Que direi, se só não sabe quem não
quer?
Escrever
sem “plágio” de estilo e de ideias é hoje
tarefa pouco fácil… mesmo para os mais consagrados nestas
andanças de escrever em jornais… E se, por um lado, há
sempre muito que fica por dizer, por outro, já de quase tudo
se falou e dissertou até à exaustão. Os leitores
bocejam entediados ao ler textos de estilos tão diferentes, mas
que se reduzem a isso mesmo a estilos: ora a cronicazinha nostálgica
e saudosista a arranhar o épico, ora o sarcasmo maldizente de
tudo e de todos, ora a imparcialidade informativa dos factos, ora o
meio termo, ora o idealismo, ora o cepticismo. Também há
o estilo “vale tudo”, com pontuação, sem pontuação,
inventam-se palavras e palavrões; inova-se nos temas e nas abordagens,
mas uma inovação já esperada que em nada surpreende.
Tudo isto com um denominador comum, qual missão de todos os que
escrevem: despertar, no leitor, bons momentos de reflexão.
Obviamente, que não encetarei nenhum novo estilo tornando-me,
assim, e com alguma angústia, alvo da minha própria crítica
e, provavelmente, vítima dos vossos bocejos…
Inúmeros temas desfilaram em marcha pelo meu pensamento enquanto
escrevia... As revoltas de qualquer estudante desta faculdade ou, quiçá,
os seus orgulhos; uma tal sátira maldizente, como manda a tradição,
endereçada à Associação Académica;
uma toda a verdade dos bastidores da campanha eleitoral; uma digressão
pela galeria de ódios de estimação ao sistema da
faculdade… Mas, o que vos diria eu de novo? Quando as cartas estão
no correio só não as lê quem não é
diligente. Não foi isso que nos ensinaram? Logo, não vos
vou falar de algo que está permanentemente na vossa “ caixa
de correio” sempre disponível a ser lido e interpretado
por e à maneira de cada um.
Não vou falar de uma faculdade à imagem dos seus próprios
placards, dundys, replectos de tudo e de nada, exibicionistas de um
trabalho que não se oferece, mas que se exibe, enxovalhando os
outros numa nova forma de censura. Nem falarei de uma faculdade que
apenas é gloriosa e determinada, numa pouco povoada RGA, cujas
decisões soberanas, se encerram com as portas do anfiteatro 1,
numa clara ofensa à democracia estudantil ( não existe
esta expressão?! De certo que haverá um qualquer estilo
que a consagre!!!). Também me não vou pronunciar sobre
uma faculdade que faz da arguição de uma tese de mestrado,
um coliseu romano, onde os alunos são leões e o mestrando,
a carne fresca.
Recuso-me, igualmente a cair na pieguice de metaforizar a faculdade
a uma nuvem cinzenta, de pessoas cinzentas, com sorrisos protocolares
( daqueles que se vão ter de dar a vida toda) e abraços
com hora marcada para se tornarem forca... forca de invejas e maquiavelismos…
Não, não cairei no drama fácil e exacerbado…
Então de que irei falar? Perguntarão vocês, e com
razão.
De nada, meus caros, de nada! Deixo que sejam vocês a abrir as
vossas “caixas de correio” e a pôr a correspondência
em dia…
Por mim e por hoje, faço a greve de zelo, que ficou deliberada
em RGA e que ninguém levou para a frente… Por hoje, deixo-vos
o meu silêncio, não como forma de protesto ( já
me deixei disso!) mas para que se consigam concentrar na leitura das
vossas “cartas” em atraso.
Filipa Martins Louro