Parte
III
A Metafísica da Revolução:
Antropocêntrismo e Teocentrismo
Igualdade e Desigualdade
Capítulo
1
A Hierarquia na Concepção Medieval e
o Igualitarismo Revolucionário
A chave para se entender a Pós-modernidade, consiste em compreender
a divisão filosófica que se fez com o advento do antropocentrismo
e sua conseqüência: o igualitarismo.
Para o medieval, a hierarquia é um bem, pois reflete
a criação de forma hierárquica, dos homens até
Deus. A humildade consiste em admirar ("ad" : para; "mirar": olhar) aos
demais e não a si mesmo. É célebre a divisão
que Santo Agostinho realiza em sua obra "Civitas Dei". Estas cidades não
existem isoladamente, elas se interpõem no tempo e no espaço
de uma sociedade, pois seu conceito não é físico.
A)
A Desigualdade da Criação Segundo Santo Tomás de Aquino
Para exemplificarmos a origem da desigualdade para o medieval,
transcreveremos alguns trechos da Suma Teológica, onde Santo Tomás
de Aquino, através da Razão, busca confirmar a Fé.
No primeiro livro da Suma Teológica, questão XLVII,
trata-se "Da Distinção das Coisas em Comum". Desta questão,
apenas nos deteremos nos seus primeiro e segundo artigos.
ART. I - Se a Multidão e a distinção das
coisas vêm de Deus
(...) Assim, alguns atribuíram-na à matéria só,
ou de simultaneidade com um agente. À matéria só,
como Demócrito e todos os antigos fisicos, que só admitiam
a causa material; e, de acordo com estes, a distinção das
coisas provém do acaso, pelo movimento da matéria. Porém
à matéria simultaneamente com um agente atribui Anaxágoras
a multidão das coisas, ensinando que o intelecto distingue as coisas,
separando o que estava de mistura com a matéria. Mas esta opinião
não pode se manter, por duas razões. Primeira, é que
já antes se demonstrou ter sido também a própria matéria
criada por Deus. Por onde, é necessário reduzir a uma causa
mais alta a distinção que, por algum modo, pertence à
matéria. Segundo, que a matéria existe por causa da forma
e não inversamente. Ora, as coisas se distinguem pelas formas próprias.
Logo, não é a matéria que lhes dá a distinção,
mas antes e inversamente, na matéria criada há deformidade
para se acomodar às diversas formas.
Outros porém atribuíram a distinção das
coisas aos agentes segundos, como Avicena ensinando que Deus, inteligindo-se,
produziu a inteligência primeira, na qual, não sendo a essência
idêntica à existência, teve necessariamente começo
a composição de potência e ato. Como a seguir se verá.
Assim, pois, a primeira inteligência, inteligindo a causa primeira,
produziu a inteligência segunda; inteligindo-se a si mesma, no que
tem de potência, produziu o corpo do céu que ela move; por
fim, inteligindo-se a si mesma, no que tem de ato, produziu a alma do céu.
Mas esta opinião não pode se manter, por duas razões.
Primeira, porque como já antes se demonstrou, só a Deus pertencendo
o criar, as coisas que não podem ser causadas senão por criação
são produzidas só por Deus. Ora, tais coisas são todas
as que estão submetidas à geração e à
corrupção. Segunda, porque, de acordo com tal posição,
a universalidade das coisas não proviria da intenção
do agente primeiro, mas do concurso de muitas causas agentes. Ora, isso
é o mesmo que dizer que provêm do acaso; e assim, pois, o
complemento do universo, consistente na diversidade das coisas, proviria
do acaso, o que é impossível.
Donde o dever-se admitir que a multidão e a distinção
das coisas vêm da intenção do agente primeiro, Deus.
Pois, trouxe as coisas ao ser, para comunicar a sua bondade às criaturas,
que a representam. E, como esta não pode ser representada suficientemente
por uma só criatura, produziu muitas e diversas ; e assim o que
falta a uma, para representar a divina bondade, é suprido por outra.
Pois, a bondade, existente em Deus pura e simplesmente, bem como uniformemente,
existe nas criaturas multíplice e divididamente. Por onde, com mais
perfeição participa da divina bondade e a representa todo
o universo do que outra criatura qualquer. - E por ser a divina sabedoria
a causa da distinção das coisas, diz Moisés que as
coisas são distintas pelo Verbo de Deus, que é a concepção
da sabedoria; e isso mesmo diz a Escritura: "E disse Deus: Faça-se
a Luz... E dividiu a luz das trevas."
ART. II - Se a desigualdade das coisas provém de Deus
(...)Mas, em contrário a escritura: "Porque é que um
dia é preferido a outro dia, uma luz a outra luz, e um ano a outro
ano, provindo todos do mesmo sol? Foi a ciência do Senhor que os
diferenciou".
Solução - Orígenes, querendo excluir a opinião
dos que admitem distinção das coisas, pela contrariedade
dos princípios do bem e do mal, ensinou que, no princípio,
todas as coisas foram criadas por Deus iguais. Dizia, pois, que Deus primeiramente
criou só as criaturas racionais, e todas iguais. Nelas nasceu a
desigualdade primeiramente do livre arbítrio, por se converterem
umas mais ou menos a Deus e se afastarem outras mais ou menos d’Ele. Donde,
as criaturas racionais que, por livre arbítrio, se converteram para
Deus, foram promovidas às diversas ordens de anjos, segundo a diversidade
dos méritos. Porém, as que se afastaram de Deus foram ligadas
a diversos corpos, segundo a diversidade do pecado; e tal diz ser a causa
da criação e da diversidade dos corpos.
Mas, segundo essa opinião, a universalidade das criaturas corpóreas
não teria como causa a bondade de Deus a elas comunicada, mas sim
a punição do pecado, o que vai contra as palavras da Escritura:
"Viu Deus todas as coisas que tinha feito e eram muitos boas." E, como
diz Agostinho , que há de mais insensato que pretender que este
sol único neste mundo único não foi destinado pelo
Artífice supremo ao ornamento e à utilidade da criação
corpórea, mas que tal se deu por uma alma ter pecado? E por conseqüência,
se cem almas tivessem pecado este mundo teria cem sóis?
Portanto devemos dizer que, assim como a sabedoria de Deus é
a causa da distinção das coisas, assim também da desigualdade.
O que do seguinte modo se esclarecerá. Há dupla distinção
nas coisas: uma formal, para as que só especificamente diferem;
outra, porém, material, para as que só numericamente diferem.
Mas como a matéria existe pela forma, a distinção
material existe pela formal. Por onde vemos que, nas coisas incorruptíveis,
há um só indivíduo de uma espécie, porque esta
em um só suficientemente se conserva; mas nos seres geráveis
e corruptíveis são muitos os indivíduos de uma espécie,
para a conservação desta. Por onde se vê que a distinção
formal é mais importante que a material. Ora, a distinção
formal sempre requer a desigualdade, porque, como diz Aristóteles,
as formas das coisas são como os números, nos quais as espécies
variam pela adição ou subtração de unidade.
Por onde, nos seres naturais, vemos que as espécies são gradativamente
ordenadas; assim, os compostos são mais perfeitos do que os elementos,
as plantas do que os minerais, os animais do que as plantas e os homens
do que os outros animais; e, em cada uma dessas classes, encontram-se espécies
mais perfeitas do que as outras. Portanto, sendo a divina sabedoria
a causa da distinção das coisas, para a perfeição
do universo, assim o será da desigualdade. Pois não seria
perfeito o universo se nas coisas só se encontrasse um grau de bondade.
... Assim, pois, Deus fez ótimo todo o universo, ao modo da
criatura; não fez ótimas porém cada uma das criaturas;
mas uma melhor que a outra. E por isso de cada uma delas diz a Escritura:
"Viu Deus que a Luz era boa", e assim com outras. Mas de todas juntas diz:
"Viu Deus todas as coisas que tinha feito; e eram muito boas".
..., não há desigualdade precedente, quer dos méritos,
quer da disposição da matéria; mas em virtude da perfeição
do todo. O que bem se vê nas obras da arte, pois não é
por ter matéria diversa que o teto difere dos alicerces, mas o artífice
busca matéria diversa para que a casa seja perfeita, pelas diversas
partes e tal matéria ele a faria, se pudesse.
Desta forma, Santo Tomás justifica a hierarquia como
sendo algo próprio da perfeição de Deus, que espelha
sua perfeição na criação. Ou seja, em cada
criatura, encontra-se uma perfeição de Deus, de modo que,
naquele ponto, aquela pessoa é superior a todas as outras. Estas
perfeições, contudo, estão hierarquicamente dispostas,
na medida em que se aproximam da maior perfeição, que é
o próprio Deus.
Basta olhar em volta e perceber que não há, em
todo o mundo, alguém igual a outro, todos são diferentes,
apesar de terem procedido do mesmo autor. Logo, cada um reflete, para o
medieval, algo próprio da perfeição do Autor, do Criador
de todas as coisas.
Assim como se somam unidades ao todo, as perfeições
individuais se complementam e se dispõem de forma hierárquica,
segundo a sua finalidade e para a maior glória de Deus.
Essas perfeições individuais são chamadas
de "Vocações", do latim "Vocare", que significa "chamar".
Ou seja, Deus "chamaria" ou concederia a cada uma das suas criaturas uma
de suas perfeições para que estas a "representassem".
Em havendo uma admiração a essa representação
complementar e hierárquica das vocações, ter-se-ia
a chamada "Cidade de Deus" de Santo Agostinho.
Como conseqüência, nos ensina ainda Santo Tomás,
resulta que se pode conhecer a Deus admirando a criação.
Por exemplo, assim como alguém representa a bondade, outros a força
e a inteligência, a compaixão, o sofrimento, etc. Cada criatura
é chamada a uma perfeição própria da ordem
do ser, havendo, assim, um espelho de Deus na criação. Contudo,
Deus não se confunde com a criação, como querem os
gnósticos da Pós-modernidade, que estudaremos mais adiante.
B)
"Liberdade, Igualdade e Fraternidade"
Uma das idéias mais arraigadas na mente do homem moderno
é a de igualdade. Para tanto, chega-se a colocá-la como de
justiça, de caridade, de modo que toda desigualdade seria e opressora.
Essa vinculação da igualdade com a justiça
e da desigualdade com a injustiça foi, ao longo dos tempos, a principal
meta dos revolucionários. Para a realização de seus
culposos desejos, a Revolução espalhou a mentira e a confusão
na sociedade. Os que acreditavam em Deus foram levados a defender a igualdade
como fruto da caridade e da humildade; os que eram materialistas, defenderam-na
como ideal de justiça entre os homens, já que não
há motivo transcendente que justifique a desigualdade.
Para se entender a mudança paradigmática da Renascença
e a definição deste trabalho sobre a Revolução,
é necessário deter-se um pouco mais nesses pontos.
Para tal esclarecimento - e por considerarmos a Igreja Católica
como tautologicamente teocêntrica - passaremos a transcrever
ensinamentos de diversos Papas, condenando a trilogia revolucionária
de "Liberdade, Igualdade e Fraternidade".
Antes de mais nada, cabe esclarecer os limites da desigualdade
próprios à doutrina católica.
C)
Os Limites das Desigualdades
De um Motu Proprio de 18-12-1903, de S. Pio X:
"Leão XIII, de santa memória, Nosso insigne predecessor,
traçou luminosamente as regras de ação popular cristã,
nas célebres Encíclicas "Quod apostolici muneris", de 28-12-1878,
"Rerum novarum", de 15-5-1891, e "Graves de communi" de 18-1-1901 (...).
"E Nós (...) queremos que estas regras prudentíssimas
sejam exata e plenamente observadas e que ninguém tenha a ousadia
de se afastar delas nem sequer um ápice.
"Para que essas regras estejam, em certo modo, mais viva e mais facilmente
presentes ao espírito, resolvemos condensá-las nos artigos
seguintes, que são um resumo tirado desses mesmos documentos, e
formam, por assim dizer, o regulamento fundamental da ação
popular cristã. Devem ser para todos os católicos a norma
constante do seu proceder.
"I - A sociedade humana, tal qual Deus a estabeleceu, é formada
de elementos desiguais, como desiguais são os membros do corpo humano;
torná-los todos iguais é impossível; resultaria disto
a própria destruição da sociedade humana. (Quod apostolici).
"II - A igualdade dos diversos membros sociais consiste somente no
fato de todos os homens terem a sua origem em Deus Criador; foram resgatados
por Jesus Cristo e devem, segundo a regra exata dos seus méritos,
ser julgados por Deus e por Ele recompensados ou punidos. (Quod apostolici)
(...)
"XIX - Finalmente, os escritores católicos, ao defender a causa
dos proletários e dos pobres, devem abster-se de termos e frases
que poderiam inspirar ao povo a aversão pelas classes superiores
da sociedade. Não se fale, pois, de reivindicação
e de justiça, quando se trate de simples caridade, como acima se
explicou. Recordem que Jesus Cristo quis reunir todos os homens pelos laços
do amor mútuo que é a perfeição da justiça
e inclui a obrigação de trabalhar para o bem recíproco."
D)
Conceitos Tradicionais e Conceitos Revolucionários - a Doutrina
Católica
A trilogia revolucionária de 1789; "liberdade, igualdade
e fraternidade", tanto contém conceitos tradicionais como conceitos
revolucionários. Para esclarecer as diferenças e melhor definir
onde se encontram estes conceitos na doutrina católica, transcrevemos
os seguintes trechos:
Pio XII, após haver definido a verdadeira Democracia:
"Em contraste com este quadro do ideal democrático de liberdade
e igualdade de um povo governado por mãos honestas e previdentes,
que espetáculo oferece um Estado democrático entregue ao
arbítrio da massa! A liberdade, enquanto dever moral da pessoa,
transforma-se numa pretensão tirânica de dar livre curso aos
impulsos e apetites humanos, com prejuízo do próximo. A igualdade
degenera num nivelamento mecânico, numa uniformidade monocromática;
o sentido da verdadeira honra, a atividade pessoal, o respeito à
tradição, à dignidade, numa palavra a tudo quanto
dá à vida o seu valor, pouco a pouco vai-se soterrando e
desaparece..."
Da encíclica Humanum Genus, de Leão XIII, contra
a Maçonaria, de 20 de abril de 1884, destacamos o seguinte trecho:
"Propositadamente aproveitamos esta ocasião adequada para renovar
a recomendação por Nós já feita, segundo a
qual cumpre propagar e firmar a Ordem Terceira de S. Francisco ... Entre
as numerosas vantagens que se podem esperar dela, uma há que prima
sobre todas as outras; essa associação é uma verdadeira
escola de Liberdade, de Fraternidade, de Igualdade, não como a maneira
absurda como os maçons entendem estas coisas, porém tais
como com elas Jesus Cristo quis enriquecer o gênero humano, e como
S. Francisco as pôs em prática. Falamos, pois, aqui da Liberdade
dos filhos de Deus, em nome da qual recusamos obedecer a senhores iníquos
que se chamam Satanás e as más paixões. Falamos da
Igualdade que, estabelecida sobre os fundamentos da justiça e da
caridade, não suprima toda a distinção entre os homens,
mas faça da variedade das condições e dos deveres
da vida uma harmonia admirável e uma espécie de concerto
com que naturalmente aproveitam os interesses e a dignidade da vida civil".
Na Carta Apostólica Notre Charge Apostolique, de 25 de
agosto de 1910, em que condena o movimento francês de esquerda católica
Le Sillon, de Marc Sangnier, S. Pio X assim analisa a célebre trilogia:
"O Sillon tem a nobre preocupação da dignidade humana.
Mas, esta dignidade é compreendida ao modo de certos filósofos,
que a Igreja está longe de aprovar. O primeiro elemento desta dignidade
é
a Liberdade, entendida neste sentido que, salvo em matéria de religião,
cada homem é autônomo. Deste princípio fundamental,
tira ele as seguintes conclusões: hoje em dia, o povo está
sob tutela, debaixo de uma autoridade que lhe é distinta, e da qual
se deve libertar: emancipação política. Ele está
sob a dependência de patrões que, detendo os seus instrumentos
de trabalho, o exploram, o oprimem e o rebaixam; ele deve sacudir o seu
jugo: emancipação econômica. Enfim, ele é dominado
por uma casta chamada dirigente, à qual o desenvolvimento intelectual
assegura uma preponderância indevida na direção dos
negócios; ele deve subtrair-se à sua dominação:
emancipação intelectual. O nivelamento das condições,
deste tríplice ponto de vista, estabelecerá entre os homens
a Igualdade, e esta igualdade é a verdadeira justiça humana.
Uma organização política e social fundada sobre esta
dupla base, Liberdade e Igualdade (às quais logo virá acrescentar-se
a Fraternidade), eis o que eles chamam Democracia..."
Para concluir, citemos trechos da alocução de
Bento XV ao promulgar o decreto sobre a heroicidade das virtudes do Bem-aventurado
Marcelino Champagnat , em 11 de julho de 1920:
"Basta considerar os princípios do século XIX para reconhecer
que muitos falsos profetas apareceram em França, e a partir daí
se propunham difundir por toda a parte a maléfica influência
das suas perversas doutrinas. Eram profetas que tomavam ares de vingadores
dos direitos do povo, preconizando uma era de Liberdade, de Fraternidade,
de Igualdade. Quem não via que estavam disfarçados de ovelhas?
"Mas a Liberdade preconizada por aqueles profetas não abria
as portas para o bem, e sim para o mal; a Fraternidade por eles pregada
não saudava a Deus como Pai único de todos os irmãos;
e a Igualdade por eles anunciada não se baseava na identidade de
origem, nem na comum Redenção, nem no mesmo destino de todos
os homens. Eram profetas que pregavam uma igualdade destrutiva da diferença
de classes querida por Deus na sociedade; eram profetas que chamavam irmãos
aos homens para lhes tirar a idéia de sujeição de
uns em relação aos outros; eram profetas que proclamavam
a liberdade de fazer o mal, de chamar luz às trevas, de confundir
o falso com o verdadeiro, de preferir aquele a este, de sacrificar ao erro
e ao vício os direitos e as razões da justiça e da
verdade."
Desta forma, fizeram os revolucionários as suas revoluções,
baseados não em palavras erradas, mas em princípios errados.
Enquanto na Idade Média a desigualdade, dentro de suas proporções
naturais, era vista como obra de Deus, com o advento da Renascença
e do Antropocentrismo, passou a ser vista como exploração...
Aliás, o escritor comunista francês Roger Garaudy
(posteriormente convertido ao Islamismo), notou bem a importância
das desigualdades para a existência da religião. Diz ele:
"Não é possível, para um marxista, dizer que a
eliminação das desigualdades religiosas é uma condição
‘sine qua non’ para a edificação do Comunismo. Karl Marx
mostrava, pelo contrário, que só a realização
completa do Comunismo, ao tornar transparentes as relações
sociais, tornaria possível o desaparecimento da concepção
religiosa do mundo. Para um marxista, pois, é a edificação
do Comunismo que é condição ‘sine qua non’ para eliminar
as raízes sociais da religião, e não a eliminação
das crenças religiosas a condição para a construção
do Comunismo."
Com o passar da História, até os nossos dias,
o Processo Revolucionário foi caminhando tanto de forma acelerada,
quando as circunstâncias o permitiam, quanto lentamente; mas sempre
avançando após algum recuo.
Com o aproximar-se do século XXI, mais uma vez a sociedade
se depara com indícios de que algo muito grande está para
acontecer. Não só no nível político, como mesmo
no nível religioso. A chamada Pós-modernidade surge com um
conteúdo místico muito grande, mas não como crê
Alvin Toffler quando diz uma "nova Idade Média ou Idade das Trevas".
Ao contrário da Idade Média onde Deus é transcendente,
na Pós-modernidade percebe-se o avanço da "Gnose", com sua
idéia de um Deus imanente.
Ou seja, Deus deixa de ser superior aos homens e passa a ser
o próprio homem, que possui a partícula divina. A isto se
chama, como veremos, Panteísmo ou Monismo, fruto das filosofias
de origem hinduista e budista. De novo, percebe-se o igualitarismo como
fator de transformação axiológica.
Capítulo
2
A Escolástica
Com a Idade Média, houve uma releitura dos textos gregos,
sobretudo no que diz respeito ao aristotelismo.
Desde muito cedo conhecido pelo notório saber e procurando
conciliar a Razão com a Fé, Santo Tomás se destacou.
Baseado nos textos de Aristóteles e de Santo Agostinho, incluindo
também conhecimentos do mundo árabe, o então frei
Tomás desenvolveu e levou ao ápice a Escolástica,
tão combatida pelo Renascimento.
A Razão não pode negar a Fé, pois ambas
têm em Deus o mesmo autor. Com essa certeza, Santo Tomás desenvolveu
a sua Suma Teológica, tentando unificar a teologia e provar, por
uma exigência racional, a existência de Deus.
Partindo da evidência, captada pelos sentidos sem erro,
Santo Tomás chega à versão católica daquilo
que Aristóteles chamava de ‘primeiro motor imóvel’. Os sentidos
do homem não erram na constatação do mundo real, o
erro pode acontecer apenas no momento do juízo sobre o constatado.
Existe, por conseqüência, uma união objetiva entre o
sujeito e o objeto e não um subjetivismo mais ou menos indefinido,
como sustentará, posteriormente, o nominalismo.
A) Período
de apogeu (século XIII)
O Cônego A. Boulenger, conhecido autor de manuais didáticos
religiosos, explica sucintamente o período de apogeu da Escolástica:
"(...)O segundo período, do século XIII ao XIV, é
o apogeu da Escolástica.
Este período se distingue pela predominância da filosofia
de Aristóteles; os escritos do Estagirita [de Estagiros, cidade
da Macedônia, pátria deste filósofo] são traduzidos
diretamente do grego, e não se tem mais necessidade de recorrer
às traduções dos árabes, que lhes haviam adulterado
em seu sentido.
Ele se distingue ainda por sua luta contra o panteísmo dos árabes
Avicenas, Al-Farabi e Averróis; pela maior perfeição
de seus sistemas de teologia ou sumas e pelo uso mais extenso do silogismo."
B)
Decadência da Escolástica
O conhecido polemista e filósofo brasileiro, Pe. Leonel
Franca S.J., assim descreve a decadência da Escolástica:
"A começar do século XIV, a Escolástica decaiu
rápida e incessantemente. As correntes contrárias, favorecidas
pelas circunstâncias, foram tomando incremento e vigor, até
invadirem e ocuparem, de todo, o campo que ela outrora havia tão
brilhantemente defendido.
Escasseiam os homens de valor. Multiplicam-se as escolas, fervilham
os doutores, mas dificilmente se encontra neste largo período uma
personalidade de vulto que pense por si e seja capaz de elaborar uma grande
síntese doutrinal.
Acentuando-se o gosto de sutilezas, pouco a pouco vão sendo
esquecidos os grandes doutores do século XIII, em proveito dos comentadores
de comentários, a tal ponto de, quase geralmente, se ignorarem no
século XV os grandes pensamentos da Escolástica pela qual
se combatia.
Como sintomas desta degenerescência interna, a linguagem carrega-se
de barbarismo; o método didático, perdendo sua antiga singeleza
e concisão, complica-se em distinções e subdistinções;
a dialética, exorbitando de sua função de disciplina
do espírito, arvora-se em soberana, absorvendo aos poucos a metafísica
e a psicologia; as discussões transformam-se em logomaquias [palavreado
inútil] e em justas pomposas de grande aparato tecnológico.
(...)".
C) Conseqüência:
caos filosófico
Continua o Pe. Leonel Franca:
"Os ataques contra a filosofia das escolas [isto é, a Escolástica]
alastraram-se por toda a Europa, assumindo a feição de uma
verdadeira ofensiva geral. O movimento de idéias, conhecido pelo
nome de Renascença e caracterizado na literatura e nas artes por
um esmerado cultivo da forma e por uma admiração exageradamente
entusiasta da antigüidade pagã, apresenta-se em filosofia como
uma reação hostil, cega e violenta contra as tendências
medievais.
Por toda a parte os filósofos, mediocridades, na maioria, de
pequena envergadura, não fazem senão impugnar, criticar e
destruir as antigas doutrinas, sem vingar construir uma síntese
duradoura. A desorientação geral do pensamento é manifesta.
Uns deprimem sem critério a autoridade de Aristóteles, outros
sobremaneira a elevam. Estes exaltam a fé a ponto de negar a razão,
aqueles divinizam a razão, renegando a fé; alguns, enfim,
para conciliarem os desvios da inteligência com as exigências
da ortodoxia recorrem à esdrúxula teoria das duas verdades*
. Em tudo há falta de unidade, exagero, excesso. (...)
O êxodo dos sábios gregos vindos do Oriente, sobretudo
depois da queda de Constantinopla (1453), suscitou, na Itália, universal
entusiasmo pela cultura clássica da Hélade. Com a forma antiga
revivesceram também as antigas idéias e todos os astros da
filosofia grega, ainda de 2º e 3º grandeza tiveram então
os seus satélites.
Até a ‘cabala’** , nesta época de fervoroso e inconsiderado
entusiasmo pela antigüidade. teve seus cultores e admiradores. Eram
quase todos médicos os que assim por meio das ciências ocultas
buscavam desvendar os mistérios da natureza. Entre os novos cabalistas
são dignos de memória: João Reuchlin (1445-1522),
Agripa de Nettesheim (1487-1535), discípulo do precedente, Parecelso
(1493-1541) e Jerônimo Cardiano (1501-1571). (...)
Veio o ceticismo pôr termo a este período turbulento
de transição (...)
O movimento intelectual da Renascença (...) foi funesto à
ciência, porque envolveu o estudo e a observação da
natureza nos labirintos da astrologia, alquimia, cabala, magia e ocultismo;
à filosofia, porque interrompendo bruscamente a continuidade do
pensamento filosófico privou a idade seguinte dos trabalhos dos
antigos pensadores, cujas doutrinas adaptadas às novas circunstâncias
e reformadas nos pontos em desarmonia com as descobertas recentes poderiam
ter evitado desvios fatais na história do pensamento."
Em contraposição à Escolástica medieval,
o Renascimento trouxe, em seu primeiro momento, todo o obscurantismo do
oculto e do mágico, em parte devido à volta do paganismo
grego e ao estoicismo, influenciado pelas doutrinas gnósticas orientais.
Em todo o caso, começando com Guilherme de Ockam, denominado
‘Venerabilis inceptor’ [Venerável iniciador], a objetividade do
conhecimento, conseqüentemente a percepção ontológica
do ser real, começa a desaparecer da mente medieval. Ao mesmo tempo,
toda uma nova realidade artística, cultural e filosófica
aparece na Europa Renascentista.
Capítulo
3
Parmênides, Heráclito e Aristóteles
A Questão do Ser
Toda a questão da objetividade do conhecimento, assim como
toda a conseqüência disso resultante, tanto para a modernidade
como - e sobretudo - para a Pós-modernidade, pode ser resumida na
compreensão de um problema metafísico já muito antigo:
O Ser.
Desde as filosofias orientais, gnósticas em sua essência,
como mesmo as doutrinas gregas de Parmênides e Heráclito,
possuem uma identidade que remonta à natureza do conhecimento e
à percepção do ser enquanto Ser.
A) A Escola
de Eléia (Parmênides e Zenão)
Resumidamente, essa escola filosófica debatia o problema
da possibilidade do ser real[ontológico], pois parecia-lhes impossível
a multiplicidade e a transformação do Ser.
Assim se exprime o sintético, mas brilhante, Prof. Menna
Barreto:
"Revelam os sentidos a existência de seres múltiplos e
em constante transformação. Ora, a multiplicidade do ‘ser’
e a sua transformação parecem, à luz da razão,
absurdas. Como é possível a existência do ‘ser real’
múltiplo e mutável?
Foi feito o seguinte raciocínio:
1º A respeito da aparente multiplicidade e diversidade dos seres.
Se os seres são múltiplos e diversos, devem diferenciar-se
entre si. Não se diferenciam, enquanto seres, pois todos são
seres. Logo só podem diferenciar-se por meio de algo estranho à
noção de ser (que não seja ser). Ora, nada há
estranho à noção de ser [ainda não havia o
‘não ser’]. Logo os seres não se diferenciam nem são
múltiplos. A multiplicidade é, pois, uma ilusão dos
sentidos. O ser é único (=monismo e panteísmo).
2º A respeito da aparente transformação do ser.
O que se transforma, anteriormente, ou era ou não era. Se era,
não se transformou. Se não era, nada era. Ora, do nada, nada
surge. Logo, o ser é imutável. As transformações
são, pois, impossíveis; são ilusões dos sentidos.
Na Escola Eleática, diante do dilema entre os sentidos e a razão,
os dados dos sentidos foram negligenciados em favor da primazia absoluta
conferida à razão humana (=racionalismo), concluindo-se,
logicamente, que o ser é único e imutável.
Assim se exprimiram Parmênides e Zenão, zombando inclusive
do caráter ilusório da experiência dos sentidos."
Em outras palavras, não é possível haver
a diferenciação dos seres, sob pena de ferir a identidade
do Ser. Se os meus sentidos constatam a diversidade dos seres, mas a razão
nega a multiplicidade e a transformação, deve-se dar primazia
à razão e negar os sentidos.
Da mesma forma com que a escola de Eléia nega a objetividade
do conhecimento constatado, o movimento "New Age" diz ser a realidade exterior
ao homem uma ilusão (maya). Em ambos os casos, o que vemos é
apenas o fenômeno (a realidade em nós), que se diferenciaria
do numeno (a realidade em si mesma, ontológica).
B) A Escola
de Éfeso (sec. V a.c.)
Continua o Prof. Menna Barreto:
"Em Éfeso, Heráclito, dando primazia absoluta à
experiência dos sentidos (=empirismo), conclui pelo puro devir, negando
ao ser toda a imobilidade e unidade. (...)
A razão parecia fundamentar o ponto de vista de Parmênides.
A experiência, porém, favorecia a posição de
Heráclito. (...)
Assim, aconteceu com as primeiras elaborações metafísicas.
As explicações propostas tanto por Parmênides
quanto por Heráclito e seus discípulos não foram consideradas
satisfatórias. Antes, pelo contrário, levaram as mentes a
um grave impasse.
De fato, se a multiplicidade e as transformações são
um engano dos sentidos (como explicou Parmênides) ou então,
se o ‘ser’ é puro devir, ainda que contraditório (como afirmou
Heráclito), a única conclusão lógica será
negarmos a capacidade de a mente atingir o real (Protágoras). Em
uma palavra, o mundo todo é uma ilusão (Górgias),
e o desejo de compreender o que nos cerca e conhecer-nos a nós mesmos
não passa de uma triste veleidade, porque esse mesmo desejo é
sina da contradição do nosso ser".
Logo, a mente não consegue afirmar nada sobre algo que
mude (Parmênides) e que tenha identidade (Heráclito). Em um,
não existe mudança, só identidade (unidade e imutabilidade);
em outro, não existe identidade, só há mudança
(tudo é puro devir).
C) Aristóteles
Antes de mais nada, a filosofia, segundo ainda o Prof. Menna
Barreto, "é (1º) um conhecimento racional, (2º) das coisas
existentes".
Aristóteles, aliando a experiência dos sentidos
à evidência da razão, resolveu a questão da
multiplicidade e identidade do ser. Sem negar a objetividade do conhecimento,
elaborou a doutrina do "ato e potência", bem como a da "causalidade".
Doutrina esta retomada na Idade Média.
Segundo Aristóteles, o Ser mutável é composto
e causado.
"A solução proposta por Aristóteles passou para
a História da Filosofia sob o nome de "doutrina do ato e da potência".
A doutrina ‘do ato e da potência’ foi aplicada para explicar
a composição dos seres corpóreos, sendo identificada
a
matéria (gr. húle) como o princípio potencial dos
seres materiais ou corpóreos: e a forma (gr. morphé), como
o princípio atual. O hilemorfismo (como passou a chamar-se a doutrina
do ‘ato e potência’) constitui o núcleo da metafísica
aristotélica, junto com a decorrente doutrina da causalidade."
Em outras palavras, os seres são compostos de dois princípios
metafísicos distintos: potência e ato. Uma transformação
não significa ausência de identidade, mas uma mudança
operada dentro de um mesmo ser, transformado de potência em ato.
Capítulo
4
O Imanentismo,
Conseqüência do Antropocêntrismo
Deus, diria um medieval, Senhor dos senhores, Rei dos reis, eterno
e imutável; superior a toda a criatura e centro do universo, é
substituído. O próprio nome indica: Antropocentrismo. Já
não é mais Deus o centro, e sim o próprio homem. A
criatura se faz criador...
A admiração desaparece em meio a disputas individuais,
a Cavalaria torna-se amorosa, a desigualdade é então inaceitável.
A sociedade austera e sacral da Idade Média parece, aos olhos do
homem renascentista, insuportável e rígida em suas regras
e normas, sobretudo morais. A busca da diversão lírica e
risonha da vida não pode se conter em uma sociedade sustentada pela
seriedade, austeridade, sacralidade, enfim, pela hierarquia transcendente
e divina que tem sua origem e fundamento em Deus. A ordem teocêntrica
começa a ruir...
A austeridade, a sacralidade, a seriedade, a moral, etc, nada
mais são do que as conseqüências axiológicas de
uma mentalidade hierárquica. Uma hierarquia baseada na supremacia
absoluta de Deus; uma hierarquia que remonta à origem e finalidade
do homem; uma concepção de vida que busca a salvação
eterna e não o gozo momentâneo.
A própria existência de uma verdade absoluta só
é possível em uma visão hierárquica, onde todos
devem reconhecê-la e se subordinar a ela. A existência de Deus
- entendido como os medievais, ou seja, um Deus transcendente -, por sua
vez, tem como efeito a objetividade dos conhecimentos, na medida em que
Ele, um ser exterior e independente dos homens, é o referencial
último do juízo de verdade. Por outro lado, se o homem é
o centro, a própria objetividade dos conhecimentos começa
a ser negada, pois o referencial deixa de ser hierárquico e exterior,
para se tornar individual, imanente.
Esses pólos, contudo, existem como um "tipo ideal"
de duas ordens distintas. Eles não se consolidaram na história
(pelo menos até o presente momento) . Mas servem como referencial
de duas mentalidades distintas, que formam duas cosmo-visões históricas:
uma tendendo ao desaparecimento e outra em ascensão.
Ou seja, estas duas cosmologias servem como paradigmas . Assim
como a "Cidade de Deus" e a "Cidade do Demônio" de Santo Agostinho,
tanto o teocentrismo quanto o antropocentrismo podem ocorrer ao mesmo tempo
e no mesmo local. O princípio que governa esses dois pólos
ou essas duas cidades não é físico ou temporal. De
forma que é possível haver, mesmo em uma pessoa, resquícios
de teocentrismo em um universo de antropocentrismo.
A hierarquia pressupõe um criador, pressupõe a
existência de alguém que, além de superior pela condição
de criador, também tenha, como conseqüência necessária
de seu existir superior, criado a hierarquia. A hierarquia nada mais é,
para o medieval, do que uma escada que leva a criatura até o criador,
de forma que cada superior seja o reflexo de algo de Deus para os seus
inferiores. Dessa forma, sucessivamente de criatura a criatura, de hierarquia
a hierarquia, chega-se ao conhecimento e à glória de Deus.
A própria existência de um Deus criador, tem como
pressuposto a existência da criação. Quando se nega
a objetividade dos conhecimentos constatados, nega-se o pressuposto básico
da criação, que é a existência objetiva do mundo
(independente do sujeito observador, pois o referencial é o Criador)
.
Quando o é o sujeito que observa, a única certeza
possível é a da existência do próprio sujeito.
Tudo à sua volta deve ser demonstrado, provado, etc.
O antropocentrismo, portanto, é um efeito e uma causa
do igualitarismo como fator de mudança histórica. A igualdade
leva, necessariamente, à negação de um Deus criador
e superior, com todas as conseqüências desta premissa.
É importante deixar claro que o fato de se acreditar
em Deus não revela, por si só, uma concepção
teocêntrica de universo. O ato de crer em Deus tanto pode ser antropocêntrico
como teocêntrico. A diferença entre os dois, na concepção
deste trabalho, baseia-se na perspectiva moral da hierarquia e não
no ato de crer. Mesmo porque, com a radicalização do antropocentrismo,
não se nega a existência de Deus, mas "apenas" se transformou
o homem criatura em criador.
O Movimento New Age (Nova Era), assim como diversas seitas gnósticas
que se espalham pelo mundo, não preceitua a inexistência de
Deus. Para eles, todos os homens, assim como todas as coisas visíveis,
são divinas. Deus não é transcendente, dizem eles,
é imanente. Para se descobrir a Deus, deve se procurá-lo
dentro de cada indivíduo, e não na realidade do mundo, que
é uma ilusão dos sentidos (portanto subjetiva).
O Antropocentrismo nada mais é do que a negação
do referencial transcendente como valor paradigmático maior. O que
equivale dizer: nada mais é do que a igualdade de valor entre "criatura"
e "criador" .
A hierarquia no homem (Inteligência, Vontade e Sensibilidade),
a hierarquia na sociedade, a hierarquia na constatação de
uma verdade independente ao homem, etc, tudo pressupõe uma única
coisa: a existência de um Deus criador, superior e exterior ao homem.
Na medida que esta concepção começa a se transformar
- através das tendências renascentistas - transformam-se a
ciência, a filosofia, os costumes, as idéias, a finalidade
e a vida do homem, transforma-se até a teologia, que fica impregnada
de valores antropocêntricos, mesmo sem os perceber de forma clara.
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da Parte III - Capítulo 3
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