Stereo MC's
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Décadas:
80, 90, 00 Estilos: Acid Jazz, Club/Dance, Hip Hop Corria o ano de 1993. Na época em que a revista Show Bizz era muito legal, saiu uma reportagem falando sobre um tal processo de "desgrungilização". Trocando em miúdos, o estilo conhecido como "Grunge" começava a dar sinais de exaustão, e o que começou como todo grande movimento musical (como Punk, House, Disco...) ficava cada vez mais comercial, trazendo o inevitável desgaste, e consequentemente, a rejeição de boa parte de seu público. Sempre foi assim e sempre será. Mas a reportagem dava algumas dicas sobre como se virar num mundo sem Grunge: e uma dessas sugestões apontava justamente uma banda (sim, uma banda!) de Dance Music que acabara de criar um alvoroço no circuito dançante mundial, com seu novo álbum "Connected": claro que estamos falando de uma das maiores pérolas da Dance Music dos anos 90, os Stereo MC's! Embora a reportagem apresentasse os Stereo MC's como uma novidade, a banda surgiu bem antes de ser descoberta por terras brazilis, tendo sua origem no ano de 1985. Naquele ano, Rob B. e o DJ The Head formaram o selo Gee Street, a fim de produzir e divulgar sua própria música. O selo acabou dando certo, e assinando contrato com um outro selo de Nova York "4th & Broadway", que era responsável por lançar seus singles nos EUA. Tudo isso foi um preparativo para o debut do grupo, o álbum "33-45-78", isso já em 1989. Em 90, o grupo lança seu primeiro grande sucesso "Elevate my Mind", já contando com uma formação "banda": o baterista Owen If e a vocalista Cath Coffey. O single, um típico Hip Hop britânico, foi o primeiro do gênero a alcançar o Top 10 americano, um feito extraordinário, mesmo para um grupo britânico (de Hip Hop ainda por cima!). Um novo álbum ("Supernatural") e uma turnê junto com os grupos "dance alternativos" EMF e Happy Mondays varreu a Inglaterra e incendiou platéias por onde passou. É difícil explicar o som dos Stereo MC's. Tem que ouvir pra saber. Eles sabem dosar muito bem os elementos eletrônicos e acústicos, criando um mix de vários estilos. Mas talvez, a grande sacada dos MC's seja sua paixão por Jazz, e sua insistência em usar samples característicos do gênero. Algo que fica bem óbvio em seu álbum de 1992 "Connected", com sua mistura de ritmos, e excelente uso de Samplers e sintetizadores. São desse álbum as maiores pérolas da carreira do grupo, "Connected", "Creation", "Ground Level" e uma das minhas preferidas de todos os tempos: "Step It Up"! Pra vocês terem uma idéia, ainda hoje, "Step It Up" é presença garantida em qualquer noite mais sofisticada, juntamente com outros clássicos como Black Box, New Order, M People, etc... Conquistar a América é muito mais do que "apenas" talento, criatividade e ousadia. Conquistar a América significa toneladas de pre$tígio, peixadas e mídia. Tanto que os próprios membros da banda lembram-se com pesar de suas primeiras experiências americanas. Na época, tudo devia seguir um gênero pré estabelecido. Ou você é Rap, ou Hip Hop, ou House ou World Music. Os MC's não se enquadravam em nada, o que acabou chamando a atenção pra seu som. Na verdade, toda aquela estranheza acabou favorecendo o grupo, que ganhou os EUA pra nunca mais sair! Não tardou muito, e a imprensa acabou achando um jeito de classificar o grupo como sendo "Acid Jazz". Basicamente, este estilo de Dance Music é caracterizado como um som eletrônico para dançar, carregado com sons de pianos, baterias, cordas e baixos vindos do Jazz. Soma-se a isso a presença de rappers que "cantam" letras sobre diversos temas. Junto com os MC's, podemos citar grupos como US3, Groove Colective, Cut 'N' Move e Incognito. Entretanto, após todo o sucesso alcançado com "Connected", os MC's entraram num hiato durante a década de 90, fazendo shows esporádicos, mas remixando zilhões de artistas, imprimindo um toque próprio a composições de terceiros. Nisso, os MC's também mandam muito bem, pois sua experiência no uso de Samplers e outras parafernálias atrai a atenção de artistas Dance de todas as partes do mundo. Em 97, a vocalista Coffey lança um single solo, "Wild World", mas nada da tão aguardada volta dos caras. Já em 2000, é lançada uma coletânea produzida pelos MC's, "DJ Kicks". Nela, além de composições de outros artistas, os próprios MC's aparecem com três novas canções: "Rhino" parte 1, 2 e 3. Muito pouco, para os dedicados fãs da banda. Analisando bem, o grande feito dos Stereo MC's está justamente no fato de eles terem se estabelecido como banda, e criado uma audiência cativa, diferentemente de tantos outros grupos e projetos de sua geração. E a esta altura, os fãs já recordavam com lágrimas nos olhos as apresentações memoráveis do grupo, e tinham a certeza de que estes momentos jamais poderiam ser revividos... Puro engano. Em 2001, os Stereo MC's emergem com o sonhado álbum novo, que sua legião de fãs não pensou duas vezes em aclamar como álbum Dance do ano: "Deep Down and Dirty". Neste novo álbum, os MC's deixam claro que largaram a fase de sampleagem para trás, trabalhando com um grande número de artistas ao vivo, orquestra, cordas e tudo que uma grande banda tem direito! A qualidade técnica revela uma maturidade impressionante, e o que era bom, ficou ainda melhor! E enquando este humilde escriba ainda se refaz da felicidade de vê-los na ativa depois de tantos anos, eis que o incrível festival "Skol Beats" traz os MC's EM PESSOA! Isso mesmo: ano 2003, local São Paulo/Brasil, e a banda: Stereo MC's e seus colegas não menos influentes 808 State. Até agora estou me beliscando para ver se não estou dormindo... |