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MÁRIO SEABRA

Vida e Carreira



O que todos devem estar se perguntando é: como esse homem se tornou um criador de jogos, o primeiro do Brasil, pioneiro numa área que mesmo hoje parece inusitada?

Sua ligação com os jogos vem desde a infância. Seabra era filho único e brincava muito sozinho. Ainda criança, queria ser inventor. Juntava coisas, fazia combinações, encontrava o que fosse novo, diferente.

Seu pai era campeão de xadrez e de bilhar. Inventou uma jogada no bilhar que ficou conhecida como a Seabrina. Era também campeão de natação, lutava boxe e fazia parte da seleção de futebol de Portugal. Foi considerado na época o esportista mais completo do país. Mário, que o admirava muito, também foi um grande nadador.

A família Seabra, uma família judaica portuguesa, tinha duas alas de tradição: uma ligada à música e outra ao jogo. Reuniam-se em saraus de música e em encontros onde preparavam várias mesas e em cada uma se jogava um jogo diferente. Mário ainda se lembra desses encontros.

Seabra fez faculdade de Belas Artes, mas não queria ser arquiteto. Tornou-se pintor. Seu veio criativo também encontrou vazão na publicidade.

Tendo vindo ao Brasil por razões políticas, na época do governo de Salazar, Seabra seguiu uma carreira publicitária de sucesso, tendo sua própria agência. Era uma espécie de agência das agências, que prestava serviço para outras agências de publicidade. Era uma maneira de possibilitar que agências pequenas tivessem criações de alto nível e que agências grandes pudessem se desafogar em momentos de excesso de trabalho. Funcionava como um departamento de criação terceirizado.

Seabra ganhou bastante dinheiro nessa fase da sua vida. Mas não estava satisfeito. Sentia que esse era um meio prostituído. Ter que se submeter aos clientes, engolir o que fosse. Como diz, “essa é a maneira de ganhar não apenas um milhão, mas também uma úlcera, duas hérnias...”

Um fato que poderia parecer sem conseqüência teve, nesse contexto uma importância particular. Em uma campanha para a Arno, Seabra criou um jogo que deveria ser distribuído como brinde a funcionários da empresa e clientes. Era um jogo baseado na história da Branca de Neve e dos 7 Anões.

Seabra percebeu que talvez aí tivesse uma direção alternativa. Poderia fazer algo de que gostava de uma maneira economicamente viável, ainda que não nos moldes em que estava acostumado. Isso foi há cerca de 35 anos.

Uma transição lenta teve início. Seabra foi diminuindo seu envolvimento com a publicidade, esperando que seus funcionários encontrassem outras oportunidades de emprego para que pudesse fechar o negócio.

Em 1974, lançou seus dois primeiros jogos pela Grow: Fuga e Emboscada. Esses foram os primeiros a serem publicados. Hoje, os jogos criados por Seabra passam de 1300.

Além dos jogos de tabuleiro, criou também muitos jogos empresariais. Só para o Citybank foram 14. Entre seus clientes havia vários bancos e multi-nacionais.

Seus rendimentos diminuíram, mas o nível de vida nem tanto. Se antes faturava, digamos, 900 e tinha 800 de despesas, passou a faturar 300 mas a ter só 50 de despesas. De modo que no final não saiu perdendo.

Ainda no final da década de 70, Seabra foi pivô de alguns acontecimentos que marcariam para sempre o mundo dos jogos no país. O primeiro foi a coordenação da coleção Todos os Jogos,  lançada em fascículos pela Editora Abril. Eram quase 30 fascículos com material sobre jogos clássicos, jogos de cartas e uma grande quantidade de outros jogos.

Na sequência, aproveitou a estrutura montada para o projeto para fundar um clube de jogos. Um casarão havia sido alugado, no bairro paulista da Liberdade, para a realização da coleção. Haviam sido reunidos um grande número de jogos e material de pesquisa. Tudo estava pronto para que abrisse as portas o Elo de Amadores de Jogos, um clube de todos os jogos, que se tornou um ponto de encontro para jogadores, criadores e toda espécie de interessados no assunto.

Há 18 anos, Seabra trocou São Paulo por Atibaia. Trocou a vida na cidade grande por uma vida mais tranqüila numa cidade que fica a cerca de 80 quilômetros da capital. Sua casa fica num bairro residencial da cidade. Um bairro que era tranquilo quando se mudou, mas que não é mais como antes. Hoje tem como vizinhos duas serralherias, uma escola, um hotel e uma pizzaria.

Além disso, Malu, sua esposa, envolveu-se com questões ambientais e tornou-se uma ativista e participante de destaque numa associação local de proteção aos animais. Começaram a acolher cachorros que precisavam de cuidados e a situação acabou saindo do controle. Hoje, eles têm em casa 84 cachorros e pouco sossego. É um dos motivos pelos quais Seabra parou de criar jogos e reduziu seus contatos sociais. Mas pode ser que seja apenas um afastamento temporário.



Jogos preferidos do autor

Conversa com Mário Seabra

Ludografia

 

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