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EDUCAÇÃO E SOCIEDADE
Apenas
5,8 milhões da população concluem a universidade
Apenas
5,8 milhões de brasileiros (3,43%) conseguem concluir o curso superior e, nesta
parcela da população que chega à universidade, a proporção de brancos é
cinco vezes maior que a de negros, pardos e indígenas. Mas, conforme os dados
sobre Educação divulgados hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), com base no Censo Demográfico 2000, a situação já avançou em relação
a 1991, quando somente 2,7% da população terminavam o curso superior.
Entre a população com 25 anos ou mais de idade que concluiu o nível superior,
o estudo mostra que 55% são mulheres. No entanto, entre os pós-graduados, os
homens representam 57%, o que, segundo o IBGE, é explicado pelo fato das
mulheres nesta faixa etária estarem no pico de sua fecundidade e, portanto,
dividindo seu tempo entre trabalho, estudo e
cuidados com a família.
Em relação aos cursos, a pesquisa revela que a maior parte (40%) dos que têm
nível superior, estão nas áreas de Ciências Sociais (Psicologia, Economia,
Comunicação), Administração e Direito. Depois, vem a área de saúde e
bem-estar social (Medicina, Odontologia, Enfermagem, Farmácia e Serviço
Social), e Educação.
[
02/12/2003 ] Agência Brasil
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Legenda da Foto :
Saudação aos Formandos !
A
universidade e as provocações necessárias
Ulisses Capozzoli
O ministro da Educacão, Cristovam Buarque, provocou um pequeno sismo quando
disse que no caso de uma intervenção militar na vida político-institucional
do Brasil, como aconteceu em 1964, não haveria resistência nas universidades.
Não conheço pessoalmente o ministro e já ouvi mais de uma versão sobre suas
posições. Mas devo dizer que aprecio suas idéias, certamente as mais
provocativas neste governo do PT. O ministro Buarque é um provocador e
provocadores, de modo geral, nunca foram bem aceitos pelos sistemas de poder. No
Brasil, temos uma acepção historicamente condicionada para a palavra
provocador. Invariavelmente associada a agentes oficiais infiltrados em
movimentos políticos com a clara intenção de produzir desestruturações e
perda de energia vital. Na origem latina provocare, com o sentido de "fazer
falar", que está na etimologia desta palavra, no entanto, o discurso é
outro. Provocar pode ser entendido literalmente como "fazer falar",
equivalente a "fazer pensar". Ninguém fala criativamente sem pensar.
Aposentadorias precoces
Falar e pensar são ações indissociáveis ? tanto quanto o tempo, no universo
einsteniano, não pode ser destacado do espaço. Falar-pensar e universo-tempo são,
por isso, contínuos inseparáveis. Por que não haveria resistência
intelectual na universidade neste momento, na provocação feita pelo ministro?
Os motivos consideráveis encheriam livros inteiros, mas na base de tudo
certamente está uma questão sugerida pelo ministro Buarque: A universidade está
vazia de criatividade, de idéias capazes de estimular iniciativas dentro da
sociedade. Por isso não tem resistência. Na universidade, as idéias são a
essência. Na ausência delas a universidade não faz sentido. Por que essa
apatia se espalhou pela universidade? Aqui também as razões históricas são
abrangentes e antigas. Mas novamente podem ser resumidas numa condição básica:
a universidade, neste momento, é uma enorme estrutura corporativa. Por que a
universidade se transformou numa estrutura corporativa? Talvez porque esteja
dominada por grupos de poder. O fato de isso estar ocorrendo, evidente não
torna toda a estrutura universitária condenável aos olhos de uma análise crítica.
Existem pessoas e grupos, no interior da universidade, interessados e
comprometidos com sua recriação intelectual. Esse movimento deve receber o
apoio da sociedade e este, certamente, é um resultado mais produtivo da provocação
do ministro. Para se discutir a situação da universidade, neste caso a
universidade pública no Brasil, certamente é inevitável uma distinção entre
o legal e o moral. Nem sempre o que é legal, do ponto de vista de um
certo estado de codificação das leis, é moralmente procedente. As leis,
diriam Rousseau e
toda uma legião de filósofos que analisaram essas relações, sempre codificam
em benefício de um sistema de poder. No interior de universidades, neste
momento, fundações com clientela externa faturam alto em benefício de poucos.
Esse é um exemplo de grupos de poder que se apoderaram do bem comum para
produzir resultados de interesses privados. Mas mesmo a estrutura de
aposentadorias na universidade pública deve ser de alguma forma radicalmente
transformada. Não é possível aceitar que professores com menos de 50 anos,
como tem acontecido, gozem desse benefício tão precocemente. Certamente as
aposentadorias precoces podem ser consideradas como algo perfeitamente legal.
Mas não são nada justificáveis de um ponto de vista moral.
Conta futura
Os trabalhadores intelectuais ? e os professores e pesquisadores universitários
são parte deles ? já desfrutam de um benefício negado a uma parcela
significativa da população. Têm acesso às idéias, à ciência, à
literatura. Têm acesso à cultura, no sentido de valores processados
intelectualmente por um conhecimento histórico que vai além dos limites do
espetaculoso e do sobrenatural. Na condição de favorecidos intelectualmente
devem estar comprometidos com a idéia de partilhar esse potencial estendendo
suas permanências na universidade. Essa é uma obrigação moral que pode ser
refutada com argumentos legais, mas nem por isso deixará de ser procedente. O
que é um país subdesenvolvido como o Brasil, levando-se em conta um conjunto
de valores relacionados ao desenvolvimento social? Um país subdesenvolvido é
uma nação que, mesmo com sua riqueza natural, não foi capaz de superar certas
restrições ligadas a valores culturais capazes de permitir um bem-estar desejável.
Entre eles o acesso a um sistema de valores que ampare a condição humana.
Desse sistema de valores fazem parte tanto bens materiais como intelectuais. O
ministro da Casa Civil, José Dirceu, disse na quinta-feira (4/12) que "o
pau vai comer", nos debates sobre a modernização da universidade e com
isso gerou um tremor secundário, na continuação do sismo principal provocado
pelo ministro. Zé Dirceu, como costuma ser chamado, tem defendido outras posições
menos aceitáveis. Entre elas a idéia de que o reajuste na tabela do imposto de
renda não leve em conta a inflação do período a que se refere. Certamente
algo que pode ter amparo legal. Mas moralmente é condenável. Não deveríamos
perder tempo e energia social com discussões dispensáveis como esta. Em relação
à reforma universitária, no entanto, o ministro da Casa Civil está, como se
costuma dizer, "coberto de razão". Se de fato quisermos a
universidade pública gratuita que, no Brasil, responde pela quase totalidade de
pesquisa científica, então "precisamos mudá-la", como defende
Dirceu. Até porque dados liberados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) e publicados pela mídia no início de dezembro mostram um
significativo avanço na expectativa de vida no Brasil. Desde 1980 o ganho foi
de 8,5 anos e isso fez com que, pela primeira vez, a tábua da vida, na
terminologia dos demógrafos, ultrapasse os 70 anos. Os bebês que nasceram no
ano passado têm expectativa de vida de 71 anos ? três meses a mais que os
nascidos em 2001. Pode-se dizer que esta é uma conta para o futuro. Mas pode-se
argumentar que ela considera a média da população, e os trabalhadores
intelectuais, como professores e pesquisadores universitários, estão bem
acima dessa média e já desfrutam de um nível de bem-estar social
desconhecidos pela maioria da população.
Espaço de formação
A mídia como um todo repercute esse debate como uma câmara de eco. Não são
nada freqüentes as reportagens capazes de apontar tendências em áreas tão
estratégicas para o desenvolvimento social quanto à produção nas
universidades. E os repórteres não fazem isso por falta de talento ou
desinteresse. A reportagem está morta. As empresas jornalísticas não querem
gastar dinheiro no que consideram dispensável. Cobre-se o cotidiano com a
esquizofrenia dos fatos desconjuntados e dá-se o trabalho por concluído. O que
significa que, como a universidade, também a mídia se ressente de uma profunda
reforma quanto à mentalidade dominante. Por isso há enorme frustração no
interior das redações. A realidade está inacessível à boa reportagem.
Trabalha-se por telefone, precariamente, com a ameaça de se perder o emprego
mais presente que nunca. Reforma da universidade certamente é uma mudança que
deve ocorrer no conjunto de um sistema de transformações. Como a reforma da
estrutura fundiária, a política de saúde e a determinação, a despeito de
toda crítica sarcástica e do erro puro e simples, de se eliminar a fome. Temos
uma tradição de bons educadores na história do Brasil. Anísio Teixeira,
Paulo Freire, Fernando de Azevedo e Darcy Ribeiro são alguns dos intelectuais
brasileiros que se envolveram profundamente com as perspectivas da educação.
Mas todos eles se depararam com o que Antonio Cândido, na introdução de uma
reedição de As ciências no Brasil, obra organizada por Fernando de Azevedo,
chamou de um legado ibérico nada recomendável. A Península Ibérica legou às
colônias "a mesma mentalidade hostil aos progressos de um novo tipo de
cultura". Daí o destaque que a mídia dá ao provocativo ministro Buarque
quando ele rejeita idéias como a redução da maioridade penal como solução
para a violência de jovens delinqüentes. Ao acenar com a perspectiva da
escola, mais ampla e duradoura, o ministro faz uma provocação que irrita o
pensamento sumário. Que os pais das vítimas, como os do casal de namorados
mortos recentemente na periferia de São Paulo, defendam medidas drásticas é
inteiramente compreensível. Estão tomados pela dor e não desejam que a experiência
que viveram se repita. Tirar os jovens da violência, no entanto, passa por uma
profunda reforma da universidade. Não só pela oferta de alternativas, algo que
a universidade é paga socialmente para fazer, mas também como espaço de formação,
tarefa a que ela não pode se furtar. Caso contrário, as decisões em seu
interior podem até ser legais. Mas são, de um ponto de vista ético,
profundamente condenáveis.
http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos/da091220031.htm
Desigualdade
ameaça democracia na América Latina
Documento
da OEA mostra que pobreza está generalizada na região
São
Paulo - Diagnóstico da Organização de Estados Americanos (OEA), entregue aos
chefes de Estado e de governo durante a Cúpula Extraordinária das Américas,
mostra que a pobreza e as desigualdades nos países da América Latina estão
generalizadas mesmo depois de profundas reformas econômicas realizadas nas duas
últimas décadas.
O documento da OEA, divulgado pelo secretário geral dessa organização, César
Gaviria, afirma que as altas taxas de pobreza e a extrema desigualdade na região
“socavam” a qualidade de vida de grandes setores da população e a
“confiança” dos cidadãos na economia de mercado. “Devido às deficiências
econômicas, as democracias (da região) estão ameaçadas”, diz o documento.
O diagnóstico, preparado pela OEA, faz um alerta sobre as conseqüências das
mudanças ocorridas na América Latina desde a primeira reunião de cúpula, em
abril de 2001, em Quebec, no Canadá. “A fragilidade política, o lento
crescimento econômico e as demandas sociais não atendidas são prioridades na
agenda das Américas”, diz o documento. O informe deixa claro que o maior
desafio para manter a estabilidade política na região, onde moram 550 milhões
de habitantes, é reduzir a pobreza e a desigualdade, além de uma melhor
redefinição sobre a distribuição de renda. “Hoje em dia, 220 milhões de
pessoas, que representam 44% da população latino-americana, vive na pobreza.
Desse número, 1/5 parte vive na extrema pobreza”, lembra a OEA. De acordo com
dados do Banco Mundial (Bird), os 10% mais ricos da população ficam com 48% da
renda, enquanto que os 10% mais pobres dividem apenas 1,6% de toda a riqueza.
Pior ainda, 57 milhões de pessoas na região estão desempregadas, enquanto que
outras 80 milhões fazem parte da economia informal. Em função desses números,
a OEA afirma que existem muitos perigos latentes e riscos potenciais que ameaçam
a governabilidade na região. Alguns dias antes de embarcar para Monterrey, o
assessor de Assuntos Internacionais do presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
Marco Aurélio Garcia, havia dito à Agência Estado que a pobreza era sim um
dos grandes problemas que poderia desestabilizar as economias na região e não
a eventual aliança entre Cuba e Venezuela, conforme acusava o Departamento de
Estado norte-americano. “O principal problema na região é a pobreza e, mesmo
depois de vários anos de reformas econômicas, os resultados esperados não se
concretizaram”, ressalta o documento da OEA.
Lula
: Não nascemos para ser pobres a vida toda
"Sul-americanos
não nasceram para ser pobres a vida toda", diz Lula O presidente Luiz Inácio
Lula da Silva afirmou no Uruguai, que os povos sul-americanos "não
nasceram" para ser pobres "a vida toda".
AG. EFE - 19:45 16/12 - "Poucas vezes como agora a América do Sul teve uma
auto-estima tão grande", disse Lula, que ratificou a conveniência de o
Mercosul fazer acordos comerciais com os Estados Unidos e a União Européia,
"mas sem perder de vista a importância de alianças" com países árabes,
a Ásia e a África. A América do Sul e seus povos "não nasceram para ser
pobres a vida toda", afirmou Lula na presença dos presidentes da
Argentina, Néstor Kirchner, e da Bolívia, Carlos Mesa. Lula fez essas afirmações
depois de participar em Montevidéu da cúpula do Mercosul e receber a chave da
capital uruguaia das mãos do prefeito, Mariano Arana. O Mercosul é integrado
por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, tendo Bolívia, Chile e, a partir de
hoje, Peru como países associados. Depois de falar sobre as "grandes mudanças"
ocorridas "ultimamente" na América do Sul com a chegada ao poder de
Kirchner (Argentina), Mesa (Bolívia) e, antes, Hugo Chávez (Venezuela), Lula
afirmou que "há mais coisas a serem mudadas", numa possível referência
às eleições do final de 2004 no Uruguai, motivando aplausos de vários líderes
da esquerda local presentes ao ato.
A coalizão de esquerda Frente Ampla, fundada em 1971, governa Montevidéu desde
1990 e, se as eleições presidenciais no Uruguai fossem hoje, ganharia pela
primeira vez o governo nacional sem necessidade de um segundo turno, segundo as
pesquisas.
Lula disse se sentir "feliz" na capital uruguaia, que foi "refúgio
para milhares de brasileiros" durante a "ditadura em meu país",
disse. "Esperamos mandar milhares de brasileiros (ao Uruguai), não por
problemas políticos, mas por turismo", disse Lula. O presidente afirmou
que o Mercosul foi "fortalecido" nos últimos tempos. "Foi
fundamental vencer as divergências históricas e contemporâneas" para ter
um Mercosul "sem desconfianças e sem temores", acrescentou.
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