D'Annunzio nasceu em Pescara em 1863. Seu pai era um rico proprietário, de péssimo caráter, colérico e gastador. Ele sabia que Gabriele (terceiro de cinco filhos) possuía dotes de inteligência não comuns. Foi por isso que quando o menino compôs uma obra em poesia, quando tinha apenas 16 anos, pagou do seu bolso para que fosse publicada com o titulo de Primo Vere. Gabriele era tanto orgulhoso de seu trabalho que enviou uma copia para Giosuè Carducci, na época o mais aclamado poeta italiano. Depois
de adquirir a maturidade clássica (2º grau) o jovem D'Annunzio se transferiu
para Roma, para se inscrever na faculdade de Direito, mas na realidade
seu objetivo verdadeiro era aquele de gozar a vida. Muitos se comportavam ou
se vestiam como ele, imitavam-no nas aventuras amorosas, no luxo desenfreado,
nos modos excêntricos, e as mulheres morriam de amores por ele. Esta fama
satisfazia plenamente ao D'Annunzio. Abandonada a esposa e os três filhos,
atirou-se numa longa serie de aventuras amorosas. A mais famosa destas
paixões foi aquela que ligou o Poeta à grande atriz Eleonora Duse. Com as Canzoni delle gesta d'oltremare ele havia já exaltado a empresa da Líbia sustentando-a com muito entusiasmo: ele obviamente se pronunciaria agora em favor da intervenção italiana na primeira guerra mundial. D'Annunzio voltou para Itália triunfalmente: na estação ferroviária de Roma uma multidão de 80.000 pessoas estava esperando por ele. Falou no Campidoglio
inflamando os ouvintes, sustentando a necessidade da intervenção imediata
na primeira guerra mundial, definindo o neutralista Giolitti como chefe dos
malfeitores e beijando teatralmente a espada que tinha pertencido ao "garibaldino"
Nino Bixio. O interesse de D'Annunzio pela política começou em 1897, quando
foi eleito deputado pela direita. Ele
se inspirava no mito do super-homem, a quem tudo é permitido, a quem tudo
é devido. Naqueles anos esse mito era muito difundido na Europa entre
pensadores e filósofos, e era percebido por D'Annunzio em sentido profundamente
reacionário, e o aplicava a si mesmo na vida de cada dia. Ele aceitou, mas foi derrotado.
Em 1915 ele insistiu para ser enviado em primeira linha, possivelmente na
nova arma, a aviação, que excitava muito sua fantasia. Durante uma amaragem
de emergência com seu hidravião foi ferido num olho e forçado à imobilidade
no escuro mais total. Nessa ocasião ditou uma de suas obras mais bonitas,
o Notturno.
No mês de fevereiro de 1918, D'Annunzio ideou um feito muito espetacular,
que passaria à história com o nome de Beffa di Buccari (Burla
de Buccari). Eis
o testo de uma das mensagens deixadas : Para desonra
da acautelada frota austríaca, ocupada em gloriar-se sem fim pela pequena
gloria de Lissa dentro de portos seguros, chegaram, com ferro e fogo,
a abalar a prudência em seu cômodo refugio, os marinheiros da Itália,
que riem-se de qualquer tipo de redes ou grades, sempre prontos a OUSAR
O IMPOSSÍVEL. Com eles, em 19 de setembro
de 1919, ele saiu de Ronchi, entre Gorizia e Monfalcone, a bordo de um carro
Fiat seguido por 26 caminhões entupidos de rebeldes fanáticos, e de soldados
do exercito regular. Ocupada Fiume, D'Annunzio sustentava o slogan Fiume
nossa e Dalmazia nossa,
mas não tinha as idéias claras. Ele se auto nomeou Comandante e conduzia,
como sempre, uma vida luxuosa e desordenada. Fiume
tornou-se um problema internacional e D'Annunzio recusou-se a abandonar
a cidade, como pedia o governo italiano. Finalmente, em novembro de 1920,
foi assinado o Tratado de Rapallo, que fixava definitivamente as fronteiras
entre Itália e Iugoslávia, e estabelecia que Fiume se tornasse cidade
autônoma. Assim Fiume foi atacada pelas tropas governamentais. Aconteceram
vários confrontos com 36 mortos. No dia 28 de dezembro a cidade se rendeu:
a aventura de Fiume se concluía sem gloria. Ele mostrava-se somente
por pouco tempo através de uma janelinha, depois de ter deixado as pessoas
esperar por muito tempo, e as vezes nem aparecia.
No Vittoriale passou o resto de sua vida, oprimido nos primeiros tempos
pelo habitual problema das dividas, que finalmente em 1926 foi resolvido
pelo Instituto
Nacional pela publicação de todas as obras de Gabriele D'Annunzio,
fundado também com o objetivo de ajudar o poeta com um salário mensal.
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Gabriele D'Annunzio Gênio a Ferro e Fogo Giuseppe Ulivi
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