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Wladimir Herzog

 

O ridículo é o mais desapiedado,
assassino da liberdade.
Nenhuma paixão lhe resiste,

e diante dele se curvam ,
todas as forças da terra.
Wladimir foi tirado do trabalho criativo.


Da lida jornalística soborosa,
para fazer história,
Na mais alta e ignominiosa,
glória da vida.
Sabia pra onde ia.
Um lugar da artilharia dura,


Compactuada com sotaina escura,
onde de se renuncia à democracia,
pelos hinos da revolução obscura.
DOI, onde o amor à liberdade,
era morto, sepultado, ou arquivado.


Onde a realidade nua e crua,
dava eletrochoques,tortura, enfim,
um enforcamento simulado.
E' punido! Punido cruelmente!
Simulam um suicídio; de joelhos.
Ele que queria tanto viver,lutar,
Se para isto bastasse levantar.


E' uma desonra e uma calúnia,
à natureza humana.
Montam um espetáculo.
Um espanto! com cenaristas da época.
Um cinto, lhe passa pela garganta.


E se não bastasse, anos depois,
outra montagem em preto-e-branco.
Esta é a paga pelo seu amor pátrio,
pelo amor soberano `a liberdade.
Uma grandiosa desfeita.


Um Chanucá para que ascenda o ano inteiro,
as luzes da fraternidade!
Enquanto o Brasil se ajeita.
E' imortalizado fraternalmente,
para o presente e para o futuro.
Um confronto com o passado,


com o presente e com o porvir.
Falta alguma coisa, senhores!
Para este que enfrentou choques,
nas procelas,e horrores?
Falta a nossa memória!
Colocamos no simulacro uma parcela.
e com isto nos contentamos.


Cúmplices, isto que somos!
Mas tenho um alvo.
Todas alegrias!
Aos vivos.
E aos insanos.
Conservar dele as energias.


Devemos transforma-lo em larga síntese.
Num monumento eloqüente.
Estilo hebreu, monumental,
pôr ser ecumênico.
Onde jovens e velhos pudessem se levantar,


E erguer os olhos, com afeição.
Não será a lágrima,
por este valente,
a mais obscura gratidão?


 

Don Antonio Maragno Lacerda
PREMIO UNESCO 2001