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OPINIÕES PESSOAIS PLURITEMATICAS
AMBIENTE, NATUREZA E "NATUREZA" HUMANA A luta do homem contra a natureza é bem mais antiga do que luta do homem em favor da natureza tal como conhecemos hoje essa luta e, vindo a talhe de foice, será sempre bom perguntar se, de facto, a actual defesa da natureza contra o homem, ou da actuação do homem em relação à natureza, é, verdadeiramente, uma luta pela natureza ou a favor da natureza. Estas propositadas contradições verbais têm em vista sobretudo pôr o ênfase na questão de se vir a saber de que natureza se trata ou qual a natureza que se pretende defender quando se apresenta, de uma forma mais vincada, o homem, ou grupos de homens, como os principais culpados de agressões contra a natureza. Parece-nos líquido que, sendo - pelo menos aparentemente, ou de uma forma geral - o ser humano dentro de todos os seres ( e não seres ) da natureza o único conhecido como sendo dotado de raciocínio, que a sua responsabilidade é acrescida porque lhe cabe a grande tarefa ou desígnio de conduzir essa batalha da racionalidade contra o comportamento irracional dos seres e não seres existentes na natureza. E vivemos ( ou deveríamos viver ) na época da razão.
Por outro lado, será sempre bom esclarecer algo que por vezes tem sido esquecido: os factores culturais que influenciam e influenciaram o conjunto de atitudes que foram tomadas no passado e que são tomadas no presente têm entre si um ponto comum: todas elas se inserem num tempo histórico determinado e num grau de consciência cósmica determinado que lhe é consequente o que parecendo evidente nem sempre é trazido às discussões que são levadas quando se trata de defender ou de denunciar pretensos ou verdadeiros ataques contra a natureza neste caso inserida no termo "ambiente" ou "ecologia". Não vamos aqui alongarmo-nos muito sobre estes factos, e remetemos os leitores para a literatura apropriada, mas não podemos deixar de vincar de uma forma bem explícita aquilo que é, ao fim e ao cabo, o fio condutor deste trabalho. O homem sempre olhou a natureza pela sua própria óptica, o que nos parece evidente e inultrapassável, mas já nos parecerá menos evidente se dissermos que essa óptica nem sempre tem sido a mais consentânea com os interesses dos quais o próprio homem está num dado momento histórico consciente. Ou seja, e por mais claras palavras, nem sempre a consciência da necessidade de preservação do ambiente e da natureza lato sensu tem estado em conformação com a consciência das boas medidas para a preservação da natureza que a mente humana entende como sendo necessária. Assiste-se desde logo, e aqui, a uma contradição de consequências graves que, falseando, em termos lógicos, os comportamentos, ou aquilo que deveriam ser os comportamentos, nos coloca perante a eminência de pensarmos se, eventualmente, o homem não fará sair da sua mente, periodicamente, apenas aquilo e só aquilo que se refere à defesa da natureza e que lhe interessa defender nesses determinado período. Nada mais absurdo - haverá sempre quem diga: os interesses da natureza ou pela natureza são constantes e em aperfeiçoamento também constante. Aquilo que se diz hoje em defesa da natureza, que, eventualmente possa ser contraditório com aquilo que se disse ontem, ou há um século, deve-se exclusivamente aos avanços da ciência, do conhecimento e da técnica, que permitiram ( em conjunto ou separadamente naquilo que é separável ), esses avanços, e olhar assim, por uma óptica diferente e mais perfeita ( o que vem por último é sempre melhor, por regra ) aquilo que antes era visto de uma outra forma ( menos perfeita, portanto). De notar que este argumento não invalida em nada aquilo que dissemos atrás. A técnica, e os seus avanços, são feitos pelo homem, como se depreende, e mesmo sem desígnios secretos é fácil admitir que aquilo que é defendido hoje corresponde de uma forma geral à vontade deliberada do homem, hoje. Que fosse eventualmente impensável ontem, não sendo questão para secundarizar, é, no entanto, e dentro deste argumento acima enunciado, um justificativo, o enunciar de uma condição sine qua non que existe hoje e não existia ontem. Logo, e por uma mera operação lógica, admite-se que o diferente entre o ontem e o hoje, ou seja, entre o comportamento em face da natureza exigido ontem e o comportamento exigido hoje sendo melhor hoje que ontem ( ou há um século) foi pior ontem ( ou há um século ) ou que, mesmo não o tendo sido ( também há casos desses ) foi perdido como factor a considerar numa dada altura do hoje. Ou seja, e neste último caso, o espontâneo, o "natural" de ontem pode ser o racional de hoje. Será assim também fácil admitir a coexistência de formas de pensar de ontem ( ou de há um século ) com formas de pensar de hoje. A comunicação, a difusão, a cultura, a própria herança genética- a médio-longo prazo - não se processam em simultâneo para todas as pessoas e haverá sempre uma "avant-garde" que tem a função de puxar essa preciosa caleche do último grito do saber fazendo-a chocalhar entre as ruas das nossas vidas para nos despertar para a verdade, ou para essa verdade da qual ela se constitui como transportadora do último grito. E neste aspecto nem é preciso ir muito longe para arranjar exemplos: basta ver o nosso próprio comportamento de hoje, resultado, nem sempre ou quase nunca, de uma vontade deliberada de desconformidade. Mais, uma parte substancial dos infractores, daqueles que cometem as hoje consideradas infracções ( ou crimes, num grau mais elevado de culpabilidade e prejuízo ) contra a natureza o fazem, de uma forma geral, com a convicção que a sua solução praticada é aquela que mais de acordo está com a defesa do ambiente e da natureza. Quanta certeza e quanta culpa se não escondem sob o manto da perspectiva?! Neste último caso o factor humano é determinante. Coloca-se a natureza num plano e o homem noutra e, em face das questões, responde-se que existe conflito e necessidade de destrinça entre a defesa da natureza e a defesa do homem; se um deve sobrepor-se ao outro, se existe a possibilidade de compromisso, etc.. Chega-se assim à fácil conclusão de que a luta pela preservação da natureza não se faz, nem tem hipóteses de obter resultados, se não envolver um conjunto largo de componentes culturais e sociais. Nalguns casos este argumento serve para "chutar" para as calendas gregas a resolução do problema concreto em análise, mas não devemos confundir a árvore com a floresta e devemos pensar antes naqueles casos em que, de facto, se insinua um conflito entre o homem e a natureza e que há que decidir qual das duas posições prevalece. É claro que esta questão, ou esta decisão anunciada, implica uma análise aprofundada da questão. Não interessa sopesar apenas o evidente, o imediato. O que é bom hoje ( podendo ser desde logo mau amanhã por natureza da própria evolução da técnica ou das formas de pensar ) é contudo analisável com os elementos que se têm à mão e pode ser analisado em função de um futuro que se acredita vir a ter as mesmas regras que detemos hoje em mão.
Ou seja, uma pedreira, uma barragem, uma lixeira, não podem ser vistos no imediato e com os elementos de curto prazo que detemos na mão. Devemos, e temos a obrigação moral de pensar o futuro, ainda que ele possa mais tarde sair "furado" na nossa perspectiva extrapolante. Por isso, quais são as implicações futuras de uma pedreira, de uma barragem, de uma lixeira, da embalagem retornável ?! Não podemos socorrer-nos muito da história, nestas coisas do ambiente porque aquilo que se constrói hoje, de uma forma geral, podendo ter alguns anos de história noutros locais ainda não tem, grosso modo, os anos suficientes para assegurar uma análise histórica evolutiva com algum grau de segurança. Não faltam exemplos ( em todos ou quase todos os campos ) de soluções começadas e depois envergonhadamente retiradas. Temos, pois, que trabalhar em dois campos: no campo da provável certeza do histórico mas, sobretudo, inventar, ou seja, construir cenários. Uma dada acção, prejudica, por exemplo, o turismo, faz desaparecer o lince ibérico, afasta as populações "queimando" terrenos e interesses imobiliários ou outros de interesse público, tem a vantagem de diminuir o volume de resíduos, respectivamente. Isso é o evidente, sem dúvida nenhuma.
No outro lado da balança aparece o homem, o eterno contestante das acções que bolem com os seus interesses e com as suas filosofias próprias sobre a preservação da natureza ou sobre a sua marcha comum com a natureza e sobretudo os avaliadores do "preço" que custa, para eles, o respeito pela natureza. Que poderão até não ser o último grito da exemplificadora caleche referida atrás, mas que são, e serão sempre ( ou que deverão sempre ser ), respeitáveis. Essas posições não se compadecem com os "lateirismos" e as insinuações de alguns "defensores" da natureza. Estas questões não são para serem discutidas a tão baixo nível. Requerem interlocutores à altura, pessoas que tenham autoridade moral e técnica ( mas sobretudo autoridade cultural ) para apontar soluções e alternativas quando for caso disso. Não deixar cair a questão do ambiente e da preservação da natureza ao nível do subsolo é uma obrigação que as pessoas conscientes têm e que devem referir e não calar. Os epifenómenos, em direcções díspares, a que assistimos com alguma regularidade, não são, no fundo, mais que meros episódios de todo um processo que a nossa relatividade torna quantas vezes bem mais importante ou grande do que aquilo que na realidade temporal o são. Como factores históricos e culturais, que já referenciamos sumariamente no início, podemos desde agora precisar um bem complexo : o homem e a natureza ( lato sensu ) têm desde o início dos tempos travado entre si uma luta surda ( de certo modo ) em que um e uma tendem a predominar sobre o outro ou a outra, envolvendo-se esta luta de todo um enquadramento filosófico e ideológico nem sempre inocentemente construído. O necessário equilíbrio entre os dois componentes desta luta, parece-me - desde já o devo afirmar - longe de atingir o seu final, e parece-me que nem de outra forma este problema poderia ser encarado. A própria luta do homem contra a "sua" natureza, de ser humano, a sua vontade de se diferenciar do animal irracional, o frenetismo ou o "stress" que tende para a necessidade de se fazer uma diferenciação cada vez mais acentuada, todo este conjunto, longo na mente de qualquer ambientalista actual ( salvo as honrosas excepções ) influi de uma forma por vezes decisiva no nosso próprio comportamento e na nossa forma de encarar os problemas que a preservação da natureza nos coloca em termos técnicos. Considerada durante séculos como elemento de potencial inesgotável, e desconhecida no que se refere à sua extensão e complexidade, nada parecia mais fácil do que deixar vencer a tese de que aquilo que se não conhece por inteiro é, seguramente, tão grande e tão diverso quanto a nossa ignorância do restante. Ou seja, o inabarcável pelo facto de o ser, é, neste sistema de pensar, igualmente inesgotável. A depredação feita pelo homem, sobre o próprio homem e sobre a natureza na qual ele mesmo se inclui, quer o queira quer não, quer aceite ter disso consciência quer não o aceite, foi quase toda ela feita a partir deste sumário princípio. A água e o ar, até há bem poucos anos eram considerados como bens não escassos, ou seja, bens inesgotáveis, como se fosse autorizado ao homem, ou como se alguma vez tivesse sido dada "autorização" moral ( chamemos-lhe assim ) para extrapolar as suas convicções sobre aquilo que existe partindo de uma base abusiva. Já foi, pelo menos num aspecto, quando a propriedade privada foi definida no Código Napoleão como o direito de usar e abusar ( dela ). Certo parece ser, isso sim, e o nosso dia-a-dia acaba por o comprovar constantemente, que se de facto há alguma certeza é a de que, aquilo que se desconhece, ou que o homem desconhece, quer sobre a natureza quer sobre outra coisa qualquer, deve ser encarado precisamente no plano inverso; ou seja, deve ser encarado como um verdadeiro desconhecido, cujas delimitações são desconhecidas, e não como um desconhecido "optimisticamente" conhecido pela sua inabarcabilidade e inesgotabilidade. Um, dois, três, muitos, contavam ( conta-se ) os nossos antepassados, porque não tinham atingido ainda a possibilidade de contar até quatro. O "muitos" representava todos os números que iam de quatro ao infinito ( dos números que representavam coisas). Neste momento penso que é necessário adquirir a consciência de que se é possível calcular a possibilidade de os números serem infinitos, ou poderem estender-se até ao infinito, as coisas que eles podem vir a representar, essas, até prova em contrário, são infinitamente menores do que os números que se podem imaginar. Texto da responsabilidade de Daniel Silva -1910 Para regressar ao topo de pagina carregue aqui
Portugal e os portugueses estão extraordinariamente conscientes da ideia de que não devem ser considerados racistas. A balela salazarista da fusão de raças, sendo uma consequência da insipiência populacional de Portugal na sua relação com a capacidade de colonizar territórios, foi aproveitada por este pedagogo da reacção a todo o preço ( a pagar pelos outros ) para imagem de marca que, qual tatuagem, se agrega ao nosso corpo como se fosse para sempre. Outro caminho seguiram , é certo, os espanhóis neste campo colonizador. Trataram de vencer a ferro e fogo os povos " descobertos" que se lhe opunham e introduziram nas suas colónias elites nacionais que foram a semente das castas superiores que ainda hoje governam a América Latina. Não ficou o Brasil indemne a este processo, por contágio de vizinhança, acabando por apresentar hoje aquela mescla colonizadora que só as telenovelas parecem desconhecer. Os pretos descendentes de escravos, os mulatos descendentes dos soldados e dos emigrantes portugueses e da emigração menos bem sucedida, os brancos descendentes das elites e entourages das cortes acrescentados da descendência da emigração bem sucedida. Entretanto, e neste rectângulo que dizem estar à beira mar plantado, outra ideia teve de vencer muito antes do aparecimento das telenovelas. Nada de racismos (pelo menos declarados), mesmo que a genealogia dos outros povos culturalmente dominantes influísse e influa ainda hoje na mente dos portugueses. No meio, ou no extremo de todo este caldo cultural nacional que diz que, apesar de tudo, não somos racistas, os ciganos, força da sua miséria e da sua fraca capacidade reivindicativa limitam-se a ser tolerados e inscreve-se o seu comportamento dentro dos limites definidos pela tolerância. Para que se tolere algo é necessário que esse algo seja tolerado - verdade de La Palisse - o que implica a intervenção de dois factores distintos : o tolerado e o tolerante. Basta que um dos dois descambe no sistema de equilíbrio para que as coisas dêem para o torto. A génese da palavra " tolerar " não esconde a sua verdadeira realidade. Trata-se, nem mais nem menos, de suportar, ou seja, admitir algo que nos causa inconveniente, e essa admissão obtém-se por força de uma vantagem que compensa, mesmo que essa compensação seja apenas resultante da lei do menor esforço. Para esforços menores não estou no entanto eu que vivo numa zona onde existem abundantes acampamentos de ciganos. A chaga constante que é fornecer água, dar esmolas, oferecer pão, fruta, legumes, leite, etc. está a tornar-se dificilmente suportável. Os ciganos têm a ladainha das suas necessidades decorada num rol enorme que nos leva a repetir "não" vezes sem conta o que não tem outro efeito senão aperfeiçoar a continuidade da ladainha. Que desesperem aqueles que poderiam eventualmente pensar que eu estaria a escrever com a intenção escondida de solicitar que " intervenham as autoridades " - vulgo polícia, para correr com esse pessoal. Se eles eventualmente daqui saíssem iam para outro lado, como se deve compreender. Trata-se, sim, de ver o que têm as outras autoridades feito para resolver situações. Dadas municipalidades, sobretudo em períodos de campanha eleitoral , colocam uma torneira pública destinada a estas pessoas: como, durante o período inter-eleições alegadamente os ciganos estragaram a torneira nunca mais lá põem nenhuma. Desde que vivo na casa onde vivo ( há cerca de vinte anos ) já estraguei uma dezena de torneiras e tenho uma família mais reduzida do que qualquer acampamento de ciganos. É claro que vou à drogaria e compro outra logo que posso. Mas a Câmara terá condenado os ciganos de uma forma bem sumária: não se põe lá mais nenhuma e acabou-se até novas eleições. Depois, como os interesses imobiliários se voltam cada vez mais para dadas zonas e como se sabe que as fontes de água são condição sine qua non para que os acampamentos se mantenham em locais próximos alegadamente estragando o "ambiente", acrescenta-se esta razão de interesse superior. Trata-se de um raciocínio bem sumário, sem dúvida, mas extremamente discreto e eficaz. Corre-se com as pessoas, não à bastonada, mas por força da seca. Entretanto, e enquanto novos locais não aparecem para acampamento (e cada vez vão escasseando mais) dezenas de mulheres e de crianças calcorreiam as ruas com garrafões de plástico, bilhas, alguidares, chateando quem tem outras coisas que fazer sem que nem sempre seja compreendido. " Água não se nega a ninguém !" dizem! É verdade (!), existe o costume de se não negar um copo de água a quem tem sede, mas não está ainda introduzido o costume de se fornecer camiões deste líquido ( que será mais ou menos o consumo diário destas pessoas ). A Câmara, ou outras entidades relacionadas, entretanto, essas, vão lavando as mãos. Texto da responsabilidade de Daniel Silva-1923 Para regressar ao topo de página carregue aqui
Um responsável pela Educação , quando das suas primeiras intervenções após a sua tomada de posse, surpreendeu-me não me surpreendendo, quando afirmou que gostaria que os professores fossem " os poetas do ensino ". Era, em primeira análise, mais uma versão da conhecida " paixão" pelo Ensino que invariavelmente todos os responsáveis pelo sector afirmam ter não se esquecendo de "esquecer" que a palavra dada também, por vezes, se olha o dente. Mas, mesmo que a custo, é sempre bom dar o chamado benefício da dúvida a quem toma posições, calculando sempre que a prova real e esclarecedora só é produzida em tempo útil. Assim, esperamos tanto pela realização da paixão como temos esperado pela realização do poema. Há dezenas de anos. Contudo, habituados que estamos a conhecer a realidade do ensino através das suas manifestações expressivas e não através das suas manifestações político intencionais não deixámos também desde logo de pensar que, na melhor das hipóteses, o poema teria alguma dificuldade em impor-se. E teria alguma dificuldade em impor-se e em compor-se porque a corporação do ensino portuguesa está suficientemente ancorada nas suas verdades, tem escola que produz esporadicamente epifenómenos que nunca se voltam contra o fenómeno, sabe bastante dos seus alicerces e não dispensa essas sapatas sustentativas por nada deste mundo. Em termos poéticos - e para a construção do poema - lê Camões e lê Pessoa como gente grande, canta - é o termo - esta pátria lusitana até que os pulmões lhe doam, adora a sua posição de profeta e construtor dos futuros, e, se alguém como eu, tem o desplante de os procurar reduzir àquilo que considero ser a sua verdadeira dimensão, esta afirmação só pode provir de um campo: o campo da mais lastimosa ignorância sobre a temática do ensino. Breve, puxa-se dos galões, normalmente contados em anos de serviço efectivo e sem querer dizer que na inovação é que está o ganho só por ser inovação, certo me parece que existe alguma dificuldade em cortar amarras nestas correntes de leão. Daí que o poema professoral tenha uma relação tão estreita com a paixão: ambos se cumprem unicamente em termos ideais porque a realidade não permite supra – racionalismos; que aliás são extremamente convenientes e fáceis de afirmar se se não tem desde logo a intenção de mexer nada na questão, ideia que desde logo afastamos por constituir juízo de intenção. Assim, é claro que do discurso pós – posse à realidade posterior, a distância não se mede apenas em tempo: terá de medir-se também por aquilo que se prometeu fazer e não se fez, ou seja, mede-se em termos de tempo negativo decorrido; o poema tal como a " paixão" contabilizam-se em escala decrescente. Já há tempos tive oportunidade de escrever um texto explicativo sobre a relação existente entre esta ideia da unidade entre o poema e o ensino, desejando também que o sistema de ensino não continuasse um poder de capela sob pretexto de se mostrar - melhor ou pior explicitamente contra outro ou outros poderes de capela. Estranhamente, e ao contrário daquilo que eu esperava, verificou-se o inverso. De contra poder passa regularmente a corporação do ensino à sociedade do elogio mútuo, termo que tão gratas recordações trás ás elites "intelectuais" de todos os tempos. "A" analisa o trabalho de "B" que acha excelente, este por sua vez analisa o trabalho de "C" - que também acha excelente - e "C" analisa o trabalho de "A" e de "B" que acha ambos excelentes. Estranha mas não inovadora forma de ser alternativa, numa sociedade que apenas admite o número três para confirmação da existência dos dois anteriores. O Zero, que poderemos configurar como sendo a sociedade da qual somos parte integrante e formadora, não conta mesmo. Ora a realizável vida curta do projecto passional - poético adivinhava-se mesmo que essa extensão ( curta ) não fosse medida em metros específicos. Há muitas formas de desenhar projectos, de os levar até onde se possa, e de os deixar morrer mesmo que pareçam continuar a existir. Lamentável co ntudo é que se tenha dado azo à expectativa, sempre de responsabilidade do expectante, mas de alguma forma sugestionada pela promessa. Onde começa a responsabilidade daquele que espera (porque espera demais em relação àquilo que seria de esperar) e acaba a responsabilidade daquele que faz esperar (porque prometeu - ou não prometeu - demais) é normalmente traçado por uma linha de demarcação que, em termos éticos e jurídicos se define pela "obrigatoriedade de informar". Informou o promitente que a sua "paixão " iria ser a paixão de uns quantos para outros quantos?! Disse o promitente que, ao definir-se como alternativa apenas sabia contar até dois e que essa alternativa se processaria entre esses dois números?! No primeiro caso o termo é lato porque todas as alternativas, sejam elas de Ensino ou de outra coisa qualquer são sempre alternativas corporativas – o problema está no número e na qualidade daqueles que fazem parte da corporação que a alternativa define através do seu conteúdo. Não disse tudo o que devia saber na altura em que apenas era alternativa , mas se o não disse é porque não foi perguntado; assim a culpa é também daqueles que esperaram, entre os quais eu me incluo; interpretaram mal o termo " alternativa " ou não consideraram a hipótese da sua interpretação se restringir a duas hipóteses. Poderia eu (e deveria não devendo) estar-me pura e simplesmente borrifando para aquilo que foi prometido e sobre aquilo que se virá ou não a fazer. A minha vida pessoal e profissional não depende disto - da afirmação pública do meu descontentamento - e, comodamente, poderia instalar-me numa posição muito agradável, em termos psicológicos e físicos, que se adquire na posição proporcionada pela poltrona com banquinho à frente. Mas custa-me bastante assistir a um desmoronar lento mas progressivo do sistema de ensino, custa-me o não ver as coisas andarem, e custa-me mais ainda quando as coisas não andam porque as pessoas se " funcionalizaram " no sentido mais negativo do termo. Se em tempos se poderia falar na defesa do "tacho", neste momento o "tacho" é nalguns casos, um simples emprego cujo exercício não lava nem redime consciências. O tacho é exercido por esses que serão os homenzinhos verdes da nossa existência, os ficheiros secretos do pensamento humano, os demiurgos das nossas verdades passionais e poéticas, os eleitos que já nascem ensinados ou que são bafejados à posteriori pela quase divinização do dom da palavra / ensino. Breve são a nobreza que recebe de Deus ( se Deus existir para eles ) o poder de dizer. Não os abençoo porque não tenho esse poder e porque já estão por si mesmos abençoados mas aqui do planeta terra os saúdo, assim como saúdo aqueles que todos os dias, através de uma forma tão solidária e convincente, censuram a crítica protegendo a univocidade. Texto da responsabilidade de Daniel Silva/2310. Para regressar ao topo da página carregue aqui Para regressar à homepage carregue aqui
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