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As Mãos

A mãe daquele profeta
prodigioso,o acompanhava
pelo atalho,
adorando-o com predileção.
As vicissitudes que a feriam,
não deviam perturbar-lhe
o trabalho.

À janela, com o olhar
perdido na distância,
pensando no filho exilado.
Depois à multidão
se aconchegava
consolando-se,
com cada palavra.

Quantas vezes desejava
correr, encontra-lo.
Consolar com ternura,
mas as obrigações fatais,
faziam-na afastar-se mais.

E ele sempre a lembrar,
os menores gestos,
das mãos onde fora
acalentado,
afagado e consolado.

E quando ela veio,
sentar-se ao seu lado,
esforçando-se para
num sorriso disfarçar
a perturbação.
Ele examinou aquela mão,
longa, e altiva,
que tinha toda
expressão virgem,
extraordinariamente viva.
Ansiava, queria,
perder-se beijando,
perdidamente aquela mão,
da pobre Maria.

Poema: DON ANTONIO MARAGNO LACERDA
Premio UNESCO.2oo1.
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