The Prodigy
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Décadas:
90, 00 Estilos: Techno, Hardcore, Breakbeat O período compreendido entre 88 e 92 foi especialmente interessante para o desenvolvimento do cenário Dance europeu, com toda uma legião de produtores e artistas surgindo de toda parte, absorvendo influências do Hip Hop, Acid House e Techno, e criando um som próprio, bem diferente do que era produzido até então na América. E era interessante que, a medida que a cena Rave se desenvolvia, baseada em Ecstasy, Techno e uma atitude nunca antes vista, qualquer "proto-clubber" poderia se tornar um artista e, usando equipamentos baratos e cada vez mais acessíveis, poderia recortar algumas faixas e fazer a alegria daquelas pessoas que só pensavam em dançar e dançar (chegavam a abandonar seus empregos para se dedicar a 24 horas de Rave...) A história do Prodigy não é diferente. Sim, o mais bem sucedido "dance-act" (será Dance?) da década de 90 veio exatamente desta cultura Rave / Breakbeat, onde pessoas comuns se encontraram, ouviram alguns discos, apertaram alguns botões e acabaram por se tornar mega-stars, contrariando a filosofia "Electronica" de ser "música sem cara" e se aproximando do status de Rock Stars. Liam Howlett (mentor e produtor do grupo) era um cara diferente... Embora criado sob finas artes (ele aprendeu piano a partir dos 5 anos), foi no Hip Hop de seu primeiro grupo "Cut to Kill" que ele desenvolveu não só um gosto pelo som urbano americano mas também pelas técnicas de estúdio e produção. E como todo bom britânico de seu tempo, sua mudança filosórica para o som Acid House foi apenas questão de tempo. E justamente nessa época, surgia a cena Rave, descendente direta do som eletrônico americano e de tudo o mais que Liam curtia: Techno, Reggae, Hip Hop e o que mais surgisse pelo caminho. Sendo DJ, ele já estava inserido na coisa, e começou a perceber que também podia fazer o som, e não apenas tocá-lo. Reza a lenda que, no mesmo ambiente clubber do condado de Essex (UK), Liam teve o primeiro contato com Keith Flint, outro Hardcore-freak, assíduo frequentador das Raves clandestinas do local. Ele teria ficado muito empolgado pela atuação de Liam nas pick ups e pedido uma fita com alguns sons já produzidos por Howlett. Em casa, Keith teria colocado algumas letras sem sentido, urros e tal, transformando a música em algo novo. A esta altura, Liam já tinha um EP lançado "What Evil Lurks", que acabou por se tornar um hit no underground Dance britânico. Juntos, os dois ainda chamaram o dançarino Leeroy Thornhill, também frequentador das Raves para compor o trio The Prodigy, nome retirado do primeiro sintetizador de Liam: o "Moog Prodigy", hoje extremamente raro entre os viciados em sintetizadores analógicos. O trio acabou conseguindo um contrato com uma gravadora chamada XL Records, que relançou "What Evil Lurks" em Fevereiro de 91. E seis meses depois, o segundo single "Charly", feito sob um sample de um anúncio de produto infantil. O single atingiu o segundo lugar na parada Dance britânica. A essa altura, o Prodigy já era até copiado por outros Rave Acts, mas claro que o original estava sempre ditando as regras. Tanto que em 1992, o trio lança "The Prodigy Experience", um dos primeiros LP's lançados por um grupo de origem Rave. O álbum mostra a realidade nua e crua do Prodigy, e que seria sua marca durante toda a década: Breakbeats nervosos, vocais infernais e samples de tudo que é procedência, principalmente extraídos das músicas do mestre do Reggae Dub Lee "Scratch" Perry. O álbum foi muito bem nas paradas, atingindo o status e Ouro, na Inglaterra. Em 93, o grupo ganha a adesão de Keeti Palmer, mais conhecido como Maxim Reality, um autêntico MC, vindo diretamente do Hip-Hop / Ragga. Paralelamente, Liam segue fazendo remixes para artistas como Jesus Jones e os magos do Technopop belga, Front 242. E finalmente, mais um single "Earthbound". Depois de alguns meses de trabalho, é lançado o single "No Good (Start the Dance)" e, logo em seguida, o novo álbum "Music for the Jilted Generation". O álbum apresenta uma evolução no som do grupo numa direção mais Rock, com samples e acordes de guitarra. E claro, o agora popular Drum'n Bass começa a aparecer com certa frequência nas músicas. O álbum mais uma vez quebra o Top 10 Dance britânico e ganha o prêmio "Mercury Music Prize" de melhor álbum do ano (neste momento, o primeiro mundo começa a olhar com mais carinho para a música eletrônica, sempre estereotipada pelo mundinho Rock and Roll. Os anos seguintes foram de turnês e mais turnês pelo mundo, onde o Prodigy provou que música eletrônica também se faz ao vivo. Suas apresentações cheias de fúria e energia começaram a chamar a atenção da crítica num sentido de classificar o som do grupo como "Rock eletrônico", para que este pudesse ser absorvido pelos fãs do gênero. Preconceitos a parte, o Prodigy seguia a década de 90 apresentando seu novo look: MC insandecido coberto de tatuagens (deve ser Henna...), um vocalista completamente pirado a la "Johnny Rotten" (Sex Pistols), um dançarino de borracha que não para um segundo e claro, um camarada sisudo atrás de uma muralha de aparelhinhos eletrônicos. Pronto! O Prodigy já era cult-Rock... Finalmente, em Março de 96 o Prodigy ressurge com um novo single. "Firestarter", seria um novo marco na carreira do grupo, trazendo os vocais doentios de Keith Flint aliados a uma batida explosiva e guitarras abafadas. O vídeo também marcou a incursão do grupo numa onda de vídeos polêmicos, que acabariam por ser banidos das redes de TV mais conservadoras (inclusive a MTV). "Firestarter" chegou ao ponto de assustar crianças incautas que assistiam o célebre "Top of the Pops" na ocasião de sua primeira veiculação. E mais um Top 10 para a lista da trupe. Embora não tenha feito tanto sucesso nos EUA (esses americanos...), o clipe serviu para apresentar o Prodigy às grandes massas yankees, e seria apenas uma mostra do álbum "The Fat of the Land" que viria na sequência. O álbum, um marco na história da música eletrônica, vinha recheado do que o Prodigy sempre fez bem: breakbeats que fazem a terra tremer, vocais diabólicos, efeitos bizarros e tudo o mais. Entretanto, muitos especialistas notaram uma certa (bem longínqua) tendência Pop no trabalho. Vale lembrar que os vídeos dos singles seguintes "Breathe" e "Smack my Bitch Up" fizeram sucesso e causaram polêmica, respectivamente. "Breathe" foi um dos vídeos mais executados durante o ano de 97 e "Smack my Bitch Up" foi banido até da liberal MTV européia, devido a sua sequência vertiginosa de abuso sexual, uso de drogas, violência e tudo de sinistro que rola em toda boa sociedade moderna. Mais turnês se seguem, com um sucesso fora do comum. Até no Brasil eles vieram! E duas vezes! A primeira no Rio e a segunda em São Paulo. O show de São Paulo havia sido cancelado por causa do famigerado parafuso enferrujado, que não teria suportado o peso do palco e fez ceder uma das colunas de sustentação (isso mesmo, um parafuso...). Claro que São Paulo não poderia ficar pra trás do Rio, e tratou de agendar um show exclusivo em 99. O último trabalho do Prodigy até agora foi o álbum "The Dirtchamber Sessions" (1999), onde Liam Howlett mostra todas as suas habilidades de DJ, mixando sons próprios e alguns favoritos seus. Mas está previsto ainda para 2003 um novo trabalho. E embora milhões de clones tentem acontecer no cenário musical só o Prodigy consegue agradar gregos e troianos com sua fusão Techno-Rock. Estaria nascendo um novo estilo??? TRIVIA: embora seja um sucesso de vendas, o Prodigy se recusa terminantemente a trabalhar e remixar outros artistas moderninhos como Madonna e David Bowie, recusando insistentes convites para trabalhos conjuntos. |