Sophie Ellis Bextor
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Décadas:
90 Estilos: Club/Dance, Eurodisco, Europop Segundo a crítica especializada, os anos 90 estiveram repletos de boys intelectualóides com uma atitude tipicamente "nerd", que ditaram ("ditaram" é a palavra certa) o que deveríamos ouvir, se o assunto fosse Pop/Rock. Mas, se analisarmos bem, veremos que até na Eletrônica podemos constatar alguns casos, como os Chemical Brothers. Resumindo, esta estética foi muito marcante nos anos 90, padronizando o perfil de seus artistas. Entretanto, em 1997, um "estranho" grupo começou a ganhar atenção no circuito indie inglês, composto por uma jovem vocalista magrinha e outros tipos elegantemente vestidos, sempre em preto. Com um ar mais arrojado e atitude mais cool, eles acabaram decolando para a fama, graças a suas músicas inteligentes e belos vocais. Soma-se a isto o fato de que sua vocalista (ainda adolescente) era uma moça muito bonita. E lá estava Sophie Ellis Bextor à frente do grupo Theaudience (assim mesmo, junto...), trazendo de volta uma sonoridade New Wave, mas com toques mais modernos (aliás, o Blur também faz isso muito bem, mas se enquadra na estética "nerd"). Essa atitude não seria de todo original, pois já tinha representantes como o Ace of Base (1994) e, mais tarde, The Corrs. Mas a música do Theaudience era mais agressiva, de certa forma. De Londres, o grupo ganhou o mundo como uma máquina de hits, destacando um deles com um título criativo: "I've Got the Wherewithal." Entretanto, a alegria durou pouco, pois conflitos internos puseram um fim ao Theaudience. Mas, já havia quem dissesse que Sophie estava ali só de passagem. E a separação do grupo acabou servindo para que ela procurasse um rumo para sua nova carreira solo. Mas a vida não foi fácil para a jovem Sophie: ela teve que ralar muito, de canto em canto, para conseguir um lugar ao sol, o que era especialmente difícil pois ela era uma artista basicamente dependente de imagem (não desmerecendo seu trabalho, obviamente). Tanto foi que ela chegou ao cúmulo de fazer uma aparição no chatíssimo seriado "Dawson's Creek" ( ! ). Ironicamente, o sucesso só viria em 2000, através de uma fusão Disco/House, como veremos a seguir. Se temos que admitir uma coisa sobre a Dance Music, é a sua falta de imagem. Às vezes, temos a sensação de que é uma música feita não só com computadores mas por computadores. Mas esta tendência está mudando, pois muitos eletrônicos modernos estão mais aparecidos do que Rock stars. Veja o caso do Prodigy e do Eiffel 65. Esse não era o caso do DJ italiano Spiller, que já era famoso no circuito underground da terra da Pizza. E um de seus trabalhos explodia as pistas de dança, quando era executado. A música se chamava "Groovejet", e já era requisitada insistentemente pelos clubbers locais. Embora sem vocais, "Groovejet" era uma produção de altíssimo nível, com barulho de jato decolando e uma percussão quase latina. Spiller sabia que se tratava de uma obra prima, mas incompleta. Só faltavam os vocais. E esta escolha teria que ser muito bem feita, pois podia colocar tudo a perder. Aqui entra justamente Sophie Ellis Bextor, que adicionou uma boa dose de pimenta à música. O resultado foi uma música com um base violentíssima, um vocal perfeito e um número 1 Dance hit por todo o mundo. Não teve jeito: pista de dança que se prezava tinha que tocar esta! O sucesso dos dois não parava, pois, além do clip (alta rotatividade nos canais musicais da Europa), eles adquiriram uma "imagem", devido ao fato de serem frequentadores assíduos dos "Top of the Pop"'s da vida. Inclusive, a execução ao vivo de "Groovejet (If this Ain't Love)" (novo nome da música) contava com percussão, violinos e backin' vocals. Sem dúvida, um marco da Dance Music neste novo milênio... Claro que Sophie não poderia ficar pra sempre presa ao sucesso de "Groovejet". Aproveitando o frissom adquirido com a música, ela tratou de providenciar um álbum baseado em sua nova paixão pela música dançante. O single "Take me Home" deu uma prévia do que encontraríamos em "Read my Lips", ou seja, Dance Music com influências Soul/Pop dos anos 80 e, claro, muita Disco Music. O single foi um sucesso, e conseguiu tirar a "boy band" Five do Top 10 inglês. Isso foi um prato cheio para a imprensa especulativa, pois criava uma competição entre Sophie e a ex-Spice Girl Victoria Beckham, na preferência nacional (Victoria é muito popular na terra da rainha). De fato, Sophie Ellis Bextor daria uma perfeita "Posh Spice"... O segundo single é mais legal ainda: "Murder on the Dance Floor". Aqui, já dava pra ter uma prévia do álbum, quase totalmente baseado neste tipo de Dance Music. Nenhuma novidade, mas muito bem feito. Isso demonstra bem a opinião de Sophie que vê muita covardia na música atual, e um medo de que as coisas dêem errado e o disco fracasse nas paradas. Segundo ela, os artistas deveriam ter mais confiança e fazer seu trabalho como quiserem. Se der errado, paciência... (Mas, ela pensaria assim se "Read my Lips" tivesse fracassado nas vendagens?) |