Após três anos sendo mantida e preenchida por pessoas comuns
que acreditaram no sonho da comunidade global e instantânea, sem
fronteiras e sem governos, a internet chega ao fim.
Criadores de páginas de internet que perduraram em contratos
de aluguel de hospedagem em
domínios internacionais de três anos, vêem que como
resultado prático não houve nenhum retorno,
além da experiência em administrar redes. Além
disso a prometida integração global, conhecer novos
amigos, culturas diferentes, ser reconhecido mundialmente por suas
próprias capacidades e não pelas
limitações sociais do meio de origem, não estavam
na internet. Velhas amizades não se tornaram mais fortes, novas amizades não surgiram, pelo anonimato involuntário
que o próprio meio de
comunicação oferece, quase ninguém conseguiu o
que a nova era prometia. Amizades tênues não
receberam novo impulso, apesar da discrição oferecida
na rede.
Mas estas pessoas merecem o nosso crédito pois foram elas que
fizeram a rede perdurar tanto durante tanto tempo. Afinal a maioria acessava
ela como entretenimento nas folgas da jornada de trabalho. Havia poucas
pessoas ousadas a ponto de alugar uma conta de acesso particular e manter
uma página pública na internet. Ofereceram serviços,
a maioria se não todos gratuitos, livres de quaisquer taxas para
o visitante. O intuito era atrair visitantes e quem sabe conseguir novas
amizades. Havia as páginas que mantinham programas grátis
ou de experimentar por trinta dias, páginas de serviços como
conta de correio eletrônico gratuito. Páginas de programação
internet com escripites para diversas plataformas, como o mirc de Khaled
Mardam-Bey, já não estão mais no ar. Segundo a última
nota de uma das pioneiras páginas de escripite para mirc, já
fazia três anos a página funcionava, ganhando um acabamento
mais sofisticado a cada atualização e oferecendo escripites
gratuitos, e por ventura recebendo créditos através dos atalhos
para páginas de patrocinadores que eram fixados na página
principal. Mas como dizia o anúncio na página principal o
projeto já acabara, e era tempo de pensar em coisas mais concisas
como o trabalho diário fora da residência. O webmaster era
famoso e usava o apelido de Freakazoid e até setembro ou outubro
de 1999, sua página de despedida ainda deve estar disponível,
em algum atalho da página do Altavista.com um site de procura muito
popular e gratuito.
Outra página que também chegou ao seu fim foi a B and
B's Place.....gardening,birding,graphics,travel. uma página de um
casal brasileiro, com residência em algum lugar do mundo. Nessa página
havia cartões postais de correio eletrônico gratuitos, matérias
sobre jardinagem e criação de pássaros de viveiro,
como é o exemplo do canário, o famoso Tweety ou Piu Piu :)
Ainda há uma página que fazia cartões postais grátis
de correio eletrônico com fotos do Bon Jovi, mas o serviço
de cartões parece não estar mais funcionando. Talvez seja
mudanças na configuração da página que fornece
esse serviço para aquela página, pois o domínio que
fazia funcionar o escripite para envio dos cartões postais ainda
existe.
Sem tristeza ou melancolia, saiba que tudo isso foi uma fase, e a promessa
de integração global independente de cultura, sociedade e
origem foi apenas um sonho. Mas são os sonhos que impulsionam as
pessoas a novas descobertas.
Os domínios corporativos tomam contam da Internet
Aproveitando a experiência e a identificação da
maioria dos usuários com os serviços gratuitos da grande
rede mundial , as grandes corporações começam a criar
serviços gratuitos mais abrangentes. Por outro lado esses serviços
ficam limitados a uma permanência ou contato direto com a página
principal da corporação. Serviços de hospedagem gratuito
de páginas requerem que o acesso e as tarifas fiquem entretanto
por conta do usuário da rede. Contas de e mail gratuito ainda existem
pela rede, mas todas são mantidas por corporações.
O acesso para a consulta e uso é feito na própria página,
onde ficam as imagens de propaganda e os atalhos para as páginas
de patrocinadores.
Algumas corporações prevendo o fim da Internet e que apenas
um serviço limitado de hospedagem e correio eletrônico grátis
não seriam o suficiente para manter o assinante de uma conta de
acesso ligado à rede por muito tempo, especialmente quando se esgota
o que atualizar na sua página, fizeram algo mais ousado. Essas páginas
agora permitem hospedagem ilimitada de volume de dados. Isto naturalmente
é teórico, mas ideal e tem provavelmente limitações
quanto o tamanho de cada arquivo e o tipo de arquivo que pode ser atualizado
na página.
Poucas corporações, temendo que a falta de tempo para
se navegar na Internet durante a jornada de trabalho, e que o custo oneroso
da conta da companhia telefônica, somado a uma assinatura de acesso,
faça com que a rede perca muitos usuários qualificados e
sem tempo, criou uma nova forma de serviço gratuito. Surgiu assim
o acesso ilimitado à rede com tarifa gratuita, ficando por conta
do usuário apenas a antiga tarifa da linha telefônica. Isso
porém é um serviço mundialmente limitado, totalmente
gratuito, no mundo todo só existem dois até o momento, a
freeservers.com da Inglaterra e a microav.com dos Estados Unidos. Outros
provedores de acesso gratuito são vinculados a possuir uma conta
bancária na corporação.
Serviços de cartões postais gratuitos existem há
longo tempo, tanto de servidores pessoais quanto de corporações.
Não é algo fora de moda, mas pode parecer pouco veloz comparado
a outras formas de comunicação na rede.
Há algum tempo é sábido que a rede pode ser usada
por um dispositivo particular de comunicação privada por
quaisquer usuários que tenham uma interface compatível e
um servidor real ou virtual. Em contrapartida, existem os programas prontos
e limitados de comunicação. São os navegadores feitos
sob medida para salas de conversação instantânea das
páginas da rede. Surgiram recentemente novos navegadores com qualidades
de animação e aparência muito amigável, mas
limitadas às páginas de corporações para que
permitam a conversação. Pequenos programas de conversação
exigem uma página de lista de usuários cadastrados, ou o
portador não saberá com quem conversará.
O que acabou com a Internet.
A falta de julgamento pelas pessoas que usavam do local de trabalho.
Deveriam considerar os usuários que assinavam o serviço de
acesso como pessoas privilegiadas que usavam parte do seu tempo para tornar
a navegação mais agradável e gratificante. O que ocorria
geralmente, é que eram tratados como estranhos na terra e discriminados
tanto pelos usuários corporativos, quanto pelos próprios
operadores de algumas páginas. Fato comum pelo menos nessa parte
do mundo é que os operadores de provedores de acesso ou de páginas
de conteúdo também interagirem nos canais de conversa instantânea
pela rede.
A imaturidade e o despreparo de usuários e prestadoras de serviços
na rede. Se de um lado o usuário era novato e nada entendia de internet,
do outro lado, os técnicos e quem mantinha os serviços de
hospedagem, gratuitos ou pagos, não sabia como oferecer ajuda. Não
existia um tutorial, apenas interesse em ter o usuário como membro
da comunidade. Páginas demoravam um ano para vingar como cem por
cento acessível e sem defeitos e com atrativos qualificados para
o público.
A questão econômica e financeira. Apesar dos últimos
esforços em se criar loterias e outros sorteios na rede a fim de
manter o usuário como freqüentador assíduo da rede,
as razões eternas de esforço e retorno perduram. Manter uma
conta de acesso, pagando uma tarifa telefônica, além de se
passar temo precioso do desenvolvimento pessoal, profissional ou intelectual
na frente de um computador, pode não parecer um bom negócio.
Principalmente quando se vê que a falta de poder interagir ou obter
pelo menos o reconhecimento pelo que faz, é mais economicamente
viável boiando na frente de uma tela de televisor doméstico.
Quanto à jornada de trabalho, a necessidade de se trabalhar mais
horas para conseguir algo aproximado do que se consegui há três
anos atrás, faz com que o usuário descarte o valor de se
passar um tempo do seu trabalho navegando na internet.
A liberdade e o futuro
A internet é um lugar onde a comunicação livre
impera, mas os recursos financeiros e técnicos estão do lado
das corporações, e os usuários preferem navegar sob
essas limitações. Apesar de que usar um antigo programa de
comunicação privada e manter o servidor, mesmo que local
no microcomputador, seja uma boa e discreta opção para as
antigas amizades, a rede oferece muitos recursos. Em troca de conforto
e espetaculares animações, som e outras inovações,
a maioria dos usuários entrega a liberdade de comunicação
e a possibilidade de realmente se integrar à comunidade global,
independente de governos.
O futuro
Imagino no futuro, encontrando um terminal em cada esquina com os serviços
de telefonia e de correio eletrônico, além de acesso a jornais
e até a compras pela rede. Mas isso será possível
se não houver escassez de recursos técnicos. Pessoas
qualificadas a interagir com a rede e com conhecimentos para colocar as
empresas na internet são o princípio. Atualmente toda grande
corporação tem recursos materiais e financeiros para tanto.
Mas não são elas que formam os especialistas, e o uso limitado
da rede pelos poucos privilegiados que a usam regularmente, não
promete um futuro brilhante.
Mas sabe o que quero no momento? Fanta uva
e franguinho :) empanado!
Nossa já anoiteceu? Xau :D
21 outubro de 1999, Quinta-Feira - Thursday, 1999 October 21st