Nas últimas semanas, as ruas das cidades e vilas e as janelas das casas das aldeias encheram-se de luzes multicores numa abundância e força expressiva de clima festivo, individual, familiar e coletivo.
Às tradicionais iluminações das ruas das cidades e vilas respondem as casas nas aldeias e nos espaços urbanos com os pinheirinhos inundados de minúsculas lâmpadas provocando atenção pelo seu intermitente luzir e apagar.
Esta manifestação externa e envolvente de festa e, sem dúvida, de motivação social, cultural e comercial emerge dum determinado contexto de alegria humana radicada em acontecimento único, no tempo, mas atualizável na memória e atuante na vida das pessoas e das sociedades.
A festa normalmente tem um motivo de exaltação de uma figura, de afirmação e promoção de um acontecimento e situação de valor e significado para os comemorantes. Por vezes, a razão e título da festa e causa da alegria até podem ser muito restritos ou mesmo desprovidos de verdadeiro significado enriquecedor de humanidade.
No caso presente das iluminações citadinas ou habitacionais, o motivo e fundamento é único e universal dirigindo-se e oferecendo-se a todos e cada homem, tendo como base a grande Notícia, a mais sensacional em todos os momentos de História:
«NASCEU-NOS, HOJE, NA CIDADE DE DAVID, UM SALVADOR, QUE É O MESSIAS SENHOR».
Certos setores do Povo de Israel e largas manchas do mundo pagão viviam no anseio de algo de novo transformador da realidade, correspondendo, não só às expectativas humanas, mas indo mais além e abrindo-lhes novos horizontes. Nem todos, porém, alimentavam essa esperança, da mesma forma. E mesmo entre os Filhos de Israel, a grande maioria conhecedora das Promessas de Deus não se mostrava muito interessada no Acontecimento e, por isso, não se deram conta.
Deus, que já completara o Diálogo com a Encarnação do seu próprio Filho, foi mais longe no Seu amor e compreensão para com os homens, vindo ao seu encontro para lhes comunicar a Boa Nova portadora de grande e total alegria.
É a notícia mais inesperada e fora do contexto do ritmo das coisas humanas. O Filho de Deus nasce entre nós, cidadão como nós, com uma realidade humana como nós, tornando-Se efetiva e sensivelmente o Deus conosco.
Às esperanças de libertação das teias sociais, dos condicionalismos econômicos e políticos, o Filho de Deus, Messias Senhor, acrescenta a libertação redentora do pecado nas suas variadas expressões e muito particularmente a novidade da reconciliação com Deus, restabelecendo a amizade com Ele, abrindo-nos a possibilidade de nos tornarmos membros da Sua família, aceitando-nos como Seus filhos e herdeiros.
O Filho de Deus encarnando e baixando até nós abre-nos o caminho para nos elevarmos até Ele entrando, de algum modo, na esfera da vida e comunicação divinas pela graça que nos mereceu e nos proporciona.
Celebrar o NATAL do SENHOR JESUS não pode resumir-se às expressões exteriores de alegria nas luzes, na oferta de presentes, na melhoria das refeições, nomeadamente a tradicional Ceia, na festa de família. Viver o NATAL, a esse nível é empobrecer radicalmente o seu conteúdo e valor.
Estas expressões são válidas, mas devem constituir manifestações de uma realidade interior de alegria profunda pela Vinda e Encontro de Deus conosco. NATAL é, antes de mais, acolher o Filho de Deus no interior de cada um, acolhimento para que fomos convidados a preparar-nos, ao longo do Advento, convertendo-nos pelo despojamento libertador de nós próprios criando espaço e condições para a entrada «renascente» de Cristo e rompendo a estreiteza do nosso egoísmo para nos abrirmos à solidariedade e fraternidade, a que Cristo nos convida. Deus vem ao nosso encontro e nós não podemos ir ao encontro dos irmãos?
Na missão do Messias Jesus Cristo Senhor estava incluída, em primeiro lugar, a Boa Nova aos Pobres, desde logo, afirmando o contraste como pensar e agir dos homens e das sociedades mais atentas aos ricos e poderosos abandonando na margem do caminho da História os carenciados. A novidade do projeto de Deus anunciando a Boa Nova aos Pobres, como está em realização, hoje?
Que Boa Nova libertadora lhes anunciamos revelando a presença de Cristo «nascido»» Que gestos de partilha e relações humanas vivemos na atenção e fraternidade com as pessoas, famílias e grupos atingidos por situações de pobreza? Será que se apagou a proposta e tarefa da missão do Messias?
Estes gestos e outros na proposta messiânica devem ser, hoje, atualizados a partir de um verdadeiro encontro «renascer» ou RE-NATAL de Cristo em cada cristão e em cada Homem, aprofundando e alargando a Encarnação de Jesus.
Que seja verdadeiro NATAL do SENHOR JESUS em cada um e para todos, indivíduos e Famílias.