|
|
SONHO RUSSO O
acordeón toca no isolamento, E' o expresso dos sni Tolstógo poema: DON ANTONIO MARAGNO LACERDA FOGUETE VEM EM AJUDA
Sobra
explicar que os foguetes balísticos são uma arma bem perigosa. Sem dúvida, utilizar as ogivas-padrão dos foguetes intercontinentais para o transporte dos meios de salvamento está fora da questão. A precisão é insuficiente: os erros podem situar-se na margem de 0,5 a 1 km. Mas, o que é principal é que a velocidade de aterrissagem é demasiado grande, oscilando de 0,5 a 1 km/seg. Daí, torna-se necessário o aperfeiçoamento das ogivas, mas não de todo o foguete. Em termos gerais, o esquema do transporte dos meios de salvamento por meio do foguete apresenta-se da seguinte maneira: o foguete é apontado para a região da calamidade. Os cálculos da trajetória devem ser precisos para que o projétil acerte o mais possível na área. No segmento final do vôo - normalmente, nas altitudes de 3 a 4 km - a ogiva adota a trajetória horizontal para poder voar, com a energia cinética acumulada e com o ângulo positivo de ataque mais 10-15 km até que a sua velocidade fique reduzida aos parâmetros do som. Só depois disso se separa da ogiva um aparelho com asas, dotado do motor e dos sistemas de pontaria e localização. Antes de se separar, as asas do foguete permanecem dobradas compactamente. Depois de expelido com a força, as asas se desdobram, o motor se põe em ação e todo o aparelho toma o rumo para a região da calamidade. Ao entrar nesta zona, adota o vôo à bordada ou em espiral nas altitudes de 20 a 50 metros. Os aparelhos óticos e de localização por rádio asseguram a elevada precisão de descarga. Uma vez que haja no lugar da calamidade os aparelhos de sinalização, a precisão da descida dos meios de salvamento aumenta mais. O aparelho pode ter uso múltiplo. Os parâmetros úteis de peso e dimensão mostram que eles podem equivaler a 30 por cento da massa da ogiva do foguete e chegar a umas quantas toneladas, dependentemente da capacidade do engenho. O esquema de prestar urgentemente os serviços de salvamento através dos foguetes balísticos proposto por especialistas russos pode constituir a base de um sistema global que conte com o apoio da ONU. Neste caso, parece racional vinculá-lo com subsistemas existentes de recepção de S.O.S. - digamos, semelhantes ao padrão internacional de KOSPAS-SARSAT. Tendo em conta a universalidade da instalação dos aparelhos de pronto-socorro - em cosmôdromos, bases militares, ou junto destas em diferentes países do mundo, ou em submarinos - as regiões de queda dos degraus desgastados terão de ser calculadas e determinadas em base da respectiva trajetória do vôo e do local de arranque. Em termos científicos e tecnológicos, a Rússia tem capacidades suficientes para materializar o projeto em questão. Os análogos da maior parte de blocos e módulos já existem e foram suficientemente ensaiados quando havia a necessidade de criar diversos aparelhos aeroespaciais, tanto de caráter militar como também científico e de pesquisa. Deste modo, os esforços dos projetistas e engenheiros têm que ser mais concentrados na criação das ogivas e dos aparelhos automáticos de salvamento. Este trabalho também não vai começar pela "tabula rasa". Uma das empresas russas, antigamente especializada na produção de munições para a aviação e reorientada para a produção civil, já é capaz de fabricar os módulos de salvamento ASK-500 que ajudam a sobreviver nas condições extremas, nas regiões de difícil acesso ou mesmo no alto mar. Por isso, a realização rápida do sistema fogueteril de emergência não provoca dúvidas nem do ponto de vista científico, nem quanto às capacidades de produção. RIA "Novosti" Yuri ZAITSEV*, chefe da Seção do Instituto de Pesquisas Espaciais da Academia de Ciências da Rússia Ponto de vista de Moscou
A Europa, pelos vistos, já tivera consciência sólida dos imperativos da segurança, mas é só agora que surgiu uma ameaça geral palpável e muito concreta que obrigou os europeus a consolidarem os esforços. Os conceitos da segurança européia e transatlântica indivisíveis adquiriram um sentido prático. Neste aspeto, o atentado de 11 de setembro foi, simultaneamente, um atentado contra a mentalidade estadounidense e contra o caráter unilateral e isolacionista da política dos EUA. Tronou-se evidente que a manutenção da segurança exige que os Estados Unidos se apoiem em seus parceiros, virando radicalmente a Administração Bush para a Rússia que já tinha sido excluída de uma lista de seus parceiros prioritários. A intensificação das relações Rússia-EUA, verificada ultimamente, levanta obstáculos consideráveis existentes na política da Rússia na Europa. Embora o diálogo político entre a Rússia e a Europa se tenha desenvolvido positivamente, este encontrava-se em dissonância cada vez maior com as relações russo-estadounidenses. O avanço da Europa no sentido da Rússia alcançou um limite o qual, caso ultrapassado, significaria um distanciamento em relação aos EUA. A cimeira Rússia -UE, realizada, em maio, demonstrou que os parceiros europeus dos EUA simplesmente não têm capacidade para dar esse passo apoiando, por exemplo, a esperança da Rússia de ter «relações especiais» com a UE na matéria de administração das crises. O círculo fechou-se. Depois dos acontecimentos no Kosovo, o diálogo russo-europeu no domínio da segurança transformou-se, principalmente, na compensação dos problemas existentes na relações entre a Rússia e os EUA/OTAN. O potencial deste diálogo era bastante limitado tendo sido o melhoramento qualitativo das relações Rússia-OTAN um instrumento do seu reforço. De qualquer maneira, era um processo impossível sem consideráveis mudanças positivas no diálogo russo-estadounidense. O novo contexto e o dinamismo destas relações após os atentados de 11 de setembro abrem largas possibilidades para o desenvolvimento dessas tendências. Os círculos políticos já colocaram a questão sobre uma eventual entrada da Rússia na OTAN. Embora estes planos sejam pouco realistas, a passagem das relações Rússia - OTAN para um nível mais elevado já foi posta na ordem do dia durante as últimas visitas de Vladimir Putin a capitais européias. Neste contexto, parecem lógicos os bons resultados de uma cimeira Rússia - UE, convocada em outubro, a qual aprovou uma decisão de elaborar um mecanismo de consultas permanentes na área da política e da segurança. Conseguirão ou não a Rússia e o Ocidente, em face de uma ameaça universal, ultrapassar os pontos fracos de suas relações, como o alargamento da OTAN, a Tchetchénia, o papel das organizações internacionais e o ABM? É cada vez mais claro que a situação nestas esferas está melhorando. Apesar de a Rússia não estar de acordo com a política de alargamento da OTAN, Vladimir Putin fez uma observação de maior importância: este processo não deve ter conseqüências destrutivas para as relações entre as partes. Trata-se, de fato, de uma única solução correta e construtiva - não lutar contra o alargamento da OTAN, mas sim, pelos interesses próprios, relacionados com o desenvolvimento das relações de parceria com o Ocidente e a OTAN, em particular, e a implantação de instrumentos conjuntos de elaboração e tomada de decisões e de concretização de uma política conjunta ou coordenada. O problema da Tchetchénia também é visto sob outro ângulo. A assessora do Presidente dos EUA para Segurança Nacional, Condoleezza Rice, declarou sem rodeios, que o seu país não pode lutar contra o terrorismo internacional no Afeganistão e, ao mesmo tempo, favorecê-lo na Tchetchénia. Uma «troca de opiniões» entre Moscou e seus parceiros europeus deu lugar a um apoio por parte da UE aos «esforços desenvolvidos pelo governo russo pela regularização política» da situação. Há cada vez mais hipóteses para alcançar um compromisso mutuamente aceitável no domínio do ABM, situação que não só se deve à vontade da Rússia e dos EUA a dinamizar as suas relações. Embora consolidada a convicção dos EUA sobre necessidade do ABM, a Rússia também obteve fundamentos de peso para compreender os parceiros. Passaram a ser mais consistentes os argumentos de Moscou que apela a Washington para negar atitudes unilaterais de combate a ameaças eventuais. A Rússia pode contar também, neste capítulo, com o apoio dos europeus e uma resposta positiva dos EUA. A colocação para segundo plano das contradições entre a Rússia e o Ocidente deve-se, é claro, ao brusco aumento da ameaça do terrorismo internacional. Assinala-se que «11 de setembro» não só não alterou a estratégia anterior da Rússia, mas também criou novas oportunidades para a sua concretização. O Presidente Putin apresentou ao Ocidente provas evidentes da vontade da Rússia de transferir as relações com a comunidade transatlântica para os trilhos de parceria estratégica concreta, e não só verbal. Trata-se de uma aposta muito alta que tira todos os argumentos a dissertações de que Moscou gostaria de tirar proveito do apoio prestado aos EUA (como o não-alargamento da OTAN, a renúncia ao ABM, o cancelamento das dívidas, etc.). No entanto, continua em aberto a questão até que ponto o Ocidente esteja disponível para ir ao encontro da Rússia? Até agora, o Ocidente fez os possíveis para obrigar a Rússia a ceder as suas posições, ou a Rússia se resistiu tenazmente provocando uma confrontação com o Ocidente. Estes dois fenômenos dificultam a integração da Rússia na Grande Europa e impedem que o país seja encarado como um parceiro estável e previsível do Ocidente. A recente alternativa formulada por Moscou reivindica alterar a lógica da cooperação. Desde que haja objetivos estratégicos comuns (a constituição de uma Europa unificada e a oposição às ameaças comuns), é preciso elaborar instrumentos de sua concretização. Caso o Ocidente esteja interessado na existência de uma Rússia democrática, deve substituir um diálogo doseado com a Rússia pela incorporação deste país no espaço e na comunidade democráticas. Foi esta a atitude que o Ocidente aplicou em relação aos países da Europa Central e de Leste e, mais cedo, em relação à Alemanha e Itália derrotadas. Depois dos atentados de 11 de setembro, as relações Rússia-Ocidente devem adquirir uma nova lógica, mas não se sabe ainda se a atual evolução seria estável ou não. Se o Ocidente não corresponder com reciprocidade à Rússia, a «parceira de nova qualidade» não passará de um mito, a insatisfação e desilusão voltarão a afastar Moscou do mundo ocidental, e as discrepâncias se tornariam ainda mais agudas. A pergunta - quem fica a perder - não faz sentido nenhum, já que as perdas serão notáveis dos dois lados. É importante, portanto, não perder tempo e aproveitar as novas oportunidades. Quando os acontecimentos trágicos de 11 de Setembro deixarem de ser encarados de uma forma tão doentia e quando forem tomadas medidas urgentes no sentido de conter o terrorismo internacional, o Ocidente e a Rússia já poderão ter esgotado as suas vontade e energia políticas necessárias para lançar os alicerces de uma parceira estratégica, a qual se aparenta tão importante e lógica no dia de hoje. É limitado o tempo destinado a uma nova linha articulada pelo Presidente da Rússia. Deve demonstrar resultados bem concretos para adquirir o estatuto de uma política oficial da Rússia. Será que os nossos parceiros estão disponíveis para trabalharem para esses resultados? RIA «Novosti» Dmitri DANILOV*, mestre em Economia, chefe do Departamento de Segurança Européia do Instituto da Europa da Academia de Ciências da Rússia
www.jornaldosmunicipios.jor.br |