolas, no Lincoln Center, como uma forma válida de apresentação. Suas pesquisas a levaram para o Marrocos, Egito, Tunísia, Algéria, Líbano, Síria, Jordânia, Irã, Iraque, Turquia, Azerbaijão, Uzbequistão, Turcomenistão, Casaquistão, Tadjiquistão, Kirghizia, Georgia, Armênia, Grécia, Iugoslávia, etc. Morocco continua a se apresentar, ensinar, pesquisar, escrever e dar palestras e espera "continuar assim até seis semanas depois que eu morrer..."

Em 1958, depois de se formar bacharel em Línguas e Educação, Morocco começou a estudar Flamenco para relaxar enquanto tentava o mestrado. Ela se tornou uma profissional em 1960, se apresentando com grandes nomes como Curro e Olga Amaya, Pepita Ortega e Goyo Reyes. Para horror de sua família, ela abandonou seu emprego como tradutora comercial em uma firma na Wall Street para se juntar ao Ballet Espanhol Ximenez-Varga em um tour de dez semanas. Porém ela sabia que tinha que seguir sua alma, ou perdê-la para sempre.

Quando tinha 20, ela acidentalmente se viu numa apresentação de dança do ventre. Naquele tempo, existiam cerca de 13 restaurantes típicos do Oriente Médio e Mediterrâneo localizados em três quarteirões em um bairro conhecido como "Greek Town" e não havia dançarinas suficientes. Foi quando recebeu seu nome artístico, batizada pela proprietária do primeiro restaurante onde dançou. Ela lhe deu o nome artístico de Morocco por que ela parecia Marroquina.

"Tão logo eu escutei a música, me apaixonei. Eu tinha que saber mais", ela diz. Mas não havia escolas de dança nem professoras naquela época. Morocco aprendeu vendo e escutando dos membros da comunidade árabe que frequentava os clubes. "Eu seguia as avós no banheiro e implorava que ensinassem os movimentos da dança que eu havia acabado de vê-las fazer."

Morocco foi convidada a frequentar a casa destas mulheres e desta forma começou a aprender não só a dança, porém a própria cultura e contexto da dança ao mesmo tempo. Então ela se sentiu insultada e entristecida quando encontrou esteriótipos extremamente negativos associados a esta dança, e decidiu dedicar a sua vida a corrigir esta imagem.

Ela se tornou uma pioneira neste campo e começou a viajar para os países de onde a dança se originou, primeiramente para Marrocos, Algéria, Egito, Turquia, a antiga União Soviética. "Você encontrará esta dança em toda parte do mundo que se fala turco ou árabe. Está por todo o Oriente Médio e Próximo, África do Norte, Ásia Central e Caucaso. As linhas políticas no mapa podem ter mudado, mas isto é uma dança do povo e o povo continua dançando através das mudanças políticas." Morocco estava interessada em documentar as raízes da dança, e os diferentes estilos e tipos de roupas.
    Enquanto a Morocco viajava pelo país de Marrocos nos anos de 60 e, disfarçada como uma serviçal muda, foi capaz de presenciar um grupo de mulheres reunidas em volta de uma mulher em trabalho de parto, todas fazendo a "dança do nascimento", articulando os músculos da barriga (estômago), ela escreveu um artigo que estabeleceu isto como uma das raízes da dança.

Seus artigos em vários aspectos da dança aparecem em várias publicações - acadêmicas, políticas e culturais - e ela foi a editora informal e consultora de muitos livros proeminentes sobre a história da dança. Em 1977, ela fundou a Academia Morocco de Dança do Oriente Médio (Morocco Academy of Middle Eastern Dance) em Nova Iorque, e tem ensinado por todo o mundo e liderado tours por toda a região desde então.

Com uma biblioteca pessoal de 2.800 livros e documentos relacionados à dança, ela própria pode ser considerada uma enciclopédia. Com toda esta informação, pode se esperar uma certa "atitude" por parte da Rocky.

Entretanto, ela afirma que aceita e aprecia performances, interpretações pessoais e danças inspiradas em danças do Oriente Médio, desde que não sejam culturalmente ofensivas e apresentadas com talento. Apenas acha que o público deve ser esclarecido sobre o real conteúdo da apresentação, e não deixar que entendam que é uma dança autêntica da região. Morocco se preocupa que tanto da dança esteja desaparecendo diariamente.

Ela se sente obrigada a preservar e passar para outros o que ela aprendeu durante toda a sua vida.

A oportunidade de estar em contato com tanto conhecimento e que é dado tão generosamente, na minha opinião, é imperdível! Participar de um workshop com a Morocco é viajar pelo Oriente Médio, suas músicas, ritmos, danças, povo, cultura, e tudo isto sem sair da sala de aula.

Fontes:
artigos Morocco's homepage
Cairo Times de 2000
O Coração da Morocco bate pelo Egito

Curso em SP Na foto, eu (Mônica - à dir) e minha irmã (Raquel - à esq) com a Morocco, em seu curso em SP, jan/2002

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