Site hosted by Angelfire.com: Build your free website today!

 

 

florbelaentrada  florbelatopo

Florbela Espanca 

NOVIDADES

MAPA DO SITE

BUSCA NO SITE

LITERATURA

POESIA

BIOGRAFIAS E BIBLIOGRAFIAS

ESPANÕL

FRANÇAIS

ENGLISH

OPINIOES

GRUPOS - GROUPS

FORUNS MIL

PAGINAS AMIGAS

FORUM BRAVENET

JORNAL DE PAREDE

CHATS

JOGOS

E-MAIL

INSERÇÃO DE SITES

MUNDO NOTICIAS

MOTORES DE BUSCA

DOWNLOADS

WEBMASTERS

TRADUCOES

LISTA DE AUTORES

SOLIDARIEDADE

LISTA DE LINKS

 

LIVRO DE VISITAS

 LIVRE D' OR

 GUESTBOOK

 

 

 

 

 

Independentemente da entrada de Florbela Espanca no classificador geral, como poeta, resolvemos abrir uma página especialmente dedicada a Florbela Espanca, onde encontraremos os seus poemas, antes sinalizados na referida página geral de poesia ( Poetas Mil ), mas também tudo aquilo que formos conseguindo encontrar sobre esta grande mulher.

Nesta página, para além dos sempre indispensáveis links, haverá textos transcritos de outros autores sobre a poetiza, mas também algo de nosso ( colaboradores ).

Note que a totalidade das poesias que temos de Florbela não está apenas nesta página. Para uma listagem completa ( dos poemas que temos neste site ou em ligação com outros ) veja Florbela, e para visitar alguns links sobre a mesma veja Links Florbela.

LISTA DE POETAS POR ORDEM ALFABÉTICA DO PRIMEIRO NOME

Temos ainda um texto sobre Florbela Espanca que denominámos de Ensaio cujos capítulos pode ver abaixo ou ler de seguida carregando logo no primeiro ( Introdução ao texto, etc.etc.).

INTRODUÇÃO AO TEXTO SOBRE FLORBELA ESPANCA

FACTORES ECONÓMICOS, SOCIAIS E PSÍQUICOS NO TEMPO DE FLORBELA

O PARNASIANISMO DE FLORBELA ESPANCA

FLORBELA E A DECADÊNCIA PORTUGUESA

FLORBELA E O SAUDOSISMO DAS NAUS

FLORBELA E O CÉPTICO MONTAIGNE

FLORBELA E O SUICÍDIO

FLORBELA VISTA POR NUNO JÚDICE

FLORBELA E O DONJUANISMO

FLORBELA E MARCO AURÉLIO

Américo Durão e «Soror Saudade»

A EPISTOLOGRAFIA DE FLORBELA

MARIANA ALCOFORADO E FLORBELA ESPANCA

FLORBELA E O FEMININO

Fumo

Florbela Espanca

Longe de ti são ermos os caminhos.
Longe de ti não há luar nem rosas,
Longe de ti há noites silenciosas,
Há dias sem calor, beirais sem ninhos!

Meus olhos são dois velhos pobrezinhos
Perdidos pelas noites invernosas...
Abertos, sonham mãos cariciosas,
Tuas mãos doces, plenas de carinhos!

Os dias são Outonos: choram... choram...
Há crisântemos roxos que descoram...
Há murmúrios dolentes de segredos...

Invoco o nosso sonho! Estendo os braços!
E ele é, ó meu Amor, pelos espaços,
Fumo leve que foge entre os meus dedos!...

Poemas de Florbela Espanca, Martins Fontes, 1996 - S. Paulo, Brasil

Regressar ao topo da página

Regressar ao índice de poetas mil

Regressar ao índice geral de poesia

Regressar à homepage

Supremo enleio

Florbela Espanca

Quanta mulher no teu passado, quanta!
Tanta sombra em redor! Mas que me importa?
Se delas veio o sonho que conforta,
A sua vinda foi três vezes santa!

Erva do chão que a mão
de Deus levanta,
Folhas murchas de rojo à tua porta...
Quando eu for uma pobre coisa morta,
Quanta mulher ainda! Quanta! Quanta!

Mas eu sou a manhã: apago estrelas!
Hás de ver-me, beijar-me em todas elas,
Mesmo na boca da que for mais linda!

E quando a derradeira, enfim, vier,
Nesse corpo vibrante de mulher
Será o meu que hás de encontrar ainda...

Poemas de Florbela Espanca, Martins Fontes, 1996 - S. Paulo, Brasil

Regressar ao topo da página

Regressar ao índice de poetas mil

Regressar ao índice geral de poesia

Regressar à homepage

Sem título

Florbela Espanca

Li um dia, não sei onde,
Que em todos os namorados
Uns amam muito, e os outros
Contentam-se em ser amados.

Fico a cismar pensativa
Neste mistério encantado...
Digo pra mim: de nós dois
Quem ama e quem é amado?...

Poemas de Florbela Espanca, Martins Fontes, 1996 - S. Paulo, Brasil

Regressar ao topo da página

Regressar ao índice de poetas mil

Regressar ao índice geral de poesia

Regressar à homepage

À morte

Florbela Espanca

Morte, minha Senhora Dona Morte,
Tão bom que deve ser o teu abraço!
Lânguido e doce como um doce laço
E como uma raiz, sereno e forte.

Não há mal que não sare ou não conforte
Tua mão que nos guia passo a passo,
Em ti, dentro de ti, no teu regaço
Não há triste destino nem má sorte.

Dona Morte dos dedos de veludo,
Fecha-me os olhos que já viram tudo!
Prende-me as asas que voaram tanto!

Vim da Moirama, sou filha de rei,
Má fada me encantou e aqui fiquei
À tua espera... quebra-me o encanto!

Sonetos, Paisagem Editora, 1982 - Porto, Portugal

Regressar ao topo da página

Regressar ao índice de poetas mil

Regressar ao índice geral de poesia

Regressar à homepage

Ódio?

Florbela Espanca

Ódio por ele? Não... Se o amei tanto,
Se tanto bem lhe quis no meu passado,
Se o encontrei depois de o ter sonhado,
Se à vida assim roubei todo o encanto...

Que importa se mentiu? E se hoje o pranto
Turva o meu triste olhar, marmorizado,
Olhar de monja, trágico, gelado
Como um soturno e enorme Campo Santo!

Ah! nunca mais amá-lo é já bastante!
Quero senti-lo d’outra, bem distante,
Como se fora meu, calma e serena!

Ódio seria em mim saudade infinda,
Mágoa de o ter perdido, amor ainda.
Ódio por ele? Não... não vale a pena...

Poemas de Florbela Espanca, Martins Fontes, 1996 - S. Paulo, Brasil

Regressar ao topo da página

Regressar ao índice de poetas mil

Regressar ao índice geral de poesia

Regressar à homepage

Que importa?...

Florbela Espanca

Eu era a desdenhosa, a indiferente,
Nunca sentira em mim o coração
Bater em violência de paixão,
Como bate no peito à outra gente.

Agora, olhas-me tu altivamente,
Sem sombra de desejo ou de emoção,
Enquanto as asas loiras da ilusão
Abrem dentro de mim ao sol nascente.

Minh'alma, a pedra, transformou-se em fonte;
Como nascida em carinhoso monte,
Toda ela é riso e é frescura e graça!

Nela refresca a boca um só instante...
Que importa?... Se o cansado viandante
Bebe em todas as fontes... quando passa?...

Poemas de Florbela Espanca, Martins Fontes, 1996 - S. Paulo, Brasil

Regressar ao topo da página

Regressar ao índice de poetas mil

Regressar ao índice geral de poesia

Regressar à homepage

Fanatismo

Florbela Espanca

Minh’alma, de sonhar-te, anda perdida.
Meus olhos andam cegos de te ver!
Não és sequer razão do meu viver,
Pois que tu és já toda a minha vida!

Não vejo nada assim enlouquecida...
Passo no mundo, meu Amor, a ler
No misterioso livro do teu ser
A mesma história tantas vezes lida!

"Tudo no mundo é frágil, tudo passa..."
Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina fala em mim!

E, olhos postos em ti, digo de rastros:
"Ah! Podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como Deus: Princípio e Fim!..."

Poemas de Florbela Espanca, Martins Fontes, 1996 - S. Paulo, Brasil

Regressar ao topo da página

Regressar ao índice de poetas mil

Regressar ao índice geral de poesia

Regressar à homepage

Loucura

Florbela Espanca

Tudo cai! Tudo tomba! Derrocada
Pavorosa! Não sei onde era dantes.
Meu solar, meus palácios, meus mirantes!
Não sei de nada, Deus, não sei de nada!...

Passa em tropel febril a cavalgada
Das paixões e loucuras triunfantes!
Rasgam-se as sedas, quebram-se os diamantes!
Não tenho nada, Deus, não tenho nada!...

Pesadelos de insónia, ébrios de anseio!
Loucura a esboçar-se, a enegrecer
Cada vez mais as trevas do meu seio!

Ó pavoroso mal de ser sozinha!
Ó pavoroso e atroz mal de trazer
Tantas almas a rir dentro da minha!


Sonetos, Paisagem Editora, 1982 - Porto, Portugal

Regressar ao topo da página

Regressar ao índice de poetas mil

Regressar ao índice geral de poesia

Regressar à homepage

Nihil novum

Florbela Espanca

Na penumbra do pórtico encantado
De Bruges, noutras eras, já vivi;
Vi os templos do Egipto com Loti;
Lancei flores, na Índia, ao rio sagrado.

No horizonte de bruma opalizado,
Frente ao Bósforo errei, pensando em ti!
O silêncio dos claustros conheci
Pelos poentes de nácar e brocado...

Mordi as rosas brancas de Ispaã
E o gosto a cinza em todas era igual!
Sempre a charneca bárbara e deserta,

Triste, a florir, numa ansiedade vã!
Sempre da vida ? o mesmo estranho mal,
E o coração ? a mesma chaga aberta!

Poemas de Florbela Espanca, Martins Fontes, 1996 - S. Paulo, Brasil

Regressar ao topo da página

Regressar ao índice de poetas mil

Regressar ao índice geral de poesia

Regressar à homepage

Suavidade


Florbela Espanca

Pousa a tua cabeça dolorida
Tão cheia de quimeras, de ideal,
Sobre o regaço brando e maternal
Da tua doce Irmã compadecida.

Hás-de contar-me nessa voz tão qu'rida
A tua dor que julgas sem igual,
E eu, pra te consolar, direi o mal
Que à minha alma profunda fez a Vida.

E hás-de adormecer nos meus joelhos...
E os meus dedos enrugados, velhos,
Hão-de fazer-se leves e suaves...

Hão-de pousar-se num fervor de crente,
Rosas brancas tombando docemente,
Sobre o teu rosto, como penas de aves...

Poemas de Florbela Espanca, Martins Fontes, 1996 - S. Paulo, Brasil

Regressar ao topo da página

Regressar ao índice de poetas mil

Regressar ao índice geral de poesia

Regressar à homepage

O teu olhar

Florbela Espanca

Passam no teu olhar nobres cortejos,
Frotas, pendões ao vento sobranceiros,
Lindos versos de antigos romanceiros,
Céus do Oriente, em brasa, como beijos,

Mares onde não cabem teus desejos;
Passam no teu olhar mundos inteiros,
Todo um povo de heróis e marinheiros,
Lanças nuas em rútilos lampejos;

Passam lendas e sonhos e milagres!
Passa a Índia, a visão do Infante em Sagres,
Em centelhas de crença e de certeza!

E ao sentir-se tão grande, ao ver-te assim,
Amor, julgo trazer dentro de mim
Um pedaço da terra portuguesa!

Regressar ao topo da página

Regressar ao índice de poetas mil

Regressar ao índice geral de poesia

Regressar à homepage

Exaltação

Florbela Espanca

Viver! Beber o vento e o sol!... Erguer
Ao céu os corações a palpitar!
Deus fez os nossos braços pra prender,
E a boca fez-se sangue pra beijar!

A chama, sempre rubra, ao alto, a arder!...
Asas sempre perdidas a pairar,
Mais alto para as estrelas desprender!...
A glória!... A fama!... O orgulho de criar!...

Da vida tenho o mel e tenho os travos
No lago dos meus olhos de violetas,
Nos meus beijos extáticos, pagãos!...

Trago na boca o coração dos cravos!
Boémios, vagabundos, e poetas:
- Como eu sou vossa Irmã, ó meus Irmãos!...

Regressar ao topo da página

Regressar ao índice de poetas mil

Regressar ao índice geral de poesia

Regressar à homepage

Tortura

Florbela Espanca

Tirar dentro do peito a Emoção,
A lúcida Verdade, o Sentimento!
– E ser, depois de vir do coração,
Um punhado de cinza esparso ao vento!...

Sonhar um verso de alto pensamento,
E puro como um ritmo de oração!
– E ser, depois de vir do coração,
O pó, o nada, o sonho dum momento...

São assim ocos, rudes, os meus versos:
Rimas perdidas, vendavais dispersos,
Com que eu iludo os outros, com que minto!

Quem me dera encontrar o verso puro,
O verso altivo e forte, estranho e duro,
Que dissesse, a chorar, isto que sinto!!

Sonetos, Paisagem Editora, 1982 - Porto, Portugal

Regressar ao topo da página

Regressar ao índice de poetas mil

Regressar ao índice geral de poesia

Regressar à homepage

Navios-fantasmas


Florbela Espanca

O arabesco fantástico do fumo
Do meu cigarro traça o que disseste,
A azul, no ar, e o que me escreveste,
E tudo o que sonhastes e eu presumo.

Para a minha alma estática e sem rumo,
A lembrança de tudo o que me deste
Passa como o navio que perdestes,
No arabesco fantástico do fumo...

Lá vão! Lá vão! Sem velas e sem mastros,
Têm o brilho rutilante de astros,
Navios-fantasmas, perdem-se a distância!

Vão-me buscar, sem mastros e sem velas,
Noiva-menina, a doidas caravelas,
Ao ignoto País da minha infância...

Poemas de Florbela Espanca, Martins Fontes, 1996 - S. Paulo, Brasil

Regressar ao topo da página

Regressar ao índice de poetas mil

Regressar ao índice geral de poesia

Regressar à homepage

Toledo

Florbela Espanca

Diluído numa taça de oiro a arder
Toledo é um rubi. E hoje é nosso!
O sol a rir... Vivalma... Não esboço
Um gesto que me não sinta esvaecer...

As tuas mãos tacteiam-me a tremer...
Meu corpo de âmbar, harmonioso e moço,
É como um jasmineiro em alvoroço
Ébrio de sol, de aroma, de prazer!

Cerro um pouco o olhar, onde subsiste
Um romântico apelo vago e mudo
- Um grande amor é sempre grave e triste.

Flameja ao longe o esmalte azul do Tejo...
Uma torre ergue ao céu um grito agudo...
Tua boca desfolha-me num beijo...

Poemas de Florbela Espanca, Martins Fontes, 1996 - S.Paulo, Brasil

Regressar ao topo da página

Regressar ao índice de poetas mil

Regressar ao índice geral de poesia

Regressar à homepage

À vida

Florbela Espanca

É vão o amor, o ódio, ou o desdém;
Inútil o desejo e o sentimento...
Lançar um grande amor aos pés de alguém
O mesmo é que lançar flores ao vento!

Todos somos no mundo "Pedro Sem",
Uma alegria é feita dum tormento,
Um riso é sempre o eco dum lamento,
Sabe-se lá um beijo de onde vem!

A mais nobre ilusão morre... desfaz-se...
Uma saudade morta em nós renasce
Que no mesmo momento é já perdida...

Amar-te a vida inteira eu não podia,
A gente esquece sempre o bom de um dia.
Que queres, meu Amor, se é isto a vida!

Poemas de Florbela Espanca, Martins Fontes, 1996 - S. Paulo, Brasil

Regressar ao topo da página

Regressar ao índice de poetas mil

Regressar ao índice geral de poesia

Regressar à homepage

Se tu viesses ver-me...

Florbela Espanca

Se tu viesses ver-me hoje à tardinha,
A essa hora dos mágicos cansaços,
Quando a noite de manso se avizinha,
E me prendesses toda nos teus braços...

Quando me lembra: esse sabor que tinha
A tua boca... o eco dos teus passos...
O teu riso de fonte... os teus abraços...
Os teus beijos... a tua mão na minha...

Se tu viesses quando, linda e louca,
Traça as linhas dulcíssimas dum beijo
E é de seda vermelha e canta e ri

E é como um cravo ao sol a minha boca...
Quando os olhos se me cerram de desejo...
E os meus braços se estendem para ti...

Florbela Espanca, Livraria Martins Fontes Editora, 1996 - S.Paulo, Brasil

Regressar ao topo da página

Regressar ao índice de poetas mil

Regressar ao índice geral de poesia

Regressar à homepage

Eu...

Florbela Espanca

Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho, e desta sorte
Sou a crucificada... a dolorida...

Sombra de névoa ténue e esvaecida,
E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida!...

Sou aquela que passa e ninguém vê...
Sou a que chamam triste sem o ser...
Sou a que chora sem saber por quê...

Sou talvez a visão que Alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo pra me ver,
E que nunca na vida me encontrou!

Florbela Espanca, Livraria Martins Fontes Editora, 1996 - S.Paulo, Brasil

Regressar ao topo da página

Regressar ao índice de poetas mil

Regressar ao índice geral de poesia

Regressar à homepage

Horas rubras

Florbela Espanca

Horas profundas, lentas e caladas
Feitas de beijos sensuais e ardentes,
De noites de volúpia, noites quentes
Onde há risos de virgens desmaiadas ...

Oiço as olaias rindo desgrenhadas...
Tombam astros em fogo, astros dementes,
E do luar os beijos languescentes
São pedaços de prata p' las estradas...

Os meus lábios são brancos como lagos...
Os meus braços são leves como afagos,
Vestiu-os o luar de sedas puras...

Sou chama e neve branca e misteriosa...
e sou, talvez, na noite voluptuosa,
Ó meu Poeta, o beijo que procuras!

Sonetos, Paisagem Editora, 1982 - Porto, Portugal.

Regressar ao topo da página

Regressar ao índice de poetas mil

Regressar ao índice geral de poesia

Regressar à homepage

Noite de saudade


Florbela Espanca

A Noite vem poisando devagar
Sobre a Terra, que inunda de amargura...
E nem sequer a benção do luar
A quis tornar divinamente pura...

Ninguém vem atrás dela a acompanhar
A sua dor que é cheia de tortura...
E eu oiço a Noite imensa soluçar!
E eu oiço soluçar a Noite escura!

Porque és assim tão escura, assim tão triste?!
é que, talvez, ó Noite, em ti existe
Uma saudade igual à que eu contenho!

Saudade que eu sei donde me vem...
Talvez de ti, ó Noite!... Ou de ninguém!...
Que eu nunca sei quem sou, nem o que tenho!

Poemas de Florbela Espanca, Martins Fontes, 1996 - S. Paulo, Brasil

Regressar ao topo da página

Regressar ao índice de poetas mil

Regressar ao índice geral de poesia

Regressar à homepage

Ser poeta

Florbela Espanca

Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!

É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!

É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!

E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!

Florbela Espanca, Livraria Martins Fontes Editora, 1996 - S.Paulo, Brasil

Regressar ao topo da página

Regressar ao índice de poetas mil

Regressar ao índice geral de poesia

Regressar à homepage

 

 

 

 


UK Web Hosting

Desde 25 de Outubro 2003 e quando o contador Bravenet apresentava cerca de 72.500 visitas