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ANTRAZ ATROZ

 

Estava no jardim (devastado)
pôr carbúnculos fosforescentes,
que laparoscopicamente,
se enfiaram pela garganta da terra,
matando as raízes, poemas,
prosa, orações, idéias,segredos.
Temas dos cadernos meus,
E mais alguma coisa,
ou menos.

Quando o carteiro bateu.
o meu nome leu,
avisando carta com antraz.
Abri-la, não fui capaz.

                                  

Um vírus de furúnculo,
movia o numero do remetente.
Fui passar a ferro; frito.
A carta tão insolente.

Rasguei uma pontinha,
para ver a bicharada mortinha.
                     
Dentro uma orelha
de burro de parelha.
Trazia estampado,
gravado a ferro,
um numero atroz.
Soltei bocaberta,
lancinante berro!.

 

                 

O numero do meu candidato,
que em tremendo barato,
no exótico Ceilão,
gastava o meu voto,
da ultima eleição.

Poema: Don Antonio Maragno Lacerda
Prêmio UNICEF 2001